Auto biografia artística virtual. Registros de eventos, resenhas, desenhos, crônicas, contos, poesia marginal e histórias vividas. Tudo autoral. Quando não, os créditos serão dados.

Qualquer semelhança com a realidade é verdade mesmo.

sábado, 30 de abril de 2011

Novos Aforismos De Orestes

“Na hora do sexo, o homem não pode pensar muito.  Senão ele falha”.

“Não se desgaste com os erros cometidos.  Tome-os como exemplo pra não mais repeti-los e se vanglorie de que não os cometerás mais”.

“Um vulcão explodindo é a Terra peidando”.

“O heavy metal é o grito da música, o punk rock é o surto, o gótico é o choro, a erudita a retórica, sertanejo, boi bumbá, axé, forró e pagode são as mentiras e o emo é a viadagem”.

“Carros, eletrodomésticos e parceiros sexuais teem a mesma vida útil.  Quando começam a dar problemas, devem ser trocados imediatamente para se evitar prejuízos maiores”.

“A onisciência do Google é interessante.  Daqui um tempo conterá até o perfil de cada um de nós.  De algumas pessoas até já tem”.

“Se não existisse o consolo da masturbação e das drogas, o número de suicídios seria significantemente maior”.

“Metas servem pra exercer pressão.  Sem isso seríamos muito mais desleixados e consideravelmente mais incompetentes”.

“Quem não quiser envelhecer, basta morrer cedo”.

“Quando Jesus disse ‘Crescei-vos e multiplicai-vos’, não imaginava que um dia seria necessário o controle de natalidade”.

“Mulher bonita é como açúcar.  Muito bom, mas pode causar sérios problemas”.

“Todos os felinos teem a sensualidade em sua essência física”.

“Música é ótimo pra lhe fazer relaxar.  Livro é ótimo pra lhe fazer pensar.  Televisão é ótimo pra lhe fazer dormir”.

“Se Deus é brasileiro, está explicado o machismo generalizado no país, o motivo de sermos os maiores exportadores de crianças e o porque de estarmos destruindo nossas florestas por interesses financeiros”.

“Faça amizade com seus inimigos.  Isso lhe dará grande vantagem para você derrotá-los”.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Próximo Programa Encruzilhada Vertical

Próximo sábado (dia 30) o programa Encruzilhada Vertical, apresentado por Augusto Severo, com participação de Mário Orestes, alguns membros do Clube Dos Quadrinheiros De Manaus e prováveis convidados.  O assunto debatido será “Nos Tempos De Escola”.  O público poderá escutar o programa na rádio Vertical (http://www.radiovertical.com/), das 16:00 as 18:00 (horário Manaus) e interagir com os participantes pelo MSN (encruzilhadavertical@hotmail.com).  Lembrando que um pouco antes o próprio Orestes apresenta o programa Vertical Classic Rock (14:00 as 16:00, sempre horário Manaus).

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Memories Trailer

Recentemente resenhado aqui, “Memories” é mais uma obra prima de Katsuhiro Otomo, mesmo autor de “Akira”. Vale a pena ser visto. Uma aula de roteiro bem escrito, animação cativante e aventura adulta. Aqui disponibilizo o trailer. Nem precisa ser legendado porque não há diálogos. Somente uma breve exposição das tramas pra deixar a sensação de “quero mais”.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Ghost In The Shell

Criado pelo mangaká Masamune Shirow em 1989, “Ghost In The Shell” é um mangá de ficção científica que originou animes homônimos em formato de três filmes, duas séries de TV e dois jogos de vídeo games.  A obra em si, que tem vários aspectos da cultura cyberpunk, foi uma das influências diretas da famosa trilogia “Matrix”.  Aqui falaremos do primeiro filme longa metragem homônimo à obra.
A capa do DVD de Ghost In The Shell
O filme de 85 minutos, lançado em 1996 teve a direção de Mamoru Oshii e é uma super produção que contou com uma equipe de cinco produtores, três produtores executivos e mais nove artistas de diversas áreas.  As cenas de computação gráfica são exploradas com maestria, mas apenas no necessário, mais especificamente nas cenas de projeções gráficas e efeitos especiais.  A grande maioria é mesmo de animação tradicional com um traço refinado e realista.  A fotografia é lindíssima e mostra toda a megalomania urbana, característica da arte Japonesa pós-guerra.  Os movimentos também são realistas e oferecem maior veracidade às imagens que são convincentes por si só.  O clima é de um futuro sombrio de uma arquitetura totalmente gigantesca.  A violência é mais uma marca explícita, mas suavizada na sensualidade da protagonista principal que passa quase toda maioria da história semi nua.
A sensual "Major" no cenário megalomaníaco urbano
O ambiente é o Japão do ano 2029, onde a tecnologia já alcançou o estágio em que replicantes são construídos, em seu corpo cibernético, mas com cérebro e espinha dorsal humanos.  As inteligências (artificiais ou replicantes) são conectadas à onipresente rede mundial.  Kusanagi Motoko é uma dessas replicantes e trabalha para a Comissão Nacional Japonesa de Segurança Pública – Seção 9.  Nada mais é do que uma espécie de serviço secreto governamental especializado em crimes ultra tecnológicos.  Com seu nome de guerra “Major”, Motoko é a líder tática de uma equipe de replicantes especializada em combater sistemas avançados, programas que atuam como vírus, robôs tanques, traficantes de softwares e outros replicantes programados para o crime.  Dentre a alta tecnologia usada pelo grupo, está a camuflagem termo ótica.  Antes que alguém pense que esse modelo de invisibilidade é fruto da criatividade artística da ficção científica, pode até ter razão no tocante à origem, mas a tecnologia já existe em protótipos, e podem ser encontradas informações a respeito se for buscado por “meta matéria” na Internet.  Num certo momento do filme, Kusanagi intrigada por suas memórias, se pega na crise existencial de sua personalidade.  Reflexão direta ao clássico “Blade Runner” onde replicantes vivem em conflito constante com suas existências passadas como seres humanos, lembradas em suas memórias.  O roteiro extremamente bem elaborado, invoca num certo momento, uma inteligência artificial que tem como intuito maior a manutenção da sobrevivência e consegue tal proeza trocando de corpo, conforme a oportunidade.
Ghost In The Shell” é facilmente encontrado pra download legendado na Internet.  Recomendo o DVD original que possui mais de uma hora de making of.  Não deixe de assistir, a procura valerá a pena.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Sandman

