Auto biografia artística virtual. Registros de eventos, resenhas, desenhos, crônicas, contos, poesia marginal e histórias vividas. Tudo autoral. Quando não, os créditos serão dados.

Qualquer semelhança com a realidade é verdade mesmo.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz 2011?

Nesta época do ano proliferam-se as mensagens de boas novas.  Sorrisos são estampados com determinada imposição.  Parece não existir problemas e todo mundo aparenta amor para com o próximo numa plasticidade digna de Tarcísio Meira em seus piores momentos.  Como diria um certo poeta do rock brasileiro: “...tudo tão legal de se admirar.  Tudo alto astral.  Acho que vou vomitar”.  Abaixo um paralelo entre a utopia padronizada e a realidade vigente.
A FALSIDADE:
1) Parentes, amigos e colegas de trabalho trocam apertos de mão, tapinhas nas costas e sorrisos com as frases: “Feliz Natal”; “Feliz ano novo”; “Boas festas” ou “Tudo de bom pra você”;
2) Presentes são comprados para as pessoas mais próximas sem a preocupação de custos;
3) Todos participam de amigo oculto, mesmo sem conhecer direito as pessoas envolvidas;
4) Enfeites natalinos se espalham por vários ambientes;
5) Sempre surge uma promessa de melhora para o próximo ano.  Parar de fumar, praticar exercícios físicos, fidelidade no relacionamento e se dedicar integralmente a trabalho e estudo são os mais corriqueiros;
6) Algum trabalho voluntário, grupo de apoio ou filantropia há de ser exaltado;
7) Roupas novas teem de ser compradas para tais datas e a aparência estética tem de sofrer alguma mudança;
8) Todos ficam mais cristãos.  Igrejas e missas entram na agenda;
9) Fartura em bebida e comida para celebrar as comemorações;
10) Tudo é enfatizado como novidade que trará uma grande mudança para melhora em todos os aspectos.

A REALIDADE:
1) Dentre parentes, amigos e colegas de trabalho, sempre teem aqueles que querem te derrubar e desejam o pior pra você.  Alguns tapinhas nas costas são facadas disfarçadas.  As frases de boas novas são idênticas para todas as pessoas e os sorrisos artificiais na obrigação de serem dados;
2) Quando acaba o 13° ou quando chega a conta do cartão de crédito, percebe-se que não valeu a pena comprar tudo aquilo no qual boa parte será esquecida num canto e sempre tem algo que é recebido com velho sorriso falso e o pensamento: “Pra que eu quero essa porcaria?” ou “Nunca vou usar essa merda”;
3) Os presentes trocados nunca são equivalentes.  Quase sempre você tira uma pessoa que não lhe quer bem e vice versa ou que guarda algum rancor.  Não tem coisa mais imbecil do que as tentativas idiotas de adivinhação: “O meu amigo oculto é assim e assado”;
4) Não interessa se o consumo de energia aumentará.  Até os eco xiitas ignoram seus fundamentalismos e usam lâmpadas aos milhares.  Todos os anos serão comprados novos enfeites.  Reaproveitar os do ano passado, nunca;
5) As promessas nunca são cumpridas e se repetem todo final de ano.  Quando são feitas, o subconsciente sabe que elas não serão cumpridas;
6) APAE, Greenpeace, WWF, Sea Shephered etc.  Seja qual for a entidade, tem seus voluntários que seguem cegamente ordens (como ovelhas de um rebanho) dadas por dirigentes intocáveis que só se preocupam com o status pessoal e suas rentabilidades.  Toda ONG ou entidade filantrópica grande é corrupta e tem coleguismo, teste de sofá, drogas e outras podridões equivalentes, contudo, manteem a fachada filosófica;
7) O consumismo é imperativo.  Reaproveitar do ano passado, jamais.  O que vale é mostrar-se novo com a falsa evidência de que tudo será renovado, preferencialmente despertando inveja e comentários alheios, sendo que na verdade é apenas mais do mesmo e que tudo voltará a se repetir;
8) Ninguém lembrará que aquele padre no púlpito é o mesmo envolvido no escândalo de pedofilia.  Todos falam de Jesus Cristo, mas negam que o fanático era tão humano e errante quanto o bêbado caído na esquina;
9) Alcoolismo, gula e obesidade predominam.  O esbanjar é tanto que sempre há estrago pelo excesso.  Enquanto isso, mingau azedo como refeição principal e miséria de norte a sul do Brasil e nos quatro cantos do mundo;
10) A falsidade é lei.  Se não compactuar, você é acusado de ser anti social.  Trata-se de uma letargia cultural ditadora que maquia a manutenção perpétua de guerras, que fomenta o consumismo capitalista, que manipula os meios de comunicação, que dirige a opinião pública, que se impõe como verdade absoluta e incontestável.  No final do ano seguinte tudo se repetirá como um deja vu.  Um ciclo vicioso cultuado por uma população mundial apática.
Frente a tudo isso, eu poderia entrar na dança, como um pião num tabuleiro de xadrez, e desejar um feliz 2011 para todos.  Mas prefiro ser mais realista e colocar uma interrogação no final dessa frase piegas.  Que venha o próximo ano com as desgraças inevitáveis da estupidez humana pra serem novamente perdoadas e esquecidas no 12° mês.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Siga O Mestre

Hey, garotinha,  Preste atenção.
Venha aqui comigo, segure minha mão.
Não olhe pros lados.

Não faça perguntas
Aprenda a fumar.
Você vai viajar.

Hey, menininha.  Não tenha medo não.
Comigo está segura.  Guardo seu coração.
Não se acanhe em gemer.
Não morda, pois dói.
Beba o meu sêmen.
Sabia que ia gostar.

Hey, bonitinha.  Jogue-se no chão.
Tire sua roupa.  Meto-lhe o pão.
Não conte pra sua mãe.
Não me peça perdão.
Agora pode ir.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Argyreia Nervosa

Trepadeira pertencente à família das convolvuláceas, Argyreia nervosa tem sementes peludas de cor marrom que nascem dentro de cápsulas, parecidas com um fruto.  O peculiar é que essas sementes possuem uma triptamina natural que é um aminoácido lisérgico (alcalóide LSA).  Originária da Índia e do Havaí, é utilizada em rituais espirituais na Ásia, México e no próprio Havaí, há mais de 10 mil anos.  Porém, os primeiros a usarem seus benefícios foram os Maias e os Astecas.  Na medicina indiana é usada para o aumento da inteligência, cura de depressão, do vício de drogas químicas e doenças inflamatórias.
O efeito é muito similar ao do LSD, sendo que a Argyreia é totalmente natural, não provoca dependência, é baratíssima, facilmente encontrada para venda na Internet, e o que é melhor, totalmente legalizada.  A ingestão de uma semente já é o suficiente para um efeito leve.  Contudo, se ingeridas duas sementes, o efeito fica bem mais forte podendo ter uma duração que varia de 3 a 5 horas, dependendo do organismo.  Para o consumo, é necessário mascar a semente até se formar uma substância parecida com uma pasta.  Depois se engole a substância.  Com cerca de 40 a 60 minutos, a digestão é feita e a triptamina entra na corrente sanguínea causando o efeito.  Assim como o Ayahuasca, ela também pode provocar limpeza orgânica no usuário.  Por isso, é recomendado o seu consumo em jejum.  O dia seguinte (também parecido com Ayahuasca) é de um bem estar revigorante que chega a fomentar o bom humor e disposição.  Como se trata de uma planta relativamente nova (seu uso tem sido difundido mais a partir da década de 60), ainda falta serem realizados muitos estudos nessa dádiva da natureza que, evidentemente tem muitos benefícios e quase nada de contra indicações.
Vale a experiência.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Entrevista Com Jorge Bandeira

Renomado artista amazonense, Jorge Bandeira conseguiu algo inédito: tornar-se referência para todas as classes artísticas da cidade de Manaus.  Seu nome é citado desde os artistas boêmios independentes até os imortais da Academia Amazonense de Letras.  Praticamente um multi mídia, já concretizou vários estilos de arte e com sua índole mútua com a natureza, demonstra ainda ter muito que criar pela frente.  Gentilmente cedeu esta entrevista para o blog Orestes.

