Auto biografia artística virtual. Registros de eventos, resenhas, desenhos, crônicas, contos, poesia marginal e histórias vividas. Tudo autoral. Quando não, os créditos serão dados.

Qualquer semelhança com a realidade é verdade mesmo.

domingo, 19 de dezembro de 2010

O EP De Estréia Mais Vendido Do Brasil

Em meados da década de 1980, as gravadoras encontraram uma boa maneira de investir numa banda sem arriscar com grandes orçamentos em um grupo no qual não tinham a certeza que seria sucesso.  Os compactos singles estavam em declínio por pouca demanda de mercado e o Long Play (LP) era o investimento naquilo que já se tinha a certeza de sucesso.  Surgiu o Extended Play (EP).  Também chamado de “mini LP”, o EP era nada mais do que um single disc de 12 polegadas com mais faixas do que um compact disc e menos faixas que o LP.  Dezenas de grupos lançaram o seu debut (primeiro disco de trabalho de uma banda) como um EP.  Aqueles que tinham boa aceitação de crítica e público (principalmente), tinham maior orçamento para um LP que seguiria aquele trabalho inicial.  Aqueles que não passavam no primeiro investimento teste, seriam abandonados pelas gravadoras e estavam fadados ao esquecimento.  O número padrão de faixas de um EP era somente 6.  Depois de discutirem com os cartolas da gravadora, exigirem o que não podiam, inventarem histórias e blefarem de todos os jeitos, os rapazes da Plebe Rude, conseguiram a autorização pra lançarem um EP com 7 faixas.
Até Quando Esperar” é a faixa que abre o disco e sem dúvidas o maior hit já fabricado por Philippe Seabra, André X, Gutje e Jander Bilaphra.  A música é simplesmente tocada até hoje em rádios, festas e está obrigatoriamente em todos os set lists de shows do grupo.  A introdução de violoncelo mostra a melodia da música que fica na memória por muito tempo.  A letra remete ao nome da banda com a clareza da influência punk.  “Proteção” segue o trabalho com uma linda letra (considerada “didática” bela banda) anti repressão e é uma ótima trilha sonora para passeatas.  “Jhonny” fecha o lado A da bolacha com um pouco de ironia sobre a prestação do serviço militar e da guerra.  “Minha Renda” abre o lado B com uma crítica ao sucesso do mainstream com uma pequena participação de Herbert Vianna.  “Sexo e Karatê” é a mais bem humorada e mostra a alienação através das mídias de massificação e da cultura pop.  “Seu Jogo” é a mais fraca do disco, mas ainda assim mostra muita qualidade para uma banda que ainda estava em fase de projeção.  “Brasília” fecha o single com uma severa exposição da rotina no Distrito Federal.
Investimento certeiro da EMI no ano de 1985, “O Concreto Já Rachou” foi historicamente o single EP que mais vendeu até hoje na indústria fonográfica brasileira.  Fora de catálogo e ainda não lançado em CD (por pura implicância da gravadora com o grupo), este disco histórico é uma pérola do rock brasiliense e sempre será sucesso quando executado em qualquer lugar que preze por um bom som.

Nenhum comentário:

Postar um comentário