Criada pelo escritor inglês Neil Gaiman em 1988, “Sandman” é uma série de histórias em quadrinhos que mostra o universo do senhor dos sonhos.  Isto é, Mr. Sandman, ou Morpheus, é a personificação do próprio mestre controlador dos sonhos de homens e animais.  Perpétuo em sua natureza, possui outros seis irmãos, também com qualidades divinas, que controlam outros aspectos da natureza.  São eles: Morte, Destino, Delírio, Destruição, Desejo e Desespero.  Todos “perpétuos” que teem como sina a administração daquilo no que são mestres.
Uma das belíssimas capas feitas por Dave McKean
A série saiu pelo selo de quadrinhos para adultos chamado “Vertigo”, pertencente à DC Comics.  Teve início no ano de 1988 e seu final publicado em 1996.  Em seu total, as histórias estão divididas em arcos que podem ser encontradas em sagas de vários episódios ou em histórias curtas de um só exemplar.  Algumas histórias complementares com alguns dos irmãos, também fazem parte deste universo fantástico, apesar de não terem uma cronologia rigorosa no roteiro da existência de Sandman
A que mais recebeu destaque foi Morte, por ser personificada num belíssimo corpo de ninfeta gótica e também por ser um tema tão intrigante para todo e qualquer ser vivo.  As revistas tinham formato americano, mas praticamente tudo pode ser encontrada pra venda em formato encadernado de capa dura e papel coche.  Porém, com preço um tanto “salgado”.  Durante esse tempo, ganhou prêmios, influenciou teatro, cinema, TV, games, músicas e bandas.
No Brasil a série foi publicada por completo, mas em várias editoras diferentes mudando várias vezes de formato e, em alguns casos, mudando até a coloração e tradução.  Tudo devido às constantes mudanças geradas pela instabilidade no mercado dos quadrinhos que afetavam cronologia das histórias e direitos autorais de publicação.  Os luxuosos formatos encadernados também foram disponibilizados no Brasil e são muito desejados por colecionadores, principalmente os primeiros arcos que acabaram se tornando raridades e hoje valem ouro no meio.
O mundo dos sonhos, ministrado por Sandman é onde todos os seres vivos teem suas vidas e sentimentos expostos em convergência com a maestria deste perpétuo.  Neste mundo, se desenrolam histórias de medo, de crises existenciais, de desamparo, de solidão, tudo com uma realidade paralela onde a própria vivência pode ser modificada de modo quântico imaginário ou espiritual.  O teor é poético e lírico.  As referências são diversas e remetem a rock and roll, Oscar Wilde, ao jazz de Chat Baker, Billie Holiday e Miles Davis, ao renascentismo, a William Shakespeare e muitos outros ícones e fatos artísticos.  O conteúdo é tão erudito que torna a violência e a psicologia densa em elementos românticos dos contos.
Sr. Morpheus e seus irmãos perpétuos
Como dito acima, a aparência de Morte é gótica e esse é o geral dos demais irmãos.  O próprio Morpheus também tem um visual dark que mais parece Robert Smith (guitarrista/vocalista da banda The Cure) quando magro.  Porém, essa aparência, cada um deles tem o poder de modificar dependendo de sua vontade própria ou até mesmo de necessidade da ocasião.  Todos teem uma essência divina de onipresença para participação com milhares de pessoas no mundo todo que estejam em atuação de determinada peculiaridade.  Por exemplo, milhares de soldados guerreando, estão sujeitas ao domínio de Desespero, de Delírio, Destruição, Destino e Morte.  Bem como milhares de pessoas dormindo ao mesmo tempo no mundo todo, estão sujeitas aos domínios de Sandman.  A propósito, Morpheus é chamado de “Sandman” (homem areia) por possuir um saquinho com uma areia mágica que induz qualquer um ao sono imediato.
Não só uma aula de histórias em quadrinhos, “Sandman” é também uma grande colaboração para a literatura pop mundial, onde linguagens, técnicas e tendências se misturam em fábulas com roupagens contemporâneas que induzem à identificação do leitor e à reflexão.
Procure conhecer que certamente valerá a pena.

domingo, 24 de abril de 2011

A Farsa Da Páscoa

Mais uma data que usa a religião como expoente do capitalismo, a “Semana Santa” foge da realidade em afirmar o amor e a confraternização da ressurreição de um homem, que nem se tem a prova de sua existência no passado.  Levando-se em consideração que os sociólogos são unânimes em afirmar que a violência tende a crescer elevando também o número de homicídios, talvez o placebo nunca esteve tão popular como se faz agora.
O primeiro contexto analisado é o religioso.  Afirma-se que Páscoa, nada mais é do que a representação da ressurreição de Jesus Cristo, após a sua morte na crucificação.  Essa é uma das histórias mais sem sentido já inventadas pelo Vaticano.  Nunca existiu um registro de ressucitação na história da humanidade.  Outra coisa que se insiste em mentir, é que o tal judeu tinha poderes divinos.  Jesus, se existiu, foi um ser humano normal que se destacou por ser muito inteligente, culto, sagaz, político, retórico, libertário e fanático.  Portanto, não possuía poderes a ponto de ressucitar.  Aliando-se a isso, temos a tratante tradição de malhação ao Judas.  Este apóstolo foi o único a ser fiel com seu mestre.  Na verdade, Judas avisou Cristo do perigo que este corria, aconselhou-o à fuga e se dispôs em ajudá-lo.  Todos os demais apóstolos negaram a amizade de Cristo ou delataram-no.  Judas ganhou a infâmia porque o imperador era poderoso e usou tudo a seu favor, até mesmo a oposição de Jesus.  Claro que difamaria Judas de modo emblemático.  Sem levar em conta a violência no simples ato de espancar e queimar, mesmo que um simples boneco.  O ovo de Páscoa representa o nascimento.  Mais do que um pragmatismo direto do renascimento, um produto alimentício que move toda uma cadeia produtiva para um objeto final a ser consumido.  Lógico que o chocolate é um dos alimentos mais cativantes e acessíveis para formar este produto.  A imagem do coelho entregando o ovo, também é ímpeto maquiavélico.  Um animal silencioso, totalmente sociável, que aceita facilmente o carinho humano, em sua maioria de cor branca e de uma pelugem tão macia que mais parece um bicho de pelúcia vivo.  Não poderia ser outro animal.  Com esses alicerces vem o afã da sazonalidade.  O consumo da carne vermelha é trocado pela carne branca, pois a carne vermelha representaria a carne de Cristo.  Porém, essa é a época em que a carne branca tem seu ápice no aumento de preços.  O catolicismo aproveita para fomentar seu marketing discursivo, angariar novos devotos e fortalecer o vínculo com os já existentes.  Governo e empresariado deitam e rolam.  As margens de lucro crescem, mais impostos são pagos, o consumo de futilidades é incentivado e todo mundo posa de irmão.
A teoria é linda, mas exatamente como a Constituição Federal Brasileira, difere em muito da realidade vigente.  A criminalidade não diminui em nada, a felicidade transpassada é representativa de uma classe social determinada e a um período de instantes de atuação.  Um dos maiores desafios da humanidade nesse nosso novo milênio é criar uma metodologia sistêmica que ofereça uma efetividade na qualidade de vida conferente à auto sustentabilidade sem o vínculo monetário ou relação com valores dogmáticos.  Seria uma economia baseada em recurso e não em capital.  Isso afetaria não só relacionamento racional com o meio ambiente, mas também extinção da violência e de outras consequências maléficas do capitalismo.  Também não se precisa de uma data específica para a prática do amor para com o próximo.  Todo dia é dia de compaixão, independentemente de usurpação e demagogia, seja governamental ou religiosa.  Enquanto isso ainda soar como quimera, voltamos à falsidade da Páscoa.

sábado, 23 de abril de 2011

Revolta Do Oposto

O que falta a mim
Abunda a ti.
Das desgraças aqui
Há luxúrias aí.
Grades e muros nos separam
Guardas armados te amparam.
Tua prole estuda no exterior
Minha labuta no interior.
Diriges somente importados
Caminho diariamente cansado.
Teu viver é de um rei
Padecer já me é lei.
O padrão vai se romper
Amotinados vais temer.
Tomaremos as regalias
Dividiremos as mordomias.
Nada de comunismo
É nata de vandalismo.
Não adianta chorar
Nem sequer gritar.
No tardio alvorecer
Diferenças irão morrer.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Ecos Bar

