Dirigido por Michael Gramaglia e Jim Fields este documentário de 112 minutos (já lançado em DVD no Brasil) saiu no ano de 2003 e foge dos moldes de todos os demais documentários. O intuito dos diretores não foi o de festejar e mostrar a alegria de uma grande banda de rock. Ao Contrário, o objetivo é expor o lado negro. As brigas, a luta pelo domínio de liderança, os desafetos por causa de mulheres, o excesso de drogas, as decepções. Está tudo ali. De maneira crua a ponto do próprio Johnny Ramone (guitarrista) ficar irritado em cena com as perguntas provocantes e posteriormente ao assistir o resultado final do filme.
A lista de entrevistas realizadas exclusivamente para este documentário é grande (com exceção dos depoimentos do vocalista Joey Ramone, por ter falecido dois anos antes). Joe Strummer (The Clash), Deby Harry (Blondie), familiares dos músicos da banda, Legs McNeil, Rob Zombie, Glen Matlock (Sex Pistols), Kirk Hammet (Metallica) dentre muitos outros, compõem a sequência. Contudo, as falas estão editadas de forma a priorizarem as “feridas” da banda. Já era de conhecimento público que Joey passou a odiar Johnny, por este lhe ter roubado e casado com a namorada. Trauma jamais superado pelo vocalista e motivo de inspiração para a composição de muitas letras amargas. O mesmo guitarrista Johnny impunha, quase militarmente, a liderança sobre os demais, a ponto de exigir o “uniforme” de jeans rasgado e jaquetas de couro. Motivo de contestação por parte de Dee Dee Ramone (baixista criador da banda). O excesso abusivo de álcool do baterista Marky Ramone, que chegou a ser afastado vários anos por isso, e o simples fato de todos terem de aturar a convivência entre si por anos, dentro de ônibus, camarins, hotéis e aviões, levou todos os membros ao stress, à fadiga e às crises pessoais.
Este tipo de documentário é excelente para quebrar o estereótipo de ídolo e mostrar ao fã como músicos, escritores, atores, dentre outras espécies intocáveis, são meros mortais que também teem seus problemas, as vezes até maiores do que os nossos, por estarem envoltos de mais pessoas interesseiras, mais negócios profissionais e o tão repugnante mainstream.
“End Of The Century – The Story Of The Ramones” é altamente recomendável.
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