Auto biografia artística virtual. Registros de eventos, resenhas, desenhos, crônicas, contos, poesia marginal e histórias vividas. Tudo autoral. Quando não, os créditos serão dados.

Qualquer semelhança com a realidade é verdade mesmo.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O Último Disco De Raul Seixas

Único trabalho em parceria de Raulzito.  “A Panela Do Diabo” é um epitáfio com letras douradas e que merece destaque em qualquer coleção que se preze.
O álbum abre com uma pequena introdução à capela da clássica “Be Bop a Lulla” de Gene Vicent já demonstrando que se trata de uma ode ao rock and roll.  Aliás, “Rock ‘N’ Roll” é o nome da faixa seguinte que não deixa nada a dever para o estilo que amamos tanto.  A letra revela toda a rotina letárgica que circunda a vida dos protagonistas.  A curiosidade é que o solo da canção foi gravado pelo blues man André Christóvam que a compôs em segundos no estúdio e quando tentou fazer algo mais “trabalhado”, foi impedido por Raul e Marcelo que acharam o primeiro take da gravação espontâneo e sincero o suficiente pra ser o registrado.  “Carpinteiro Do Universo” segue numa balada de letra super poética.  “Quando Eu Morri” é uma declaração de Marcelo Nova sobre seus tormentos junkies do passado e faz muita gente se identificar.  A vez de Raul se declarar vem logo depois com “Banquete De Lixo”.  O lado B do vinil abre com “Pastor João e a Igreja Invisível” que mostra de forma irônica e divertida como os Edir Macedo da vida se dão bem em cima do conformismo popular.  “Século XXI” repete a fórmula certeira de que a tal “evolução” é algo bem questionável.  “Nuit” é uma obra prima de Raul Seixas.  Não entendo como uma faixa tão bela e poética pode passar despercebida e não ser comentada nem executada em canto nenhum.  Composição de Raul em parceria de, sua então esposa, Kika Seixas.  “Best Seller” tira sarro com os ditos “intelectuais” que posam, falam e só.  “Você Roubou Meu Vídeo Cassete” talvez seja a mais fraca do disco.  Porém, mesmo assim, ainda apresenta qualidade digna de poetas musicais.  “Câimbra No Pé” fecha a bolacha com uma letra que mostra o lado juvenil ativo dos autores.
A participação de Gustavo Müllem como guitarrista da banda Envergadura Moral, que acompanha os mestre, é o aval do Camisa de Vênus.  A direção artística do gênio Liminha é sempre primorosa e a produção do grande Pena Schmidt com Carlos Alberto Calazans, e os dois personagens principais, é feito profissional que não deixa nada a desejar a uma grande produção gringa.
Enfim, um trabalho único que fecha com chave de ouro o legado do Maluco Beleza e honra Marceleza por acompanhar essa trajetória que nunca terá fim, pois já está carimbada na história da música e do rock brasileiro.  Peça obrigatória.

Um comentário:

  1. O álbum - involuntariamente - derradeiro de Raulzito foi, na verdade, uma quase volta por cima, graças ao apoio do Marcelo Nova, haja visto a série de "álbuns menores" que RS lançou nos anos anteriores, talvez meros reflexos da sua condição de Maluco Beleza, vivendo numa eterna metamorfose ambulante, até que Dona Morte chega na hora errada. O Resto é saudade.

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