Por volta dos anos 2001 e 2003, um local fervilhava nas noites dos finais de semana em Manaus.  O Ecos Bar estava localizado num conjunto residencial, literalmente no fim do bairro Parque 10 de Novembro, e foi por um bom tempo o point de reunião dos rockeiros e apresentação de bandas mais atuante da cidade.
Sei de pessoas que começavam a frequentar o local desde quarta-feira até o sábado.  Para os que moravam no mesmo bairro, todos os dias davam uma passada pelo bar pra marcar presença e verificar se havia algum conhecido ou algum “bônus” notívago.  Porém, como eu estudava a noite e não moro perto do local, somente as sextas-feiras que eu aparecia.  Contudo, numa peregrinação um tanto peculiar.  Saia da faculdade por volta das 22:00 e ia direto pra casa do meu amigo Marcelo Mota que mora num conjunto residencial na avenida Constantino Nery.  Algumas vezes nem chegava a entrar no apartamento dele.  Esperava sentado na frente do conjunto e quando este aparecia, juntávamos nosso dinheiro e ligávamos imediatamente pra nossa junkie delivery.  Aguardávamos um pouco até sermos servidos e caminhávamos felizes para o Ecos.  Não que evitávamos os ônibus coletivos, mas nas caminhadas, parávamos em meio do caminho e usávamos a primeira dose de nossa “diversão”.  Primeira dose na mente, já tínhamos incentivo para caminharmos tranquilos e satisfeitos.  Quando chegávamos no local, já estava pura euforia.  As cadeiras lotadas, mesas de bilhar idem, mas não tínhamos interesse em sentar ou jogar.  Primeira providência era cerveja pra Marcelo e água tônica pra mim.  Segunda providência, era a segunda dose junkie.  Como o local não era grande, boa parte do público ficava em pé mesmo na frente do bar, pela calçada e até mesmo na calçada oposta ao bar e nas ruas do entorno se divertindo de todas as maneiras imagináveis.  Era uma espécie de junkie food coletivo urbano e noturno.  Moradores não colocavam as caras nas janelas pra verem o que se passava frente às suas casas e como era uma parte escondida do bairro, todos ficavam bem a vontade.  Até casal transando encostado em poste com lâmpada queimada cheguei a ver numa dessas noites.  No espaço estipulado como palco, bandas como Platinados, Underflow, Chá de Flores, Zona Tribal, João Pestana, Espantalho, Charlie Perfume e muitas outras chegaram a tocar estimulando o teor alcoólico de todos.
Numa dessas, do nada apareceu um comboio de carros da polícia.  Pararam frente ao bar.  Alguns policiais se dirigiram para o interior do local e a maioria se espalhou entre os jovens na rua em busca de drogas e menores de idade.  Eram tantos carros de polícia e tantos militares que o fedor de corrupção infestou o ambiente.  Por eu ser o típico estudante universitário, Marcelo deixava todo o carregamento de nossa diversão comigo.  Por ser grande fã de Sun Tzu e Maquiavel, sei manter a calma nesses momentos.  Fui abordado por um policial que queria ver o conteúdo de minha mochila.  Imediatamente mostrei-me prestativo.  Cheguei a conversar educadamente algum assunto que não recordo com o policial.  Ao ver vários livros, caderno e apostilas diversas, ele logo perdeu o interesse em mim.  Mal sabia o porco, que meus bolsos continham o suficiente pra me enquadrar como traficante.  Por algum tempo essas revistas se tornaram rotina, mas depois cessaram deixando a garotada em paz.
Por falta de investimento dos proprietários, o Ecos bar deixou de promover os shows de rock que lotavam a casa.  Como o público do pagode era tão numeroso quanto o rockeiro, mas bem mais comportado, este passou a ser o foco de público e o Ecos bar nunca mais voltou a ser o mesmo.  O local ainda está em funcionamento, mas não abriga mais a casta rocker.  De qualquer forma, a memória está marcada e certamente que muitos sorrisos se abrem ao ativarem suas lembranças de mais um local, que foi por um tempo, fundamental para a alegria de muita gente que viveu aquilo.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Especial Siouxsie And The Banshees

O programa Vertical Classic Rock, da web rádio Vertical, produzido, dirigido e apresentado por Mário Orestes, volta a realizar as suas edições de especiais.  Sempre no último programa do mês o Vertical Classic Rock realiza uma edição somente com um só artista ou banda.  Onde são dedicadas duas horas diretas que abordam músicas de toda a carreira, bem como fatos biográficos e curiosos do nome em questão.  Neste mês de abril.  O especial será com o grupo “Siouxsie and The Banshees”, ícone do pós punk e da cultura gótica.
Criada na Inglaterra em 1976, com a explosão do movimento punk, na época, a banda ainda não tinha nome ao tocar em público pela primeira vez.  Contava com Sid Vicious tocando bateria, antes mesmo dele entrar como contrabaixista nos Sex Pistols.  A vocalista Susan Ballion resolveu criar um nome artístico com Susy And The Banshees (Banshees são entidades femininas da mitologia celta que anunciava a proximidade da morte com suas vozes belas e mórbidas).  E finalmente, para homenagearem a tribo indígena americana Sioux, massacrada pelos colonizadores ingleses, acataram Siouxsie And The Banshees.
Lançado em 1978, o primeiro single “Hong Kong Garden” entrou imediatamente para o top 10 Britânico.  No mesmo ano lançam pela Polysom o primeiro LP intitulado “The Scream” que teve como destaque a cover dos BeatlesHelter Skelter”.  Todas as faixas apresentam uma sonoridade suja com toda a influência do punk.  O segundo álbum “Join Hands” lançado em 1979, mantém as características punks e tem o sucesso “Icon”.  No mesmo ano sofrem uma série de mudanças na formação.  Entra Budgie na bateria (ex-The Slits), John McGeoch na guitarra (ex-Magazine) e Robert Smith na outra guitarra (também guitarrista e líder do The Cure).  Em 1980 sai o terceiro disco “Kaleidoscope” que já consta com Steve Jones na guitarra (ex-Sex Pistols).  Este disco muda a sonoridade da banda para o estilo gótico nascido com os grandes nomes do pós punk como Joy Division, Magazine, The Fall e o próprio The Cure.  Três sucessos emplacam nas paradas de sucesso da Inglaterra, “Christine”, “Red Light” e “Happy House”.  É realizada a primeira turnê norte americana.  No ano de 1981 é lançado o álbum “Juju” que repete a sonoridade gótica e consta com os hitsSpellbound” e “Arabian Knights”.  Também neste ano é lançada a primeira coletânea oficial “Once Upon A Time”.  No ano seguinte é lançado o disco “A Kiss In The Dream House” com um timbre mais suave e psicodélico, devido a problemas de saúde de Siouxsie.  Volta à guitarra Robert Smith que grava os dois álbuns seguintes da banda, o duplo ao vivo “Nocturne” de 1983 e “Hyaena”, com músicas inéditas em estúdio de 1984.  Logo após o lançamento deste de 84, Robert volta a deixar a banda, desta vez em desafeto com Siouxsie.  O próximo disco com inéditas em estúdio seria “Tinderbox” de 1986 e traria o maior hit da banda, “Cities In Dust”.  O disco seguinte do ano de 1987 “Through The Looking Glass” é só de covers e contem os destaques “The Passenger” de Iggy Pop, “You’re Lost Little Girl” dos Doors, “Hall Of Mirros” do Kraftwerk, “This Wheel’s On Fire” de Bob Dylan, dentre outras pérolas.  Em 1988 sai o disco “Peepshow” que impressiona a todos por mostrar tendências pop e dançantes.  Em 1991 lançam outro disco com influências pop e dançantes, “Superstition” que é quase um álbum conceitual inspirado em um real acidente automobilístico depois de uma maldição satânica.  No ano seguinte sai a segunda coletânea oficial “Twice Upon A Time”, que possui uma música inédita, “Fireworks” e o singleFace To Face” feito por encomenda para a trilha sonora do filme de Tim BurtonBatman – The Return”.  Em 1995 é lançado o último disco da banda intitulado “Rapture” e produzido pelo grande John Cale (ex-Velvet Underground).  Por incrível que pareça, o final da banda é motivado pelo advento revival do punk com a volta do grupo Sex Pistols.  Conforme declaração da própria Siouxsie: “Não fazia mais sentido continuar com os Banshees se os deuses de tudo estavam de volta”.
Atualmente Siouxsie atua em projetos paralelos diversos alternando com trabalhos solos.  O programa Vertical Classic Rock é transmitido todo sábado das 14:00 as 16:00 (horário Manaus) na web rádio Vertical, que pode ser escutada no endereço (http://www.radiovertical.com/).  Qualquer informação a mais sobre o programa, bem como resenhas de discos, entrevistas com bandas, divulgação de shows e Festivais, podem ser conferidas no blog do programa (http://verticalclassicrock.blogspot.com/).