Orestes: Desde quando você começou a produzir arte?
 Jorge Bandeira: Minha primeira manifestação artística foi desenhar um personagem feito na época da ditadura, o Sugismundo, um garotinho que aparecia na televisão.  Claro que era uma propaganda subliminar para o Brasil do "Ame-o ou Deixe-o".   Posso dizer, então, que já fui um agente da ditadura, isso quando tinha 5 anos, em 1973.  Depois, mais desenhos, porém cansei do Sugismundo e desenhava muito o Homem-Aranha, de tudo quanto é jeito e posição.  Até hoje não consigo desenhar o Aranha corretamente, sempre falta um detalhe...acho que vou voltar a desenhar o Sugismundo.
O: Qual o trabalho que você considera sua obra prima?
 J.B: Posso dizer que tenho dois trabalhos que considero significativos em minha produção: o que fiz para o evento "Corações Sem Taxímetro" no ICHL, no começo dos anos 90 do século passado e a direção da peça de Teatro do Absurdo "A Última Gravação De Krapp".  Sobre a primeira: foi uma instalação artística com performance que intitulei INTALAÇÃO: UMA BAD TRI PSICODÉLICA. Consistia esta obra, num trabalho onde utilizei um poliedro com um casal de artistas nus. Começava num corredor estreito onde o público recebia de uma bailarina canudinhos para ter acesso ao corredor estreito, quase um labirinto, pois este corredor era feito de várias curvas, nas paredes o público lia pequenas biografias sobre alguns expoentes da contra-cultura, como Jack Kerouac, Allen Ginsberg, Carlos Castañeda, Thimothy Leary etc. No final do corredor estava o enorme poliedro, com os dois artistas despidos que realizam uma dança ao som (ensurdecedor) de um registro de uma sessão de ácido do Thimothy Leary, onde Jimi Hendrix toca baixo, uma viagem total.  E também tinha umas luzes de estrobo, coloridas, que dava um clima bem louco nisso tudo. As pessoas saíam chapadas sem ter usado nada, apenas o poder sugestivo da sensorialidade da coisa toda.  Sobre "A Última Gravação de Krapp" foi um belo trabalho de Teatro que dirigi, com o Mayr Mendes fazendo o papel ensandecido do velho Krapp, neste clássico monólogo do dramaturgo Samuel Beckett. O velho Krapp, neste peça, relembra sua vida escutando os antigos registros que tinha gravado num velho gravador de rolo, suas alegria e frustrações, é um trabalho lindo mesmo, e ficamos em temporada com ele por dois meses no teatrinho do SESC.
O: Sabemos que há coisas boas no cenário manaura.  Mas porque ainda vemos uma arte tão amadora (na sua maioria) em música, arte cênica e literatura em Manaus?
 J.B: Não sei responder com precisão a este questionamento, mas posso falar do Teatro com segurança: quem tem acompanhado com certa frequência o Teatro feito em Manaus percebe claramente que ocorreu uma mudança significativa, existem agora grupos que se preocupam com todos os recursos cênicos e de pesquisa nesta pós-modernidade, ou como queiram alguns, o Teatro Pós-dramático. Posso citar dois trabalhos de 2010 que muito me impressionaram: "Flores D'América", dirigido por Daniel Mazzaro e "Coisas Para Depois Da Meia-Noite", texto e direção de Denni Sales. São obras impressionantes, de forte rigor estético e com uma técnica impecável. Creio que em todas as áreas temos esta diferença de nível de produção, com esmero, outras nem tanto.  Cabe ao público, também esta tarefa de garimpar o melhor, fazer sua necessária filtragem para assistir realmente obras que mereçam sua atenção, contribuindo para sua apreciação estética, artística e de divertimento.
O: Você já produziu arte no teatro, na música, na literatura e na fotografia.  Qual dessas é a linguagem mais difícil de produzir?  Qual a que você mais gosta de fazer?
 J.B: Sinceramente não tenho uma predileção, mas posso assegurar que no Teatro tenho mais segurança em meu processo criativo. Sobre a mais "difícil", creio que por minhas limitações a música me exige muito mais esforço de criação.
O: Vivemos num país que não tem a cultura da leitura (ainda mais na região Norte).  No seu ponto de vista, qual seria a solução pra esse problema tão sério na educação?
 J.B: Acabar de uma vez com o Ministério da Educação, criando o Ministério do Conhecimento.  Na visão anarquista que tenho, seria um outro mundo, um outro paradigma.  Creio que ninguém poderia ter um salário no Brasil superior a 5 mil reais.  O dinheiro é o grande mal deste mundo, por isso os políticos aumentam seus vencimentos tão rapidamente, quem ganha 10 mil não se contenta com 10 mil, quer sempre o dobro.  Isso é nefasto, insano. Não confio em ninguém que tem um salário superior a 5 mil, acho que a numerologia ou a cabala explicam esta minha fascinação pelo número 5.  Não fugi da pergunta não, pois na minha visão quem ganha mais de 5 mil reais não tem tempo para ler com profundidade nada, nenhum livro de valor, talvez leia Paulo Coelho, talvez.
 O: Você também é naturista.  Explique para o leitor o que é o naturismo.
 J.B: Naturismo é uma bela filosofia de vida, onde não interessa a nudez investigativa.  É ter o corpo nu(a) de quem quer que seja da forma mais simples e natural possível, buscando a integração desta nudez com a natureza.  Vocês lembram ainda como viviam os índios nesta terra?  Pois é, seria o retorno das tribos no quesito nudez natural, que simplesmente foi subtraída (ou podemos dizer traída) por valores outros, como o comércio do corpo, por exemplo. Nossa meta no naturismo amazônico é convencer o índio a voltar à nudez, junto com seus descendentes (os manauaras, os amazonenses).  Temos um grupo bastante atuante nesta área do naturismo amazônico, chama-se Graúna (Grupo Amazônico União Naturista), com 7 anos de atividades regulares no naturismo e na defesa do meio ambiente.  Em nosso site vocês podem conferir tudo isso.  http://www.graunaam.com.br
 O: Como é o seu trabalho no meio?
 J.B: Sou um dos fundadores do grupo, já passei pela presidência do grupo, já escrevi livros sobre o assunto, já estive em outros estados representando o grupo, enfim, muito trabalho no Naturismo.  Atualmente sou Diretor de Cultura e Divulgação do Graúna, e também vice-presidente da FBrN (Federação Brasileira de Naturismo), a entidade maior do naturismo organizado no Brasil, com longa tradição na defesa de nossos idéias, no nosso código de ética.  Lutamos por um mundo melhor, por um planeta melhor, mas que a nudez tenha vez, seja vista da forma que achamos correta na sociedade, sem traumas, falsos pudores, preconceitos, ou seja, uma nudez natural.
O: Devido ao nosso clima e nossa natureza abundante, temos um grande potencial para o naturismo, mas o movimento aqui ainda é muito pequeno.  O que falta pra que cresça?
 J.B: Falta compromisso, espírito de grupo, que aliás é um tema muito importante de ser tratado hoje em dia.  Verifico que esta crise de grupos não é só no Graúna, mas em TODOS os grupos sociais.  É muito difícil hoje em dia estabelecer prioridades, por diversos motivos, a concorrência, o mercado de trabalho, a busca desenfreada por um degrau a mais na escala social.  Imaginem vocês, nós naturistas somos a minoria da minoria, pensem bem nisso, e precisamos trabalhar em dobro para manter acesa a nossa luta naturista.  O que muitos consideram perda de tempo nós chamamos de prioridade.  Assim é e assim continuará sendo.  Não queremos somente pessoas nuas, tirar a roupa é só uma etapa, o prosseguir neste ideal é que são outros quinhentos.
O: Qual o seu próximo trabalho artístico?
 J.B: Montagem da peça PSICOSE 4:48 da dramaturga Sarah Kane, com atuação da atriz Guta Rodrigues, uma atriz excelente e de alta sensibilidade.  Realizamos uma leitura dramatizada da peça em novembro, com ótima aceitação do público, lá no Casarão de Idéias.  Inclusive um crítico de arte de Pernambuco, que também montou Sarah Kane, chamado Wellington Júnior, demonstrou todo interesse em apoiar a montagem do trabalho.  Fizemos até com música ao vivo, com baixo e harmonium indiano, foi um trabalho que gostei mesmo de ter realizado neste ano de 2010.  Um outro projeto, que inclusive já comecei, é a tradução da obra poética da argentina Alejandra Pizarnik, uma poeta brilhante, inexplicavelmente pouco lida ainda no Brasil.
O: Deixe seus contatos e suas palavras finais para nossos leitores.
 J.B: Você pode mandar seu e-mail para: vicaflag@hotmail.com , espero sinceramente que esta entrevista tenha sido esclarecedora sobre o Naturismo, pois creio que não podemos esquecer os benefícios da nudez social em nossa região, que tem elos inquestionáveis com esta nudez "perdida".  Aos seguidores do blog do Orestes deixo um abraço e que continuem acessando e divulgando este blog.  Realmente um blog diferente dos demais, ou da grande maioria, com textos atuais, diversificados, e feitos, sim, por um artista, por mais que o Orestes não queira ser chamado assim, mas que eu faço questão de chamar.  Pois como o Orestes mesmo diz: a autoridade é feita para ser contrariada.  hehehe.  Um abraço!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Crossroads - Duelo De Guitarras

