Não tenho dúvidas que “1984” foi o melhor romance de ficção política que eu já li em toda minha vida, e sei que dificilmente lerei outro com as mesmas qualidades. Escrito pelo inglês George Orwell e publicado pela primeira vez no ano de 1949, o livro tem uma forte psicologia em retratar um mundo opressor extremista que não está muito longe da realidade. No ano de 1956, foi lançada uma adaptação para os cinemas da obra, dirigida por Michael Anderson. Porém, no ano homônimo à obra um remake de 120 minutos da MGM marcou de vez a adaptação para as telas, desta vez com direção de Michael Radford, que conseguiu transmitir todo clima sombrio e repressor da história.
Imagine um mundo constantemente em guerra e dividido por apenas três governos ditadores que escravizam culturalmente o povo em castas por gerações. Não existe cultura, senão a imposta pelo Estado que é representado pela imagem intimidadora do intocável “Grande Irmão”. A onipresença do Big Brother é efetivada com câmeras em todos os lugares públicos ou privados. Qualquer tentativa de contestação é reprimida com prisão, tortura e morte. As crianças são doutrinadas para delatarem os pais, caso haja suspeita de subversão. Toda produção, marca, educação e mídia pertencem ao Estado que exerce a cultura do medo e do ódio. A propósito, o ódio tem o seu momento de culto coletivo que deve ser obedecido, bem como a obediência e o amor ao Grande Irmão. As roupas são padronizadas. O sexo proibido para o prazer e controlado para a reprodução. Não existe lazer. A língua usada é a “Novilíngua” que, ao contrário de todas as outras, esta somente reduz o seu vocabulário, como forma eficaz de impedir a expressão. É instituído o “Duplipensar” que constitui na aceitação simultânea de duas crenças paralelamente opostas pra cada conceito, firmando assim a confusão e a submissão ao imposto. A narrativa é dura e seca, as cores neutras com estéticas medievais.
Baseado nesse conjunto que o holandês John De Mol criou o reality show “Big Brother”, no qual a rede Globo adaptou com muito sucesso para o Brasil. Alan Moore também se inspirou neste trabalho para criar o seu comic book “V De Vingança” (também adaptado para os cinemas). David Bowie fez uma clássica canção. Eurythmics a trilha sonora da segunda adaptação para o cinema e Rick Wakeman um álbum conceitual com o tema, também lançado no mesmo ano de 1984.
Com um trabalho que se torna atual a cada ano que passa, George Orwell conseguiu tornar-se um dos escritores mais lidos do Reino Unido. Ao término da leitura, uma estranha sensação toma conta do leitor. Teorias de conspirações à parte, já temos nossas vidas e nossos passos, senão controlados, mas acompanhados, a cada instante. “A Revolução Dos Bichos” é um outro livro seu, também tido como uma grande obra literária, usado até no ensino fundamental, mas que merece uma resenha a parte. Se você não conhece “1984”, tem de conhecer, porque o Grande Irmão está lhe observando.
O livro é hour concour mesmo, o Orestes está certíssimo. O filme citado pelo autor é excepcional, com um ótimo elenco. Recomendo aos "heróis" do BBB, para que saibam que pelo grau de idiotice todos seriam condenados inclementemente pelo Big Brother original. Aliás,para enaltecer ditaduras, o Pedro Bial saiu-se um excelente representante do Big Brother(avec George Orwell)
ResponderExcluirA grande obra de Orwell já deveria ter sua classficação mudada para não-ficção há muito tempo. Talvez ele não vislumbrasse que sua distopia pudesse sobreviver por tantos anos, inclusive, sobrepujado as duas odiosas correntes ideológicas - nazismo e comunismo - que serviram de inspiração para o livro.
ResponderExcluirÉ incrível que, em pleno século 21, apesar de tantos avanços tecnológicos e de tantas amargas lições que foram ensinadas pela História, mas nem sempre aprendidas, ainda tenhamos de nos preocupar com os inúmeros Big Brothers que abundam por aí, sempre com aquela ideia messiânica de reformar o ser humano. E, o pior de tudo, é que esses "libertadores" são sempre apoiados, abertamente ou não, por gente supostamente esclarecida, baseados nas justificativas mais estapafúrdias. E tem gente que acredita.
Lamentável.