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Brutal Instinct Of Retalliation

Mortificy é uma banda manauara de extreme metal, formada no ano de 2000, que impressiona pela velocidade, principalmente do baterista Robson Mariano, elogiado inclusive pelos músicos da banda Krisiun (banda de extreme metal que consta no Guiness Book como a mais rápida do mundo).  Nos primórdios, o grupo contava com uma bateria eletrônica sampleada para fazer o acompanhamento, pois até então, nenhum baterista tinha conseguido acompanhar a sincronia.  Até que se encontrou Robson e tudo mudou.  O grupo chegou a gravar algumas músicas para coletâneas européias, fazer alguns shows fora de Manaus (inclusive no sudeste do país) que tiveram ótima repercussão.  No ano de 2003 gravam o CD demo chamado “Brutal Instinct of Retalliation”.  Deste debut que falaremos aqui agora.
O disco abre com as batidas cadenciadas de “Desolation Of The Religion”, que imediatamente entra na pancadaria death que marca toda a bolacha.  O refrão da música é bem marcante e certamente é a escolha certa para abertura de um CD.  A segunda faixa é “Behold To Desecration” que já começa com porrada.  Os vocais guturais e rasgados, principal (de Marcelo Silva) e backing (de Ícaro Freitas, na época), respectivamente, se mostram com grande potência.  Em sua metade a música sofre uma quebrada, descansando os headbangers, pra voltar em sua parte rápida posteriormente.  A terceira faixa é homônima à demo e tem este nome como única frase dita na letra, repetindo-se algumas vezes.  Nesta, se destaca a guitarra de Daniel Silva que exerce grande velocidade, tanto nos riffs da estrutura musical quanto no solo.  Na sequência vem a faixa “Slaves Of Faith” fortalecendo a grande crítica às religiões e seus dirigentes mentecaptos.  A música em si tem um tempo muito complexo e passa a compreensão do porque não é qualquer um que consegue acompanhar o ritmo.  Pra fechar a demo vem “The Glorious Dead” que é uma cover da banda holandesa de death metal Gorefest.  A versão é bem fiel à original e certamente deixou os criadores com orgulho.  Até a parte “lenta” no meio da canção é cativante como a dos holandeses.
Na geral, o disco poderia ser um pouco mais trabalhado na mixagem e nos vocais.  Também a parte gráfica, mas estamos falando de um trabalho demo, então a qualidade já está bastante apresentável e sem dúvidas que é um bom cartão de apresentação que mostra a qualidade invejável do extreme metal que é feito, aqui no norte do país também.  O grupo ficou um bom tempo no hiato, mas retornou recentemente com novo baixista e com gás total nos shows.  Aguardem o CD oficial de estréia da Mortificy ainda pra esse ano de 2011.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Outros Aforismos De Orestes

“A vingança é um ótimo estimulador da criatividade e do planejamento”.

“Se o erro não for usado de modo a refazer o raciocínio, será o atestado da ingenuidade e da burrice”.

“Quanto mais a tecnologia avança, mais frágil ela fica”.

“Pessoas boas morrem cedo.  Quando não, sofrem por muitos anos enquanto vivas.  Pessoas ruins vivem muito e gozam muito bem a vida”.

“Não diga: ‘Tenha fé’.  Diga: ‘Tenha placebo’”.

“Para ser um bom poeta, é preciso muita leitura, capricho na escrita e erudição.  Mas tem muitos ditos poetas, que pensam precisar somente de drogas, boemia e muita chatice pra cima dos outros”.

“A arte é uma das ferramentas terapêuticas mais eficazes que existe”.

“Sempre que se encontrar com raiva, isole-se e masturbe-se, ou então use algo pra alcançar o estado alterado da mente.  O humor melhorará”.

“Sexo é um dos vetores da qualidade de vida e da saúde”.

“Eliminar o capitalismo levaria ao saneamento de todos os males existentes de procedência antrópica.  Isso não é impossível e nem utópico, mas o problema é que precisaria de uma revolução cultural global”.

“Tudo que é obrigatório não presta.  Mas algumas coisas simplesmente necessárias que não são implementadas no meio acadêmico, deveriam ser repetidas incessantemente para quem não as quer, até que este se convença da necessidade”.

“Um dos princípios que exige a evolução do ser é o sexo”.

“Assim como existe a Academia de Letras, deveria existir a Academia de Quadrinhos, a Academia de Música, a Academia de Cinema etc.”.

“Todos falam dos males das drogas, mas ninguém revela que Coca-Cola e café, quando vícios, são tão nocivos quanto qualquer outra droga”.

“Para a Secretaria de Cultura do Estado, artes gráficas e artes plásticas não merecem tanta atenção por não serem espetáculos.  É através do espetáculo que se atinge mais facilmente a manipulação em massa”.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Próximo Encruzilhada Vertical

Próximo sábado (dia 23) o programa Encruzilhada Vertical, apresentado por Augusto Severo, com participação de Mário Orestes, alguns membros do Clube Dos Quadrinheiros De Manaus e prováveis convidados.  O assunto debatido será “Sessão da Tarde – parte 2”.  O público poderá escutar o programa na rádio Vertical (http://www.radiovertical.com/), das 16:00 as 18:00 (horário Manaus) e interagir com os participantes pelo MSN (encruzilhadavertical@hotmail.com).  Lembrando que um pouco antes o próprio Orestes apresenta o programa Vertical Classic Rock (14:00 as 16:00, sempre horário Manaus).

domingo, 17 de abril de 2011

1984 - Trailer

O impressionante filme “1984” (ver arquivo deste blog) baseado no incrível romance homônimo de George Orwell é bastante fiel ao livro e tão chocante quanto. A obra dá uma estranha sensação ao espectador que inconscientemente sabe que tal ficção já tem uma certa realidade. Aqui o trailer do filme.