Já fiz uma resenha do filme “A Encruzilhada”, mas agora eu disponibilizo aqui a cena final do longa metragem, onde acontece a batalha de guitarras entre o personagem de Ralph Macchio e o de Steve Vai como o guitarrista do diabo. Vale lembrar que Vai foi quem gravou o áudio das duas guitarras no duelo. Macchio apenas dublou.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Augusto Dos Anjos

Por muitos anos o paraibano Augusto Carvalho Rodrigues dos Anjos era maldito por seus escritos.  Ainda hoje tem gente que repele sua obra pela vulgaridade no linguajar sem reconhecer o verdadeiro valor literário do conteúdo.  Alguns idiotas pensam fazer poesia diferenciada ao colocarem baixo calão, pragas verbais e violência entre seus versos, mas desconhecem que Augusto dos Anjos já fazia isso desde o início dos anos 1900.  Motivo de chacota de seus companheiros que se reuniam pra gargalhar recitando suas poesias.  Augusto exprimia justamente toda a sua angústia do mundo e do ser humano.  A visão realista e trágica começou a ser percebida como arte de qualidade quando Manuel Bandeira reconheceu os valores poéticos de Augusto.  Temas incomuns para a poesia do início do século passado, como prostituição, crimes hediondos, suicídio e a decomposição cadavérica, eram retratados com uma belíssima visão triste e lírica, que só mesmo alguém com uma percepção muito apurada da filosofia artística humana poderia compor.  Negando Deus como se este fosse um traidor da vida, o misterioso escritor da obra prima “Eu”, mostra-nos um lado mais científico do existencialismo.  A coerência no caos, a suavidade da morte e a beleza do absurdo, são finalmente revelados com uma poesia mestra que comanda o raciocínio para o que, até então, não havia sido atinado.
Aquela palavra feia, aquele termo pejorativo, aquele insulto solto num momento de raiva e outras coisas mais que não se imagina na poesia acadêmica, está contida com propriedades em seus versos.  Augusto dos Anjos é obrigatório para que o leitor rompa o paradigma do romantismo sem perder qualidade da leitura, mesmo que pra isso, seja preciso baixar o nível.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Num Barril De Pólvora

Trabalhei três anos e meio como Auxiliar Administrativo no departamento de Estatística da Unidade Prisional do Puraquequara.  Considerado o presídio mais violento da cidade de Manaus, víamos algumas caras de desespero nos presos que chegavam.  Como eu trabalhava na área administrativa, não tinha acesso à área operacional.  Contudo, a rotatividade de entrada e saída é muito grande e é inevitável cruzar com esse fluxo ao transitar pelo prédio.  Numa antiga rebelião, os rebelados usaram a cabeça de um morto pra usar como bola num jogo de futebol entre eles.  As vítimas sempre eram delatores (caguêtas) ou estupradores.
Uma falha imbecil da engenharia de projeto do presídio foi colocar o refeitório, que é usado por todos os funcionários, no mesmo prédio operacional, onde ficam as galerias das selas.  Não adiantava muito as áreas técnicas e administrativas serem em prédios separados, se todos os funcionários tinham de adentrar na área operacional duas vezes ao dia (café da manhã e almoço).  Certo dia, eu estava almoçando com alguns colegas neste maldito lugar.  Não é muito grande.  Cerca de 30 pessoas almoçavam juntos.  Conversávamos rotineiramente sobre os mais diversos assuntos, quando começamos a escutar um estranho barulho que repentinamente cresceu vindo do interior das galerias.  Eram gritos de terror, ruídos de briga e de ferros batendo.  Eu nunca tinha escutado aquilo, mas sabia do que se tratava.  Todos ali presentes sabiam.  Era o início de uma rebelião.  Houve cerca de 5 segundos de silêncio entre nós, em que imperava aquele terrível barulho que não queríamos acreditar estarmos ouvindo.  Só havia uma coisa a fazer.  Correr.  Correr pra salvar a própria vida.  Cerca de 30 pessoas se espremia tentando passar numa porta com uma média de um metro de largura.  Após passar pela porta do refeitório, teríamos de atravessar uma grade, com entrada também com um pouco mais de um metro, então tínhamos acesso ao mesmo corredor que dava acesso às galerias.  Nesse momento olhei pra trás e vi uma cena inesquecível.  Uns três agentes de segurança tentavam fechar o portão enquanto uma dúzia de presos tentava abri-lo na força bruta.  Um dos agentes estava sem camisa e com alguns hematomas.  Não quis ficar pra ver qual lado sairia vencedor.  Corremos por um corredor de grades com uns 30 metros e finalmente chegamos no portão automático que dava acesso ao prédio administrativo, saída principal e recepção.  Um sistema automático controla abertura e fechamento de 4 portões.  Sendo que pra qualquer um abrir, precisa que os 3 restantes precisam estar fechados.  Isto é, só abre um portão por vez.  Ainda tivemos de esperar por volta de 1 minuto até que esse nosso portão abrisse nos dando a sensação de salvos.
A tentativa de rebelião acabou sendo frustrada.  Os agentes conseguiram, impossivelmente, fechar o portão isolando os presos que portavam ferros enferrujados como armas.  O agente sem camisa foi o pego como refém e conseguiu escapar, desabotoando rapidamente a camisa num momento de distração dos internos, deixando a camisa nas mãos deles.  Imediatamente o trabalho foi suspenso e todos os funcionários deslocados para a área aberta frontal do presídio.  Uma irmã minha, que era minha gerente, me abraçou chorando depois de ter gritado muito meu nome de lá de fora no desespero ao saber que eu estava no refeitório em tal momento de terror.
Depois refleti no que poderia acontecer comigo, caso eu fosse pego como refém.  Eu trabalhava vestido socialmente.  Até explicar que eu era um simples pião, ia apanhar muito, se não me matassem pensando que eu fosse algum importante funcionário da administração.
Após a adrenalina baixar, minha raiva era ter de deixar meu almoço pra trás.  Um pouco mais de uma hora depois, a tropa de choque adentrava nas dependências do presídio para manter a ordem da melhor maneira que eles sabiam, com muita porrada.
Vários meses depois eu pedia minha demissão.  Trabalhar com presos de toda variedade de periculosidade não era tão difícil quanto trabalhar com advogados, policiais e oficiais de justiçaEsses sim eram os verdadeiros bandidos.  Sem querer, acabei aprendendo muita coisa nesse período.  Não só quanto a legislação penal, mas também lições de vida sobre violência e liberdade.  Paga-se um preço alto pra ser livre e mesmo assim não temos toda a liberdade que deveríamos ter, mas a sobrevivência por trás das grades ainda é um inferno muito maior do que se imagina.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Especial Catherine Wheel

