Com seu auto intitulado debut lançado no ano de 2003 (ver
resenha deste álbum neste blog – procurar “Espantalho”
no espaço de busca do blog), pelo projeto Valores da Terra, a banda manauara
Espantalho, lança seu segundo disco
dez anos depois. “Volver” faz o que
muitos desejavam e nem todos acreditavam, manter a qualidade de seu excelente rock alternativo cantado em português,
com produção melhorada e bom gosto apurado.
Capa de "Volver", segundo CD da banda manauara Espantalho |
A bolachinha tem sua abertura com a música “Corpo Fechado”, tendo um bom pique e
uma letra em parceria com Bosco Leão
(vocalista da banda Chá de Flores. Ver entrevista neste blog) que externaliza a
vontade de todos nós, mais ainda nestes tempos de manifestações através de
mobilizações sociais. A canção é uma referência direta à “Algemas Malditas”, contida nos dois CDs da Chá de Flores. A
segunda é “Fogos de Artifício” que
mantêm o ritmo acelerado e também refrão com apelo popular. Esta música já
ganhou um vídeo clip (ver no You
Tube) que exalta muito bem esta questão das reivindicações públicas. Em
terceira posição está a excelente “Reconquistar”
que dá aquela vontade de cantar junto, mais ainda seu refrão. Incrível a
capacidade de hitmaker do
guitarrista/vocalista Marcos Terra Nova
(ver entrevista neste blog). A quarta
faixa quebra o pique por começar com um dedilhado e uma levada bem Legião Urbana. “Bang Bang” pode parecer uma balada chinfrim, mas é de uma
composição perfeita por ter encaixe de tempo, letra e arranjos simplistas, mas
magnificamente combinantes. Em seguida está “100% Algodão”. Melodia grudenta, como a maioria das canções.
Destaque para subida de tom do vocal principal no final. Na sequência, a
primeira boa surpresa do disco. “Tempo
de Despedida” é um hit
inquestionável. Originalmente lançado na coletânea virtual “A Casa da Árvore”. Grande música. Letra
filosófica, refrão poderoso e arranjos perfeccionistas. Na metade do CD está “Aeroportos”. Uma balada que não chega a ser formidável como a
última, mas ainda assim, também é uma ótima música. A oitava faixa é nomeada
como “Felicidade”, retomando o peso
que costuma levantar o público. Posteriormente, a faixa título do CD. Teoricamente uma balada, mas em sua
metade, parte para o peso, dando um gás na cadência até seu final. A décima
volta para o dedilhado com “Rosas
Roubadas” e mais outro refrão de fácil assimilação. Posteriormente vem “Foxtrote”. Outro rockão que convida ao canto coletivo. Destaque para a bateria
precisa de Augusto Nunes (Guto).
Depois da metade, a música tem um break
que muda a levada para recitação da última parte da letra, até seu final. Na
décima segunda posição encontra-se “Magnólia”
que mostra um pouco da influência grunge
da banda, tanto nos arranjos quanto na letra. Depois aparece “Como Pinturas de Van Gogh” que começa
somente com voz e uma batida tribal, mas logo entram os demais instrumentos em
outra composição bem trabalhada. A penúltima é a segunda surpresa. “Fronteira Norte” é uma linda e antiga
canção, na época em que o grupo se chamava Scarecrow.
Gravação certeira e merecida para os fãs que acompanham a banda desde seu
início. Pra fechar a bolacha, a última surpresa. Uma versão acústica da bonita
música “Lágrimas das Nuvens”, do
primeiro disco da banda. Curiosamente esta versão consta até com uma gaita um
tanto blues, para o estilo vigente
deste power trio. A propósito, além
dos músicos já citados, Mario Ruy
continua no contrabaixo, desde os primórdios dessa história. Ainda temos a
presença dos convidados Márcio Denis
(ex-guitarrista da Espantalho) tocando em várias músicas, Amarildo Cerdeira, teclados/acordeom e o grande baterista China, em algumas músicas.
Em suma, “Volver” é um disco à altura do primeiro da banda Espantalho, se não for melhor. Possui uma
bonita arte gráfica com letras das músicas e ficha técnica. Desde já, o melhor
lançamento do ano de 2013 no cenário manauara de música.
Compre sem medo, porque será uma ótima
aquisição.