sábado, 16 de abril de 2011

Memories

Esta película de 114 minutos em desenho animado lançada no ano de 1995 é uma produção japonesa do mestre Katsuhiro Otomo (mangaká famoso por ter criado a obra prima “Akira”.  Ver arquivo deste blog).  Na verdade “Memories” está dividido em três curtas metragens em anime, com diferentes traços e direções, mas todos de criação do próprio Otomo.
A primeira parte do filme se chama “Magnetic Rose” e conta com a direção de Koji Morimoto.  Mostra uma ficção científica futurista de roteiro impressionante com excelente desenho de traços realistas.  Um grupo de astronautas que trabalha coletando lixo espacial, encontra uma nave alienígena abandonada e resolve explorá-la.  Em seu interior se deparam com as dependências de um teatro do século XIX, e mais adentro com uma sacada que dá acesso a um jardim e um extenso terreno bucólico ensolarado.  Não demoram pra encontrar a sensual personagem de uma cantora soprano de ópera que parece ser um fantasma vivendo naquele lugar.  O processo se demonstra um avançado sistema de auto defesa da nave, mas eles não sabem até que ponto isso é criação da nave, ou assombração, visto constatarem que a sedutora personagem existiu em vida.  A segunda animação chamada “Stink Bomb” tem a direção de Tensai Okamura.  Surpreendentemente tende para o humor e conta a hilária história de um rapaz nerd que trabalha numa indústria química governamental e sem querer engole um protótipo de fórmula que o transforma numa bomba humana e que transmiti um fedor simplesmente letal pra qualquer ser vivo próximo a ele.  Por desconhecer o que se sucede, não compreender o motivo de todos a sua volta estarem mortos e se ver na obrigação de levar importantes informações secretas para o governo, segue em direção ao centro de Tóquio, provocando um caos social com a incompetência da desordem militar em eliminá-lo.  O traço é de um contemporâneo suave e bonito.  Pra fechar o filme vem “Cannon Fodder” com direção e (incrivelmente) desenhos de Katsuhiro.  Os traços misturam realismo com caricatura, as cores são plásticas e sombrias como num quadro barroco.  O roteiro de um futuro orwelliano narra a triste realidade de um vilarejo que vive em guerra eterna e tem canhões gigantescos instalados na cidadela.  Toda a atenção de educação, economia, cultura e política dos moradores é voltada para a guerra com um invisível inimigo e os imponentes canhões.  Tudo é visto pela visão ingênua de um garoto que ama o trabalho militar servil de seu pai.
Facilmente encontrado pra download, “Memories” é mais um grande trabalho de Katsuhiro Otomo que merece ser conferido, não só por apreciadores de mangá e animes, mas também por amantes de boas histórias e entretenimento de qualidade inquestionável.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Machado De Assis

Escrever sobre Machado de Assis não é uma tarefa tão fácil.  Não estamos falando apenas de um grande escritor.  O homem é um exemplo de ascensão, intelecto e talento reconhecido mundialmente e posto ao lado de outros grandes gênios da literatura como Dante Alighieri e William Shekespeare.  Sua obra é objeto de estudo e teses acadêmicas no mundo todo por sua erudição na arte da escrita.  Romancista, poeta, contista, cronista, dramaturgo e jornalista, transitou por vários estilos sendo o Romantismo e o Realismo os mais explorados em seus escritos.
Nascido Joaquim Maria Machado de Assis no Rio de Janeiro em 1839 e falecido no ano de 1908, em seu mesmo Estado natal, vivenciou a histórica transição política brasileira de Império para República, sendo este fato (bem como todo o cenário político que relatou em folhetins e crônicas) muito bem narrado por ele nos jornais e revistas em que atuou.  Tendo origem de família pobre, nunca chegou a estudar numa faculdade, mas seus dons autodidatas, lhe concederam todas as ilustres posições e reconhecimentos merecidos.  Como se fazia hábil na escrita, conseguiu oportunidades para trabalhar como jornalista e através disso alcançou notoriedade e influência, pelo qual soube aproveitar o afã para projeção até mesmo como funcionário público no Ministério da Agricultura, Ministério das Obras Públicas e Ministério do Comércio.  Mesmo sem nunca ter sido um acadêmico, fundou a Academia Brasileira de Letras em 1897 e foi o primeiro Presidente desta eleito por unanimidade.  Seu legado conta com 9 romances e peças teatrais, 5 coletâneas de poemas, 200 contos e mais de 600 crônicas.  Na fase do Romantismo, estilo literário onde os personagens possuem características românticas, sendo o amor explorado incansavelmente como foco principal, podemos destacar “Ressurreição” (seu primeiro romance de 1872), “A Mão E A Luva” de 1874 e “Helena” (romance com final surpreendente lançado no ano de 1876).  Foi um dos pioneiros do Realismo no Brasil, que é um estilo mais voltado para a realidade crua, dos prazeres, da tristeza e das imperfeições, desta fase destacam-se “Memórias Póstumas De Brás Cubas” de 1881, o incrível conto “O Alienista” de 1882, que parece estar sempre atualizado, “Quincas Borba” de 1892 e “Dom Casmurro” de 1900.
Se você tiver um mínimo de direcionamento estudantil, passará por Machado de Assis, podendo se aprofundar um pouco mais, caso leve adiante os estudos.  A obra deste mito, já está por completa, disponível pra download.  Procure que valerá a pena.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Groo - O Errante

Sátira direta ao bárbaro cimeriano Conan (personagem em quadrinhos mais famoso do escritor americano Robert Ervin Howard), Groo – O Errante, foi criado pelo traço marcante e detalhista do premiado quadrinhista espanhol, naturalizado mexicano, Sergio Aragonés (alcançou fama na década de 60 ao produzir as marginais da revista Mad) e recebia os roteiros de Mark Evanier.  Publicado no Brasil pela Editora Abril em gibis de formato americano, alcançou boas vendas e grande recepção de crítica e fãs de boas histórias em quadrinhos.
Bem como Conan, as histórias do errante Groo acontecem numa era pré medieval qualquer e mostra um também bárbaro nômade, grande mestre na arte da batalha com espadas que não era derrotado nem por um exército completo.  Contudo, Groo tem algumas particularidades um tanto tenebrosas.  Sua personalidade é extremamente ingênua e tão desprovida de inteligência quanto uma porta.  Desculpem a gafe.  Uma porta é bem mais inteligente que Groo.  A burrice é tanta que por várias vezes ele nem sabe bem quem matar e o porque.  Por isso é constantemente explorado por usurpadores que se aproveitam de seus dotes como guerreiro, mas seus planos caem por terra sempre, devido a alguma calamidade causada pela extrema ignorância de Groo.  É comum destruição completa de cidades e vilarejos que teem o azar de receber a visita do errante.  Aliás, no tocante a azar, qualquer ponte por onde Groo passa cai e qualquer barco que ele entra, afunda.  Os mais espertos fogem assim que avistam a chegada do bárbaro, pois a infâmia de desgraçado é grande a ponto de ser lendária.  Em contra ponto ao estereótipo imaginado, este guerreiro em vez de atlético, é gordo, feio, estabanado e glutão extremamente cego por queijo derretido e carne de javali.
Alguns personagens secundários são constantes em suas histórias.  O mago que é um feiticeiro idoso, conselheiro de Groo e que sempre tem o azar de o encontrar por acaso, é visto pelo guerreiro como um grande mentor.  Um bobo de corte que cantarola as introduções das histórias se faz narrador as vezes.  Seu fiel cão Rufferto, que aparenta mais inteligência que o dono, porém ingênuo em segui-lo nas aventuras, também é companheiro de saga e remete a Dom Quixote e Sancho Pança.
O clima aventureiro bucólico de monstros, bruxas, castelos, dragões, piratas e batalhas épicas ganha todo um tom hilário com humor negro que pode gerar surpresas e gargalhadas com as sempre inesperadas situações conseqüentes da infinita estupidez de Groo.
Procure em algum sebo ou compre o que encontrar pela Internet que é diversão garantida.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Auto Luto