No programa Vertical Classic Rock, realizamos toda última edição do mês um especial com um só artista ou banda.  São duas horas somente com o selecionado.  Para o mês de dezembro (que caíra na quarta-feira do dia 29) escolhemos a banda Catherine Wheel.
Fundada na Inglaterra no final dos anos 80 por Robert Dickinson, o Catherine Wheel, até hoje, não conseguiu o mesmo sucesso que a banda do primo Bruce Dickinson (Iron Maiden).  Sim, eles são primos.  Também não há semelhança no som das bandas dos familiares.  Enquanto o Maiden tornou-se um expoente do heavy metal, o Catherine é referência para o chamado rock alternativo.  Contudo, Bob Dickinson conseguiu sim, uma certa projeção.  Emplacando hits logo no primeiro álbum (Ferment” do ano de 1992), como “Black Metallic”, “I Want To Touch You” e “She’s My Friend”, chegaram nas paradas de sucesso em vários lugares na Europa.  A bonita arte gráfica das capas dos discos, levam ao extremo a seriedade artística, tão quanto os ótimos arranjos e as letras bem trabalhadas.  Não é a toa que influenciaram bandas mais recentes como Coldplay, Editors e Mercury Rev (só pra citar algumas).  Vários outros sucessos vieram nos discos seguintes, tais como “Delicious”, “Heal” e “Kill My Soul”.  Porém a banda nunca alcançou o destaque merecido.  Por esse motivo que o Vertical Classic Rock prestará essa homenagem a esse excelente grupo que preza pelo bom gosto e perfeccionismo em cada trabalho lançado.
O programa Vertical Classic Rock vai ao ar todo sábado as 14:00 (horário Manaus) e toda quarta-feira as 18:00 (horário Manaus), com direção e apresentação de Mário Orestes.  Para escutá-lo, basta acessar a Rádio Vertical no site http://www.radiovertical.com/

domingo, 19 de dezembro de 2010

O EP De Estréia Mais Vendido Do Brasil

Em meados da década de 1980, as gravadoras encontraram uma boa maneira de investir numa banda sem arriscar com grandes orçamentos em um grupo no qual não tinham a certeza que seria sucesso.  Os compactos singles estavam em declínio por pouca demanda de mercado e o Long Play (LP) era o investimento naquilo que já se tinha a certeza de sucesso.  Surgiu o Extended Play (EP).  Também chamado de “mini LP”, o EP era nada mais do que um single disc de 12 polegadas com mais faixas do que um compact disc e menos faixas que o LP.  Dezenas de grupos lançaram o seu debut (primeiro disco de trabalho de uma banda) como um EP.  Aqueles que tinham boa aceitação de crítica e público (principalmente), tinham maior orçamento para um LP que seguiria aquele trabalho inicial.  Aqueles que não passavam no primeiro investimento teste, seriam abandonados pelas gravadoras e estavam fadados ao esquecimento.  O número padrão de faixas de um EP era somente 6.  Depois de discutirem com os cartolas da gravadora, exigirem o que não podiam, inventarem histórias e blefarem de todos os jeitos, os rapazes da Plebe Rude, conseguiram a autorização pra lançarem um EP com 7 faixas.
Até Quando Esperar” é a faixa que abre o disco e sem dúvidas o maior hit já fabricado por Philippe Seabra, André X, Gutje e Jander Bilaphra.  A música é simplesmente tocada até hoje em rádios, festas e está obrigatoriamente em todos os set lists de shows do grupo.  A introdução de violoncelo mostra a melodia da música que fica na memória por muito tempo.  A letra remete ao nome da banda com a clareza da influência punk.  “Proteção” segue o trabalho com uma linda letra (considerada “didática” bela banda) anti repressão e é uma ótima trilha sonora para passeatas.  “Jhonny” fecha o lado A da bolacha com um pouco de ironia sobre a prestação do serviço militar e da guerra.  “Minha Renda” abre o lado B com uma crítica ao sucesso do mainstream com uma pequena participação de Herbert Vianna.  “Sexo e Karatê” é a mais bem humorada e mostra a alienação através das mídias de massificação e da cultura pop.  “Seu Jogo” é a mais fraca do disco, mas ainda assim mostra muita qualidade para uma banda que ainda estava em fase de projeção.  “Brasília” fecha o single com uma severa exposição da rotina no Distrito Federal.
Investimento certeiro da EMI no ano de 1985, “O Concreto Já Rachou” foi historicamente o single EP que mais vendeu até hoje na indústria fonográfica brasileira.  Fora de catálogo e ainda não lançado em CD (por pura implicância da gravadora com o grupo), este disco histórico é uma pérola do rock brasiliense e sempre será sucesso quando executado em qualquer lugar que preze por um bom som.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Front Zine 11


Mais uma vez a violência era algo explorado na ilustração central de um Front ZineFábio Prestes estava mandando ver e não nos importávamos com os comentários que faziam a nosso respeito e aos olhares que nos lançavam quando íamos na redação do jornal entregar esse trabalho semanal que realizávamos.  Tínhamos que aproveitar enquanto gozávamos dessa liberdade e ainda éramos pagos por isso.  Infelizmente não durou muito mesmo, mas os registros estão aí para darmos boas gargalhadas com as lembranças.
O texto de minha autoria é uma pequena resenha de um filme, já resenhado aqui.  Contudo, reproduzo abaixo o escrito somente para fins de registros.


THE SWINDLLE CONTINUES...

Lançado em 1980, o filme The Great Rock And Roll Swindlle traz Malcolm McLaren contando seu plano de emplacar uma banda enlatada (Sex Pistols), formada não por músicos, mas sim por punks.  Apesar da farsa assumida, ainda podemos assistir ao lado bom da banda, com passagens em desenho animado e cenas verídicas históricas (com a banda ao vivo).  Lançado pela Polygram, o vídeo está disponível nas locadoras.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Qual o Motivo Da Maconha Não Ser Legalizada?


