Auto biografia artística virtual. Registros de eventos, resenhas, desenhos, crônicas, contos, poesia marginal e histórias vividas. Tudo autoral. Quando não, os créditos serão dados.

Qualquer semelhança com a realidade é verdade mesmo.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Augusto Dos Anjos

Por muitos anos o paraibano Augusto Carvalho Rodrigues dos Anjos era maldito por seus escritos.  Ainda hoje tem gente que repele sua obra pela vulgaridade no linguajar sem reconhecer o verdadeiro valor literário do conteúdo.  Alguns idiotas pensam fazer poesia diferenciada ao colocarem baixo calão, pragas verbais e violência entre seus versos, mas desconhecem que Augusto dos Anjos já fazia isso desde o início dos anos 1900.  Motivo de chacota de seus companheiros que se reuniam pra gargalhar recitando suas poesias.  Augusto exprimia justamente toda a sua angústia do mundo e do ser humano.  A visão realista e trágica começou a ser percebida como arte de qualidade quando Manuel Bandeira reconheceu os valores poéticos de Augusto.  Temas incomuns para a poesia do início do século passado, como prostituição, crimes hediondos, suicídio e a decomposição cadavérica, eram retratados com uma belíssima visão triste e lírica, que só mesmo alguém com uma percepção muito apurada da filosofia artística humana poderia compor.  Negando Deus como se este fosse um traidor da vida, o misterioso escritor da obra prima “Eu”, mostra-nos um lado mais científico do existencialismo.  A coerência no caos, a suavidade da morte e a beleza do absurdo, são finalmente revelados com uma poesia mestra que comanda o raciocínio para o que, até então, não havia sido atinado.
Aquela palavra feia, aquele termo pejorativo, aquele insulto solto num momento de raiva e outras coisas mais que não se imagina na poesia acadêmica, está contida com propriedades em seus versos.  Augusto dos Anjos é obrigatório para que o leitor rompa o paradigma do romantismo sem perder qualidade da leitura, mesmo que pra isso, seja preciso baixar o nível.

Nenhum comentário:

Postar um comentário