Antes da segunda pá de terra me levanto
O sono foi profundo, mas escutava teu pranto.
Ninguém aqui presente sabe o que aconteceu
Agora estou ciente do que me sucedeu.
Me seduziste por anos em tua beleza
Austera ganância impôs tua natureza.
Te germinei por amor,
Mas fizeste minha dor.
Da semente nasceu um herdeiro
De tua mente só se vê o dinheiro.
O barbeador elétrico com fio descascado
Planejamento métrico e um banho torrado.
Tuas lágrimas de crocodilo
Enganam todos em teu estilo.
Agora estou aqui vendo o circo armado
Invisível, intocável, nu e desarmado.
Espectro inofensivo apenas observo
Última pá de terra que cobre meu terno.
A raiva não está em ter morrido cedo
Mas sim, em agora não te pôr medo.
No estado atual não posso nada fazer
Aguardarei anos pra chegar teu morrer
Quando por fim teus olhos de vez fechar,
A espera de minha vingança irá acabar.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Glossário Orestes - V, W, X, Y e Z

V
Vacuidade sf. Constante estado do brasileiro.
Vadeável adj. Caráter de vários cargos empregatícios no Distrito Federal.
Vadiar vt. Meta constante de deputados.
Vagina sf. 1. Maravilha da natureza feminina. 2. Lugar anatômico de onde todo ser humano já saiu um dia e por onde vários entrarão por muitas vezes.
Vaginismo sm. 1. Pompoarismo. 2. Arte feminina que domina muitos homens.

W
Wagneriano adj. Relativo ao compositor alemão Richard Wagner ou à sua música.

X
Xenofobia sf. Mal sofrido constantemente por brasileiros, outros latino americanos, orientais, africanos e qualquer outro povo menosprezado.
Xereta s. Tipo de pessoa que está presente em todo tipo de organização, as vezes soltos pelas ruas também.
Xerife sm. Cargo de conotação poderosa que aplicado para certos policiais ou certos presidiários.
Xilindró sm. Lugar pra onde muitos pobres são enviados, ao menos uma vez na vida.
Xingar vt. Ato muito praticado por policiais e militares em geral.

Y
Y sm. Letra substituído pelo “i” do alfabeto em 1943 por preguiçosos que nunca aprenderam inglês.

Z
Zabaneira sf. Muitas das mulheres existentes.
Zagorrino sm. e adj. Muitos dos homens que detêm o poder político, militar, institucional ou empresarial.
Zângano sm. Típico de grandes empresários e políticos.
Zangurriana sf. Muitas das músicas respeitadas e ditas como grandiosas.
Zaragata sf. Carnaval.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Próximo Encruzilhada Vertical

Ficou para o próximo sábado (dia 16) o programa Encruzilhada Vertical, apresentado por Augusto Severo, com participação de Mário Orestes, alguns membros do Clube Dos Quadrinheiros De Manaus e prováveis convidados.  O assunto debatido será o de conhecimento de todos os envolvidos (quadrinhos).  O público poderá escutar o programa na rádio Vertical (http://www.radiovertical.com/), das 16:00 as 18:00 (horário Manaus) e interagir com os participantes pelo MSN (encruzilhadavertical@hotmail.com).  Lembrando que um pouco antes o próprio Orestes apresenta o programa Vertical Classic Rock (14:00 as 16:00, sempre horário Manaus).

domingo, 10 de abril de 2011

Tudo Pelos Ares - Senta A Pua

Muito influenciada pelo AC/DC, a Tudo Pelos Ares faz um rock and roll básico, sem teclados, sem baladas e sem frescuras.  Com letras em português divertidas, com algumas sacadas bem inteligentes, já é normal ver as pessoas cantarem as músicas nos shows da banda que geralmente são lotados e com público eufórico.  Recentemente o grupo foi destaque no Festival Grito Rock em Roraima, levando as pessoas ao delírio.  Seu CDSenta A Pua” lançado em 2010, expressa muito bem a qualidade contagiante dos músicos.
A bolachinha abre com “Aqui Com Você” que é um rockão com um trocadilho muito bacana no refrão.  Convida ao canto e lembra bastante a pegada de Angus Young e companhia.  A segunda é “Vida Alheia” que remete diretamente a Velhas Virgens.  Ótima para escutar bem alto em casa quando alguma vizinha chata perturba.  A terceira é “Brinquedo Sem Graça” que acalma mais os ânimos com um ritmo um tanto rock pop, com pitada de rhythm and blues.  Não chega a perder qualidade.  A quarta faixa é “Por Um Fio” poderia ficar muito bem encaixada num álbum de Celso Blues Boy.  Outro bom rock pop.  Em quinto lugar vem a música “No Lado Escuro Da Nossa Lua” que é um blusão retrô com todas as características de fim de noite decadente, digna de um bom blues.  A sexta faixa é “A Casa Caiu” que volta ao rock simples com uma letra que demonstra todo o desleixo do bom rockeiro que não se importa muito com os demais.  Em seguida vem “Futebol, Samba E Rock N’ Roll” que aumenta o pique da batida e volta com a diversão nas letras com direito a citações de vários ícones do rock.  Na sequência está “Corrida Suja”.  Outra rapidinha com um bom riff e letra de caráter anárquico.  Pra fechar o álbum a faixa “O Problema É Seu” que mostra a influência dos grupos de rock dos anos 80, mas com um toque totalmente peculiar à banda manaura em questão.
Em suma, “Senta A Pua” pode até parecer um disco razoável com boas sacadas e que poderia ter uma produção um tanto refinada e uma arte gráfica mais completa, mas a qualidade das composições não são poucas e pode-se perceber o porque do crescente público da Tudo Pelos Ares que não hesita em tocar em qualquer lugar onde há possibilidade.

sábado, 9 de abril de 2011

Encruzilhada Vertical De Hoje

No programa Encruzilhada Vertical de hoje (09 de abril) os quadrinheiros João Vicente, Augusto Severo, Mário Orestes, Jardel Santos e Daniel Dante estarão falando do que mais entendem: “quadrinhos”.  A participação do público pode ser interativa através do MSN (encruzilhadavertical@hotmail.com).  O programa começa as 16:00 e vai até as 18:00 (horário Manaus), e pode ser escutado na web rádio Vertical no endereço (http://www.radiovertical.com/).  Lembrem-se que duas horas antes (14:00), o próprio Mário Orestes também apresenta o programa Vertical Classic Rock na mesma rádio.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Mais Aforismos De Orestes

“Presto oral em mulheres.  Preferência para as depiladas”.

“As mulheres dominam o mundo.  Só pelo fato de serem as genitoras, já dominam a espécie.  Aquelas que sabem se aproveitar desse artifício, exclusivo delas, enriquecem antes dos 30.  E não precisa ser muito inteligente pra isso.  Luciana Gimenez é a prova”.

“Tente sempre incomodar.  Quanto mais você incomodar, mais você será lembrado”.

“Para acabar com o desemprego, basta proibir que uma pessoa tenha mais de um emprego e estipular jornadas máximas de oito horas de trabalho”.

“Se o sexo liberal fosse cultura de nossa sociedade, não existiria estupro”.