Décadas atrás a maconha era vendida livremente em mercados e farmácias.  Hoje em dia os especialistas são unânimes em afirmar que a dita “guerra contra as drogas” é perdida porque, comprovadamente a humanidade nunca se livrará dos entorpecentes.  Também já está mais do que comprovado que esta maldita erva tem seus benefícios homeopáticos, e é até receitada para o alívio de muitas doenças (até mesmo AIDS).  Tem uma diversidade de uso enorme que varia da indústria têxtil, culinária e cosméticos, sendo que uma vez liberada, diminuiria exponencialmente as mortes causadas pela guerra do tráfico.  Então qual o motivo dela ainda ser proibida?  A resposta para esta pergunta tem duas versões.  A verdade que é abafada por governos, empresários, mídia em geral e a exposta como imposição para opinião pública.
Leite de Cannabis Sativa
Existem três tipos de usuários de drogas.  O primeiro é o usuário “experimental”, que é aquele que usa a droga uma vez na vida, seja por curiosidade ou por influência de terceiros, e nunca mais volta a usar.  O segundo é o usuário “constante”, que é aquele que não consegue viver sem a droga.  Rouba, vende tudo que tiver em mãos e precisa de tratamento para se livrar do uso.  E o terceiro usuário que é o “ocasional”, que é aquele que tem seu trabalho, sua família, seus estudos, enfim, sua vida social normal.  Usa a droga se a tem em mãos num momento específico.  Caso não a tenha, não sente necessidade de sair à procura e só volta a usar quando surgir outra oportunidade recreativa.  Por incrível que pareça, este terceiro, o “ocasional”, soma 80% de todos os usuários de drogas.  Incluindo, é claro, a maioria que se trata de usuários enrustidos.  Em se tratando de maconha, especialistas já provaram que o usuário ocasional pode fazer gozo da erva por até 20 anos, que não terá problemas nenhum de saúde.  Isso, levando-se em consideração que o cidadão não tenha propensão a câncer, problemas cardíacos e outros males que podem ser intensificados com o uso.  Sendo que a maconha é considerada droga “leve” por não causar dependência física, causando somente dependência psicológica, descarta-se de imediato o argumento de que é um problema de saúde pública.  Em muitos países do mundo a maconha é tolerada.  Até a conservadora Inglaterra já tolera o seu uso.  Aqui na América do Sul, recentemente a Argentina declarou a tolerância ao uso.  Numa abrangência que engloba até os países que não toleram o uso, como o Brasil, por exemplo, seu consumo é recomendado legalmente para o alívio de dores localizadas e generalizadas, tumores cancerígenos, enxaquecas, anorexia, insônia e até mesmo AIDS.  A maconha não queima neurônios como o álcool, ela estagna neurônios sem os matá-los.  Cientistas estudam incessantemente esse fenômeno.  Se um dia conseguirem descobrir o porquê, muitas dessas doenças terão sua cura.  Porém, se essas doenças tiverem suas curas declaradas, ou simplesmente o consumo de maconha for receitado em grande escala como alívio homeopático, milhões de dólares deixarão de ir pra indústria farmacêutica com a fabricação e venda, agora incessante, de remédios.  Crie um banco de dados imaginário com o item “A”, representando a milionária indústria farmacêutica que atua no mundo inteiro.
No ramo da culinária, é possível se encontrar os mais variados produtos originados da maconha.  De bebidas fermentadas e destiladas como licor, vinho, cerveja a bebidas alimentícias como leite (veja foto ilustrando o texto de leite de maconha), achocolatado, chá etc.  Comidas doces e salgadas como torta, bolo, brigadeiro, sorvete, bombom, patê, manteiga, biscoito, óleo, pizza, pão, purê etc.  Enfim, é possível se fazer um banquete completo somente com produtos tendo a maconha como ingrediente.  O mais bacana é que, dependendo da receita de preparo, você pode optar por deixar ou não o princípio ativo da maconha no alimento.  Isto é, você pode fazer um bolo de maconha, por exemplo, que dê o efeito entorpecente ou não.  Por mais que você opte por deixar o princípio ativo, o alimento (seja ele qual for) não fará os males ao organismo que são feitos no ato de fumar.  Sendo a cannabis (sativa ou indica) uma planta de cultivo relativamente fácil (mais ainda para o clima tropical) e com colheita de médio prazo, presume-se que em pouco tempo surgiriam centenas de produtores independentes no ramo alimentício, caso a planta fosse legalizada.  Centenas de produtores independentes com uma variedade enorme de diversificação de produtos, tornam-se uma ameaça em potencial para os produtores industriais que pagam muitos impostos (não pagos pelos independentes) e demoram meses, as vezes anos, pra conseguirem lançar uma única variedade de um único produto.  Imagine, se por acaso, o cultivo e venda da maconha fosse liberada no mundo.  Uma multinacional como a Nestlé, por exemplo, teria uma queda significativa em suas vendas com o surgimento desses produtores independentes, de pequeno e médio porte, no mundo todo.  Some em seu banco de dados imaginário o item “B”, representando toda a indústria multinacional alimentícia, incluindo também os grandes produtores de bebida alcoólica.
Diversos cosméticos com a Cannabis como insumo
Para a indústria de cosméticos o raciocínio é praticamente o mesmo.  Existem centenas de produtos que podem ser feitos com a maconha como insumo, tais como xampu (veja foto de xampu de maconha ilustrando o texto), cremes diversos, loção, perfume, desodorante, batom etc.  Todos eles, se produzidos por pequenos e médios produtores independentes, estariam livres da carga tributária dos grandes produtores e teriam um tempo hábil de lançamento em suas diversificações muito mais rápido do que as grandes indústrias.  Some o item “C” em seu banco de dados imaginário, representando os grandes produtores multinacionais da indústria de cosméticos.
Não pense que é mito quando se diz que cigarro de tabaco prejudica mais do que cigarro de maconha.  É a mais pura verdade.  No cigarro de tabaco é possível se encontrar nicotina, alcatrão, enxofre, aromatizante, conservante e mais dezenas de outros produtos cancerígenos e maléficos para o organismo.  Verifique a embalagem de qualquer maço de cigarros que você encontrará a relação.  Outro grande problema do tabaco é que ele, diferente da maconha, causa dependência física, além da psicológica.  Por isso que é tão difícil para o fumante parar de fumar.  Na produção industrial de cigarros, também se tem a gigantesca carga tributária (mais de 50% do preço do cigarro tem incluso os impostos) que não é paga pelo produtor de maconha.  Por mais que um dia a produção da erva seja legalizada, ela não terá toda a carga tributária que tem a produção tabagista.  E se por acaso a venda da maconha fosse legalizada, muitos tabagistas iriam migrar para o uso da cannabis, derrubando consideravelmente a venda de cigarros comuns.  Some o item “D” no seu banco de dados imaginários, representando a milionária indústria tabagista mundial.
Temos também a indústria têxtil.  Não precisa de muito tempo de pesquisa na Internet pra se descobrir que a fibra de cânhamo, extraída da maconha, é uma das mais resistentes que a humanidade conhece.  Sua grande resistência é válida não só para a característica de ligamento, como também para a durabilidade.  Para a produção em escala industrial da fibra de cânhamo, a indústria têxtil teria de gastar milhões de dólares replantando a maconha, onde hoje impera hectares de algodão.  E duraria mais de uma temporada de colheita, refazendo todo esse processo, tendo assim, uma paralisação de meses de lucro.  Entram também aqui os pequenos e médios produtores que aproveitariam a legalização da maconha pra realizarem suas produções independentes, livres da carga tributária imposta para a produção industrial.  Existem no mundo algumas marcas que teem a legalização de produção de alguns itens feitos de fibra de cânhamo.  Então é possível se encontrar pra venda no mercado tênis, camisetas, calças, gorros, agasalhos, bonés e outros produtos feitos de cânhamo.  Lógico que a fibra não possui o princípio ativo da planta.  Contudo, ainda é mais rentável para os grandes produtores manter a sua gigantesca rede de algodão e sintéticos já estabelecidos a parar por alguns meses seus lucros e investir pesadamente em nova estrutura de produção.  Agregue o item “E” no banco de dados imaginário representando a indústria têxtil mundial.
Foto de uma das Marchas da Maconha em algum canto
do Brasil
Para finalizar a somatória do banco de dados, coloque o item “F” simbolizando toda a grande quantidade de policiais, delegados, juizes, políticos e outros corruptos equivalentes que ganham muito dinheiro em cima do tráfico de drogas.  Lembrem-se que nosso país está dentre os mais corruptos do mundo e até mesmo aqueles que teem pouca corrupção, teem seus desvios de conduta em cima da 3ª indústria mais rentável do mundo (1º lugar é a indústria bélica, 2º a indústria petrolífica e em 3º lugar vem a indústria das drogas como a mais rentável).  Portanto, todo essa corja de engravatados ou armados que ganha muito dinheiro em cima das drogas, perderia seu “pé de meia”, caso a maconha fosse legalizada.
Agora junte as variáveis do banco de dados e verifique quantos milhões de dólares e euros do mundo todo estão agindo para que a maconha jamais venha a ser legalizada.  Óbvio que agem através da legislação, da formação de opinião pela mídia, subsidiando pesquisas anti drogas, pagando publicações, controlando a educação e de muito mais que não podemos imaginar.  Com tudo isso, conclui-se que ainda demorará algumas décadas até que a maconha seja descriminalizada.  Enquanto milhares de pessoas morrem a toa por causa do tráfico e milhares de outras sofrem sem usufruir dos benefícios da legalização, algumas centenas continuam enriquecendo.  A resposta pode ser um pouco complexa para alguns, mas ela está dada e infelizmente não será a divulgada nos meios de comunicação que estão ocupados em formatarem outras respostas voltadas a interesses desses conservadores hipócritas e milionários que também fumam seus baseados em suas mansões.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Por Baixo Da Manta Verde

