Como é de praxe, sempre entrevisto
personalidades peculiares para o blog
Orestes. A maioria ligada ao meio
artístico, sendo que todos têem algo a dizer ou algum trabalho relevante em
alguma área de atuação. Para esta semana eu havia programado a postagem da
entrevista com a entidade chamada Deus.
Talvez seja um tanto de prepotência de minha parte, um contato mundano com um
ser divino e onisciente (ao menos, dito
como), contudo, a tentativa foi sincera.
Primeiramente tentei os eclesiastas. Dirigi-me até a igreja católica, próxima de minha
casa, e solicitei o contato com o padre de plantão. Ao falar meu intuito, o
clérigo riu, perguntou se eu estava bem, se eu havia bebido e acabou
deixando-me a sós, imaginando que eu estava tirando sarro com sua cara. Não
satisfeito, fui à presença de um pastor evangélico de uma igreja da
concorrência. Desta feita, não houve um riso, mas gargalhada espalhafatosa. O
desgraçado não se conteve em me dizer em tom de deboche:
- Deixa de ser otário, filho! Se Deus existisse, eu não estaria ganhando
tanta grana, enganando um monte de trouxas em nome dele. Vai pra casa, Mané!
Não sei por que, mas a reação dele não me surpreendeu.
Interessante que eu mesmo não sou ateu, mas este pastor, praticamente se
declarou um.
Sem desistir, parti para os Mórmons do Sétimo
Dia. Um norte americano, louro de olhos azuis me recebeu. Após escutar minha
demanda, segurou minhas mãos e me disse com o sotaque carregado e um olhar
penetrante:
- Para encontrar Deus, você terá que orar todos os dias, ler nossa bíblia e galgar
nosso caminho com todas as penitências que existem no trajeto. Ele lhe
aparecerá, se você for digno disto.
Depois de me discorrer toda uma retórica
decorada, o branquelo disse-me para eu voltar no dia seguinte a fim de
continuar minha árdua busca por Deus.
Eu prometi voltar e deixei-o esperando até hoje.
Já que não tinha tido sucesso com evidências
das igrejas, parti para a população humilde. Não foi difícil localizar um casal
de idosos, tidos como muito religiosos pelos moradores de entorno do bairro de
minha residência. Os velinhos adotaram uma tática parecida com a do mórmon,
sendo que estes passaram oito horas e meia me contando toda a história
religiosa de suas vidas. Tive de escutar um disco do Venom, um do Sarcófago e
dois do Slayer pra me recuperar da
letargia induzida.
Mudei minha metodologia. Criei um convite
para entrevista como mala direta. Espalhei em listas de e-mails, imprimi alguns,
os deixando em lugares estratégicos, divulguei em rádio AM e publiquei em alguns classificados gratuitos. Esperei alguns
dias, mas não obtive nenhum tipo de retorno.
Fracasso decretado, ficam alguns
questionamentos: 1) Seria Deus, um ser ocupado demais a ponto de
não ter tempo para conceder entrevista; 2)
Seu esnobismo para com a raça humana é tamanho que ele já não se preocupa em
dar algum tipo de satisfação; 3)
Para uma entrevista, ele cobraria um cachê astronômico que nem a Rede Globo teria condições de pagar; 4) Ele foi finalmente morto pelo diabo;
5) Está tão idoso que já não
enxerga, escuta e fala; 6) Ele não é
um ser onisciente, mas sim algo benevolente, onipresente que não tem vontade própria
por não ser consciente ou 7) Ele
realmente nunca existiu.
De qualquer forma, senhor Deus, com todo o respeito, ficam as
portas abertas para quando sua entidade estiver disposta para ceder tal
entrevista. Pode ter a certeza que a raça humana teria muito a questionar e
precisaria demasiadamente, não apenas de respostas, mas de muita ajuda
imediata.
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