“Jornalistas nunca escrevem o que é pra ser escrito.  Eles sempre escrevem o que entendem do que lhes dizem.  Por isso que boa parte das notícias saem deturpadas”.

“O rock pesado é uma das melhores e mais eficazes válvulas de escape para a violência”.

“Sobreviver é insistir em morrer aos poucos com o passar dos anos”.

“Danço lambada muito bem e por muito tempo, mas só deitado e sem a música”.

“A maior prova de que extra terrestres existem, é o fato deles não fazerem contato conosco.  Sabem que é fria”.

“Torça por seu inimigo.  Isso fará com que ele fique confuso e lhe dará uma certa vantagem sobre ele”.

“Dormir por muito tempo, ficar chapado e ter orgasmos, são alguns ótimos artifícios para se encarar a realidade que é deprimente”.

“Pago tudo na mesma moeda, mas em dobro.  Se me dão um beijo, retribuo com um orgasmo.  Se me dão um murro, retribuo arrancando a mão de meu agressor”.

“Surtar é bom.  Se não enlouquecer, amplia a consciência”.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

End Of The Century - Trailer

Já resenhado aqui, “End Of The Century – The History Of Ramones” é indicado por mostrar os traumas, as decepções, as brigas e o lado humano de uma banda que virou lenda e influência até para outras grandes bandas de rock. Quebra o estereótipo de mito e mostra os ícones como humanos normais e problemáticos. Abaixo o trailer oficial com legenda em espanhol.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Reform School Girls

Reform School Girls” (traduzido para o Brasil como “Escola Para Garotas) é uma produção hollywoodiana de 94 minutos lançado no ano de 1986.  Com direção e roteiro de Tom de Simone, mostra exatamente aquilo que estava no auge em meados dos anos 80.  Violência, mulheres semi nuas e rock and roll no fundo musical.  Interessante como isso soa extremamente atemporal e parece vigorar sempre.
A história não é nada muito criativa, mas chama atenção por alguns fatores determinantes, mesmo tendo um baixo orçamento e roteiro totalmente previsível.  Na realidade “Reform School Girls” é uma sátira ao filme, também hollywoodiano, “Women In Prison”, lançado em 1938 do diretor Lambert Hillyer.  A protagonista principal Jenny (interpretada por Linda Carol) é mandada ao reformatório de garotas após cometer um delito.  Uma vez interna, Jenny tem de enfrentar a ditadura da líder de uma gang no reformatório, Charlie Chambliss (brilhantemente interpretada pela rockeira Wendy Orlean Williams) que impõe servidão, inclusive sexual, para as demais e tudo com a cobertura da corrupta Coordenadora Edna (Pat Ast) e com a vista grossa da Diretora Sutter (Sybil Danning).  O regime autoritário acaba levando as mulheres ao insuportável, causando rebelião e morte.  O chamativo explorado descaradamente no filme é a maravilhosa nudez feminina, visto que boa parte das cenas teem mulheres semi nuas, tendo até uma picante cena no chuveiro coletivo.  Cena esta realizada em contra senso, visto que Carol ainda era menor de idade na época das filmagens.  Uma curiosidade é que Wendy O. Williams (que era vocalista da banda Plasmatics e suicidou no ano de 1998) era exatamente a mesma pessoa que interpreta no papel de Chambliss.  Inclusive o figurino da personagem era usado no cotidiano de Wendy.  Ela própria também compôs e cantou algumas das músicas usadas na trilha sonora.
Reform School Girls” é um dos filmes que encontrei na Internet pra download, mas não achei suas legendas.  Se por acaso alguém as tiver, por favor, faça contato comigo.  Quanto à recomendação, não é algo primoroso na genialidade, mas toca o libido e tem aquele clima de filme B que embalou a juventude de muita gente.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Os Tambores De São Luis

Josué de Sousa Montello foi um escritor, poeta, teatrólogo, romancista, professor e jornalista maranhense nascido em 1917 e falecido em 2006.  Durante sua vida conseguiu ser imortal da Academia Brasileira De Letras, Diretor Da Biblioteca Nacional, Diretor Do Serviço Nacional De Teatro e trabalhou no governo do ex-presidente Juscelino Kubitschek, sobre o qual lhe inspirou o ensaio “O Juscelino Kubitschek De Minhas Recordações”.  Sua bibliografia inclui os impressionantes números de vinte e cinco livros, nove novelas, dez peças teatrais e vinte e um ensaios.  Mas é de sua obra prima que falaremos agora.  “Os Tambores De São Luis”.
Com sua primeira edição lançada no ano de 1975, “Os Tambores De São Luis” é um romance impressionante.  Sua narrativa na terceira pessoa se dá em um anoitecer até o amanhecer do dia seguinte.  Porém, a história narrada é uma jornada épica que conta a vida do personagem Damião, desde a sua infância chegando ao Brasil em navios negreiros com seus devidos pais, até a sua adolescência sofrida com a escravidão e sua fase adulta com a consagração de sua sofrida personalidade afro brasileira.  O livro é uma ficção, mas tem todos os elementos verídicos da história do Estado do Maranhão.  A sociedade aristocrata, as condições sócio políticas, a economia escravista das fazendas com seus coronéis, a expansão católica em paralelo à umbanda.  Está tudo lá.  O ambiente cultural do século XIX expresso no perfil de dezenas de personagens que se cruzam na representação de um episódio do Brasil, sem perder o tom de uma saga em novela.  A composição do texto é de uma tranqüilidade que demonstra facilidade na inspiração, na criação e na escrita, mas com um pouco mais de atenção, percebe-se a erudição no contexto construtivo.  São seiscentas e sessenta e oito páginas, mas de um fluir tão cativante que é difícil o parar sem deixar a curiosidade sobre o que virá a seguir na trama.  Outro grande fator relevante é a psicologia empregada.  A violência é apenas coadjuvante frente ao sofrimento que extrapola o físico e o psique em várias fases da vida do protagonista.
Não apenas um grande romance, mas também uma importantíssima aula apaixonada de literatura com uma história humanista que serve de exemplo no quesito superação.  “Os Tambores De São Luis” vale a procura para aquisição ou leitura via empréstimo.  Não hesite.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Não Só Pra Desinfetar