Decadência em evidência.
Obras super faturadas.
Moralismo como imperialismo.
Liberdade está cotada.

Déficit público.
Própria estatal.
Violência militar e
Crianças no sinal.

Regionalismo virou pão e circo.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Projeto Vênus

Tendo o Movimento Zeitgeist como seu braço ativista, o Projeto Vênus é uma organização atuante que propõe um plano factível de ação para a mudança social em prol de uma sociedade global pacífica e auto sustentável.  A implementação do modelo (diga-se de passagem, resultado de anos de estudos e pesquisas de cientistas de várias disciplinas) está localizada no estado da Flórida, na cidade de Vênus nos Estados Unidos (numa área de 25 acres) e aplica a filosofia de uma economia baseada em recursos, com isso, sem o uso do sistema monetário.  Desta forma, aspira-se a reforma social vigente onde um mundo mais digno estaria livre de males como miséria, guerra, fome, privações, crime, ignorância, dentre outros.
De todos os sistemas econômicos que nosso planeta já experimentou (socialismo, comunismo, ditadura, facismo, monarquia etc.), nenhum vigorou sucesso, justamente por ser baseado no sistema monetário e visar unicamente o lucro.  Desde então, nosso mundo não consegue livrar-se dos problemas sociais que afligem todos os países em qualquer lugar que se vá.  Pode parecer difícil de se imaginar uma sociedade privada de dinheiro e que não use o escambo, mas o raciocínio é simples, desde que esquecido os fatores “lucro” e “papel moeda”.  Basta pensarmos na distribuição satisfatória dos recursos, sem privações e sem exageros, com racionalidade e sustentabilidade.  O mundo produz sim, recursos naturais o suficiente para a manutenção humana.  Porém, há dois fatores que implicam para que a produção não atinja toda a população mundial: 1) distribuição desigual por dependência de status social, poder, recursos financeiros, etc. e 2) perpetuação da cultura do capital como recurso.  Uma das primeiras coisas aprendi na faculdade foi que o Administrador tem de, acima de tudo, ampliar sua margem de lucro, e estar sempre estudando uma forma de alcançar isso.  Então seria necessário uma reforma geral na educação fundamental, média e superior para que essa cultura seja reformada ao ponto de pregar os Direitos Humanos como algo aplicável na prática (um modo de vida) e não como um documento de papel com um texto bonito a ser lido e sonhado pela demagogia.  Qualquer que seja o sistema social, depende dos recursos naturais como água potável, terra fértil, alimento, pessoas e ar.  Logo, são neles que devem ser projetados os meios racionais de produção e principalmente distribuição.
Imagine a seguinte questão: você como caviar e bebe suco de laranja.  Porque um mendigo também não pode comer e beber do mesmo, se depois de um certo tempo o caviar e o suco de laranja serão recolhidos das prateleiras por terem seus prazos de validade vencidos?  Você pode alegar que se todos tiverem acesso a caviar e suco de laranja, faltarão esses produtos.  Particularmente eu acho caviar uma porcaria e o suco artificial eu abro mão.  Assim como eu, milhões teem o mesmo hábito alimentar.  Tem mais, como existiria uma reformulação da educação, lógico que todos saberiam que tomar suco de laranja e comer caviar em excesso, não é nada saudável.  Enfim, esqueça o dinheiro e pense na economia concentrada apenas na fabricação e distribuição racionalizada que fica fácil entender como funcionaria uma sociedade com essas premissas.  O nome disso é “revolução”.  Quando digo “revolução”, não relacione com revolução armada, mas sim uma revolução cultural que vise re análise de valores, educação e conduta.  Claro que pra isso seriam necessários vários anos de adaptação para o novo modelo proposto.  Aí surge a importância do Projeto Vênus.  A mudança é imediata.  Cabe à humanidade dois rumos: a) continuar com seu sistema capitalista obsoleto que impõe a competitividade econômica por meio comercial ou por intervenção militar, e conseqüentemente continuar ampliando nacionalismo, estratificação social, racismo, elitismo etc. até chegar ao colapso social; b) acatar de uma vez por todas, a reforma do modelo social conhecido, buscando novas maneiras de pensar e viver, para que possamos levar dignidade, igualdade e afeto em concordância com o vasto potencial do espírito humano que clama por tais mudanças.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A Metamorfose


Adaptações geralmente perdem qualidade na mudança de linguagem.  Mais ainda quando se trata de um clássico da literatura universal.  Raras são as exceções em que essas adaptações viram verdadeiras obras de arte e tornam-se referência naquilo que se propõe.  O caso em si é o livro “A Metamorfose” de Franz Kafka que virou graphic novel ilustrada por Peter Kuper.  Na verdade, este quadrinhista, que publicava a série “Spy Vs. Spy” na revista “Mad”, já fez outras adaptações de Kafka para os quadrinhos.  Contudo, essa foi a única (até o momento) publicada no Brasil.
Quem conhece a história sabe que se trata de um drama pesado com forte psicologia onde provoca identificação com muitas pessoas que vivem a agonia familiar (muitas mesmo).  O convívio com personalidades problemáticas, que teem de ser toleradas por fazerem parte da família; a rejeição ou discriminação familiar em conter um indivíduo componente de uma minoria, e até mesmo racismo são aspectos visíveis no enredo que mostra o personagem principal metamorfoseado, num simples amanhecer, em um inseto gigante.  Seu quarto passa a ser o seu confinamento, onde seus parentes passam a enojá-lo e procuram escondê-lo do restante do mundo.  Incrível como Kafka consegue ter sua literatura sempre atual, apesar de ter sido escrita mais de 100 anos atrás.  Num mundo que se encontra cada dia mais individualista e vemos barbáries de filhos matarem pais e vice versa, não há dúvidas de que é um escrito profético de atualização constantemente natural, dentro da morbidez humana em suas crises sociais.
Quanto à arte de Peter Kuper nesta graphic novel, é grandiosa.  Se na Mad ele conseguia o humor negro, aqui ele alcança o drama doentio psiquiátrico.  O denso contraste do preto e branco torna o conto mais sombrio, mais dramático, misterioso e incrivelmente perturbador.  A miscigenação de estilos é explícita.  Alguns quadros remetem os desenhos ao cubismo, sem deixar de ser detalhista com trabalhosas hachuras.  O texto em si já é surrealista (chamado mais comumente de “literatura fantástica”).  O expressionismo se faz presente também com o clima noturno onde muitos quadrinhos são desenhos de branco sobre o fundo preto.  Impressionante a ponto de levantar o sentimento de piedade no leitor para com Gregor Samsa.
Este é o tipo de obra que deveria ser usada como didática no ensino médio e no superior.  Na qual se abre um leque de questionamentos e reflexões do ser humano para com seu próximo, para com as minorias e para com seu parentesco.  Tanto o livro quanto esta adaptação pra quadrinhos é de rápido leitura.  Contudo, a imensidão da abordagem é gigantesca por tocar o íntimo de cada um de nós (adoro essas frases ambíguas).
Conrad Editora do BrasilSão PauloTradução de Cris SiqueiraLetras de Lilian Mitsunaga85 páginas2004.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Trailer Do Filme Pink Floyd - The Wall

Trailer de obra prima hollywoodyana de Alan Parker, já resenhada neste blog. Para quem ainda não assistiu essa pérola de filme, que ao menos, dê uma olhada no trailer. A música do Pink Floyd nunca foi tão bem explorada no sentido cênico.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Entrevista Com a Banda Sarcásticos

A banda “Sarcásticos” toca um thrash metal de boa qualidade cantado na língua portuguesa em plena Amazônia.  Antes que acusem o som de datado, escutem e vejam as letras bem sacadas, os arranjos de bom gosto e o entrosamento dos músicos e percebam que se trata de algo promissor e que merece, no mínimo, respeito.  O vocalista da banda, o veterano Ehud Abensur, me cedeu essa entrevista com a humildade de quem só deseja seu trabalho divulgado.

Orestes: Quando e como surgiu a banda?
Ehud Abensur: Metal Revenge II de 2007.
 O: Quais as maiores influências?
EA: Slayer, Dorsal, Purple, Dream Theater etc.
O: O que a banda possui de registros até agora?
EA: 04 músicas e vídeos gravados de show, principalmente de Boa Vista.
O: Qual a atual formação do grupo?
EA: Ehud Abensur – voz, Carlos Neto – guitarra, Alvaro Keys – guitarra, Criz Garcia – baixo, Robson Marianus - batera.
O: Quais as maiores dificuldades do grupo?
EA: Se juntar pra gravar, haja vista que o Robson, batera, trabalha viajando e temos sempre que aguardá-lo pra fazer algo.
O: Qual a melhor apresentação e qual a pior, já realizadas pela banda?
EA: Boa Vista - Abertura do Violator.  Não me lembro de apresentações ruim, já sei foi quando eu toquei baixo ah ah ah ah ah.
O: Como vocês olham o cenário do rock local?
EA: Muito melhor que há 20 anos atrás, o que mata é a vaidade das produções locais e nossa condição geográfica, porque estamos completamente fora do eixo.  Pra fazer sucesso tem que sair daqui.
O: O que vocês acham que falta pro rock manauara conseguir destaque nacional, visto que aqui tem tantas bandas de qualidade?
EA: Não posso dizer que é oportunidade, porque o Wacken feito lá no Vitrola é a primeira das portas, mas sim encontrar alguém de fora que acredite no nosso povo.  O resto já temos aqui mesmo.
O: Quais os próximos passos da banda?
EA: Lançar de uma vez a demo e logo em seguida o CD.
O: Deixe os contatos da banda e suas palavras finais para os leitores.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Net De Merda

Senhoras e senhores, eu tenho tentado a todo custo manter atualizações diárias tanto neste quanto em meu outro blog (http://www.graphicartmusic.blogspot.com/).  Porém, vivemos em um país eternamente subdesenvolvido e eu, particularmente, vivo numa cidade provinciana (Manaus no Estado do Amazonas).  Contudo, a minha conexão de Internet, dita banda larga que eu prefiro chamar de bunda larga, prestada por uma servidora chamada de Net.  É, sem nenhum exagero, uma merda.  A média é 10 horas de sinal e 14 sem sinal.  Sem levar em consideração a lentidão que afeta a paciência de qualquer pessoa em sã consciência.  Considerando também que tenho de dar conta de 6 contas de e-mails e três mailist (sem contar outros serviços que realizo no computador), estou superando minhas expectativas em conseguir manter as postagens diárias nos blogs.  Por enquanto só dei furo em um dia, justamente por, neste dito dia, ficar sem sinal por cerca de 24 horas.  Não adianta reclamações e visitas técnicas.  Já somaram mais de 20 visitas técnicas.  Simplesmente não é solucionado o problema.  Então, meus caros leitores, só me resta pedir desculpas, caso venham a acontecer mais furos.  Acreditem, não é de minha parte, pois adoro a prática da escrita e ainda farei o possível pra continuar executando-a diariamente, mesmo sem nenhum tipo de remuneração.
Beijos.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A Arte Do Sexo