Quando narro as minhas experiências do passado com o álcool, até mesmo os mais assíduos beberrões chegam a se impressionar.  Não que eu tenha os casos como algo glorioso.  Porém, hoje eu mesmo chego a dar risadas em análise às lembranças.  Os excessos são justificados facilmente com a influência punk e os ímpetos auto destrutivos da adolescência.  Alguns desses momentos memoráveis descrevo agora.
Comecei com a velha “loura gelada” cerveja por incentivo dos próprios tios nas reuniões familiares que aconteciam sempre às sextas.  Era muita cerveja que regava as partidas de dominó.  Não demorou pra que aquilo se tornasse um líquido de ouro pra mim.
Com o aumento do convívio no underground do rock, comecei a apreciar a cachaça e outras bebidas tão fortes e baratas quanto.  A apreciação era tanta e o consumo exponencial que a água já não me era mais ardente.  Com refrigerante, com guaraná, com ki-suqui, com yogurte, pura, com suco ou com apenas algum pedaço de fruta, a cachaça entrava que era uma beleza.  Como o principal era a quantidade e não a qualidade, o óbvio era pela marca mais barata encontrada.  O consumo era tanto que as vezes faltava dinheiro pra comprar mais.  Quando isto acontecia, eu aprendi a recorrer para uma alternativa bizarra.  Álcool de farmácia.  A preferência era pela marca de nome “Tubarão”, por ser barata.  Dois dedos de álcool no copo e o restante era completado com guaraná.  Cheguei a tomar Tubarão com vários amigos.  Para alguns, só revelei tratar-se de álcool de farmácia após o primeiro copo ingerido.  Num dos momentos de mais fissuras, cheguei a vender um disco de Jimi Hendrix para comprar cachaça.  Tinha esse feito, como o maior arrependimento de minha vida.  Só não o é mais, devido a não beber mais de quinze anos e já ter conseguido comprar o disco novamente.
Numa certa data que não lembrarei nunca, minha irmã mais velha que é lésbica, sociopata e que toma remédio controlado (pura verdade), trabalhava em um bar qualquer.  A sociedade dela se desfez e ela apareceu em casa com uma caixa de cachaça lacrada.  Fez a proposta pra mim: caso eu a vende-se, cinquenta por cento do lucro era meu.  Lógico que topei.  Meus pais e minhas irmãs passavam o fim de semana todo na Vivenda Verde (condomínio campestre de Manaus).  Sozinho em casa eu olhava pra caixa de garrafas e a caixa de garrafas olhava pra mim.  O flerte não demorou muito e partimos logo para o amor.  A caixa não durou um mês e certamente que não dei um centavo para minha irmã maldita.
Bebia tanta cachaça que a cerveja já não me fazia efeito.  Quando algum conhecido dizia ter pego um porre com cerveja, eu ria e dizia que cerveja era bebida de criança.
Cheguei ao cúmulo de sair na madrugada em baixo de chuva atrás de cachaça pra venda, devido a ter acabado meu estoque pessoal.  Nessas peregrinações, passei pelo meio de galeras armadas, palafitas apodrecidas por cima de igarapés poluídos e por batidas policiais austeras.
Amanhecer fora de casa em bairros distantes era normal.  Numa dessas acordei com uma ressaca triste e com uma dor de cabeça horrível.  Depois de alguns minutos recobrando a consciência, percebi que estava numa cama estranha, num quarto estranho.  Olhei ao redor com calma, mas não reconheci nada.  Tudo era estranho.  Os posters amarelados de bandas de rock nas paredes de madeira, os lençóis amarrotados, o piso sujo de vômito e baganas de cigarro e o teto de zinco remendado.  Onde eu estava?  Não sabia.  Sentei na cama e não tive coragem de olhar pela janela aberta, porque a luz do sol estava forte e isso incomoda qualquer bêbado ao acordar.  Percebi que havia um som de fundo.  Rock and roll tocando em outro cômodo com várias gargalhadas e vozes em diálogo.  Antes de tomar qualquer atitude, a porta se abriu e um maluco cabeludo colocou a cabeça pra dentro dizendo:
- Ei, brother!  O rango tá pronto.  Chega aí!
Quando criei coragem e saí do quarto, vi uma espécie de sala de jantar bukowskiana onde cerca de uma dúzia de rockeiros, incluindo uma garota que conhecia do centro da cidade, estavam compartilhando um almoço com a gana de uma família de hienas.  Antes de eu chegar a mesa, me colocam nas mãos um copo de cachaça.  Pensei imediatamente:
- Lar, doce lar.
Um tempo atrás a vodka Katiuscha teve alguns lotes apreendidos por estarem adulteradas com ethanol.  Por azar do destino cheguei a beber uma dessas garrafas.  No dia seguinte meu vômito saia verde de dentro de mim a cada meia hora.  A sensação era tão ruim que pensei seriamente em morte.
Numa outra situação eu estava na companhia de meu amigo Augusto Wallace (vulgo Sibi) e um outro conhecido como Pépe.  A madrugada já estava alta, não havia mais bares abertos, não tínhamos mais dinheiro, a bebida tinha acabado, mas a vontade de beber não.  Não havia mais o que fazer.  Estávamos praticamente conformados escutando um velho aparelho com fitas k7 na garagem da casa do pai de Pépe.  Quando eu olhei para o fusquinha, tive a macabra idéia.  Pépe topou, então não tivemos dúvidas.  Com uma mangueira velha e uma garrafa vazia, tiramos um pouco de gasolina do tanque daquele meio de transporte que alguns chamam de carro.  Foi nossa salvação.  O primeiro gole queimava tanto que deixava-nos sem respirar por um tempo, mas depois que acostumamos, a gasolina descia maravilhosamente pela garganta.
Provavelmente que há outras experiências marcantes.  Caso as lembre, postarei na devida oportunidade.

domingo, 3 de abril de 2011

Lobo Solitário

Com conteúdo impressionante de abordagem adulta, “Lobo Solitário” foi uma das melhores coisas, em termos de quadrinhos, já importadas direto do Japão e lançada com muito sucesso não só no Brasil, mas em muitos países do ocidente, com todo merecimento e até aval de Frank Miller, que chegou a fazer introdução de vários exemplares.
Os desenhos de Goseki Kojima são todos em preto e branco e exploram uma fotografia cinematográfica com ótimas panorâmicas e ângulos típicos da sétima arte.  Os roteiros de Kazuo Koike (também autor de Crying Freeman), certamente fundamentaram o peculiar para o sucesso da série.  A criatividade se faz imperar e cada história tem um grande diferencial uma da outra, sendo todas muito bem elaboradas e com excelentes tramas e desfechos.  Apenas dois personagens guiam o mangáItto Ogami era uma samurai que trabalhava para o Shogun (o universo é o Japão medieval) e acusado de crimes que não cometeu, foi condenado a morte e extermínio de sua linhagem.  Isto é, execução de seus herdeiros.  Indignado, Ogami rebela-se e foge com seu filho, um bebê que é levado sempre num carrinho, chamado Daigoro.  Foragido, torna-se um Ronin nômade que passa a sobreviver como assassino de aluguel.
Ação e violência também estão presentes nas páginas que não poupam traços de velocidade e sangue espirrado.  Contudo, o melhor está mesmo na criatividade.  Percebe-se claramente a influência que Sun Tzu e Maquiavel exerceram em Koike para que todas as histórias tivessem essa tão marcante composição calculista.  A saga teve uma versão para seriado de TV preto e branco, sem muito sucesso, mas totalmente fiel aos quadrinhos.
Com um pouco de sorte se encontra alguns exemplares de “Lobo Solitário” em sebos e a venda na Internet.  Não deixe de procurar.

sábado, 2 de abril de 2011

O Castelo Tétrico

No abismo vazio
Dentre outros vivia
Letárgico sombrio
Solitário tinia.

Neste desespero
Algo faria
Nervoso tempero
Meu ódio paria.

Forças reuni
Um plano tracei
Almas colhi
Corpos roubei.

Todo ato planejado
Meu medo extingui
Com sangue no cajado
Um castelo ergui.

Virei soberano
Comandava e crescia
Especialista em dano
A cada pranto sorria.

O domínio era forte
Toda mente roubava
Destruição e morte
A fronteira buscava.

Na cegueira do poder
Desleixei para o amor
Que se fez nascer
De semente a flor.

Quando dei por mim
Não pude mais calar
Tal sublime motim
Vi meu império parar.

Proliferação vivificante
Do rebento imberbe surtir
Contrário o domínio errante
Fez meu castelo cair.

Busquei no exílio
Abrigo tosco pra mim
Hoje vivo vestígio
De solitário e triste fim.