A psicologia afirma que 70% da manutenção de uma relação é sexo.  Levando-se em consideração que a maioria não “faz a coisa certa”, entende-se o porque de tantas separações e traições conjugais.  Evidentemente que nem tudo se resume a sexo e outros fatores, principalmente sentimentais, influenciam diretamente num relacionamento.  Contudo, se esse adorável esporte carnal tivesse uma dedicação mais amorosa, com mais sensibilidade e conhecimento, como proposta na filosofia oriental, não há dúvidas de que mais pessoas seriam felizes, os indivíduos teriam mais saúde e os casais permaneceriam unidos por muito mais tempo.
Um grande mito que existe a respeito, é de que o brasileiro, é ótimo na cama.  Não só o brasileiro, mas o ocidental em si é péssimo no sexo.  Confunde-se performance sexual com sensualidade.  Como nós somos um país tropical e caliente por natureza, tem-se a falsa idéia de que mandamos bem no ato.  Porém, as estatísticas mostram que a média do coito brasileiro, dura cerca de 15 minutos.  Isso chega a ser ridículo.  Antes de contestar o dado verídico, pare e pense.  Tente se lembrar quantas vezes você já teve um ato que passou de 40 minutos.  Lógico que não adianta durar muito tempo se não souber como fazer de modo eficiente.  Porém, uma coisa gostosa, se prolongada, poderá tornar-se inesquecível e certamente demandará outras oportunidades.  Se prolongado o contato com carinhos atenciosos, beijos localizados e até mesmo massagem antes ou depois do ato em si, o exercício será prazeroso e memorável.  Isto é encanto.  As preliminares teem de durar, no mínimo, 30 minutos.  Isto já derruba o mito, de que o brasileiro é bom de cama com a mísera média de 15 minutos de coito.  Vale lembrar que a troca de carinhos, o trabalho com as mãos, boca e outras partes do corpo, tem de ser efetivo durante todo o momento do prazer.
Outro fato que tende a aumentar o prazer é abrir a mente para possibilidades novas de amor, experimentando algo não explorado antes pelos protagonistas.  A quebra de tabus.  Muitos homens adoram receber sexo oral, mas acham nojento fazer o mesmo com as mulheres.  Muitos casais não praticam variedade de posições.  Outras coisas tão simples quanto, deixam de ser executadas, minimizando assim a “diversão” para ambos.  O oral é algo fundamental, para que as preliminares sejam excitantes.  A masturbação também pode ser ótima pra abrir o apetite.  Variar as posições pode proporcionar orgasmos diferenciados, ainda mais para as mulheres que, em sua maioria, tendem a serem multiorgásmicas.  A propósito, se o homem souber retardar o seu orgasmo, conseguirá dar vários orgasmos para a parceira, devido a essa peculiaridade espetacular e exclusiva das fêmeas.  As vezes, algo mais é interessante para a exploração de novas experiências.  Mudança de local, incenso, colônias, música, luzes, peças íntimas, horário diferente do dia e outras coisas mais que a criatividade permitir, é válida e crucial para o aumento do prazer.  Não que toda vez tenha de ser algo circense, mas quebrar a rotina, é sempre boa oportunidade de diferenciação.
A atenção também tem de estar voltada para o orgasmo.  Primeiramente falaremos do homem.  É mais do que óbvio, que o homem tem muito mais facilidade de alcançar o orgasmo.  O problema é que ele precisa de vários minutos pra recuperar-se para uma outra "empreitada", ao contrário da mulher que pode muito bem, continuar sua performance, sem depender de ereção.  Então cabe ao macho conter o seu gozo para, no mínimo, esperar a sua parceira.  O ideal seria ele conter o máximo possível a ponto dela alcançar vários consecutivos.  Sobre tudo, o sincronismo de orgasmos é a coisa mais fantástica que o casal pode viver juntos.  Ainda mais se isso acontecer após cerca de 1 hora da "malhação do amor".  Quanto ao orgasmo feminino, deve ser provocado desde as preliminares.  Quanto mais provocado for, mais satisfatório será o coito para ela.  Se uma mulher não encontrar satisfação (entende-se: uma boa sessão de amor com bons orgasmos) num relacionamento, certamente esta procurará a satisfação fora desse relacionamento, e com toda razão.  Porém, o mais “comum” é que o homem vire de lado e durma após a sua própria satisfação.
Um dos erros mais cometidos nos casais modernos, é o de deixar o ato do prazer, para depois de uma noite de balada regada a álcool e outras coisas mais.  Quando se termina a noite depois de horas de balada, evidente que a performance não será a mesma de quando se está descansado.  O correto seria, amar antes de sair pra noite.  Desta forma, o humor, a dança, as conversas, o companheirismo, enfim, tudo soará perfeito com o tempero de quem já teve o melhor momento com seu parceiro.  Analisando isto, concluímos que todos fazem erroneamente o contrário.
Pra finalizar, recomenda-se leitura e estudo prático de kama sutra e tantrismo.  Mas não se pode deixar de instruir que, acima de tudo, tem de haver compreensão, mutualismo, respeito, tolerância, carinho e muito amor.  Com a combinação harmônica de bons sentimentos, inteligência, boas atitudes e um bom sexo, pode-se prolongar um relacionamento da maneira mais saudável que se imagina, pois sexo é saúde.  Se tens bom sexo, terás boa saúde e vice versa.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O Último Disco De Raul Seixas

Único trabalho em parceria de Raulzito.  “A Panela Do Diabo” é um epitáfio com letras douradas e que merece destaque em qualquer coleção que se preze.
O álbum abre com uma pequena introdução à capela da clássica “Be Bop a Lulla” de Gene Vicent já demonstrando que se trata de uma ode ao rock and roll.  Aliás, “Rock ‘N’ Roll” é o nome da faixa seguinte que não deixa nada a dever para o estilo que amamos tanto.  A letra revela toda a rotina letárgica que circunda a vida dos protagonistas.  A curiosidade é que o solo da canção foi gravado pelo blues man André Christóvam que a compôs em segundos no estúdio e quando tentou fazer algo mais “trabalhado”, foi impedido por Raul e Marcelo que acharam o primeiro take da gravação espontâneo e sincero o suficiente pra ser o registrado.  “Carpinteiro Do Universo” segue numa balada de letra super poética.  “Quando Eu Morri” é uma declaração de Marcelo Nova sobre seus tormentos junkies do passado e faz muita gente se identificar.  A vez de Raul se declarar vem logo depois com “Banquete De Lixo”.  O lado B do vinil abre com “Pastor João e a Igreja Invisível” que mostra de forma irônica e divertida como os Edir Macedo da vida se dão bem em cima do conformismo popular.  “Século XXI” repete a fórmula certeira de que a tal “evolução” é algo bem questionável.  “Nuit” é uma obra prima de Raul Seixas.  Não entendo como uma faixa tão bela e poética pode passar despercebida e não ser comentada nem executada em canto nenhum.  Composição de Raul em parceria de, sua então esposa, Kika Seixas.  “Best Seller” tira sarro com os ditos “intelectuais” que posam, falam e só.  “Você Roubou Meu Vídeo Cassete” talvez seja a mais fraca do disco.  Porém, mesmo assim, ainda apresenta qualidade digna de poetas musicais.  “Câimbra No Pé” fecha a bolacha com uma letra que mostra o lado juvenil ativo dos autores.
A participação de Gustavo Müllem como guitarrista da banda Envergadura Moral, que acompanha os mestre, é o aval do Camisa de Vênus.  A direção artística do gênio Liminha é sempre primorosa e a produção do grande Pena Schmidt com Carlos Alberto Calazans, e os dois personagens principais, é feito profissional que não deixa nada a desejar a uma grande produção gringa.
Enfim, um trabalho único que fecha com chave de ouro o legado do Maluco Beleza e honra Marceleza por acompanhar essa trajetória que nunca terá fim, pois já está carimbada na história da música e do rock brasileiro.  Peça obrigatória.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Front Zine 10


A ilustração central do “Front Zine” n° 10 era de uma história em quadrinhos de Fábio Prestes chamada “Desastre”.  Muita gente perguntava: - Que diabo é isso? – quando olhava a pintura.  Nosso trabalho estava cada vez mais sob observação na redação do Jornal que publicava a página.  Porém, não desanimávamos.  O mais bacana era ainda receber pagamento pra fazer o serviço.
O texto de minha autoria é uma singela resenha (os textos tinham de ser curtos devido ao pouco espaço que tínhamos) sobre um disco clássico da banda norte americana de thrash/crossoverAnthrax”, que eu reproduzo a seguir.




AMONG THE LIVING

Com certeza, o melhor registro do Anthrax.  A faixa título abre o CD e é uma das melhores músicas já feitas por Joe Belladonna, Scott Ian e ciaCaught In a Mosh há muito é considerada clássico.  I Am The Law é a referência para Dredd.  Isso mesmo: Juiz Dredd.  E Indians possui um refrão que não sai da cabeça.  O disco todo é calcado no thrash americano – agressivo e técnico.  Uma boa pra quem não conhece o trabalho do Anthrax.