Décadas atrás a maconha era vendida livremente em mercados e farmácias. Hoje em dia os especialistas são unânimes em afirmar que a dita “guerra contra as drogas” é perdida porque, comprovadamente a humanidade nunca se livrará dos entorpecentes. Também já está mais do que comprovado que esta maldita erva tem seus benefícios homeopáticos, e é até receitada para o alívio de muitas doenças (até mesmo AIDS). Tem uma diversidade de uso enorme que varia da indústria têxtil, culinária e cosméticos, sendo que uma vez liberada, diminuiria exponencialmente as mortes causadas pela guerra do tráfico. Então qual o motivo dela ainda ser proibida? A resposta para esta pergunta tem duas versões. A verdade que é abafada por governos, empresários, mídia em geral e a exposta como imposição para opinião pública.
Leite de Cannabis Sativa |
No ramo da culinária, é possível se encontrar os mais variados produtos originados da maconha. De bebidas fermentadas e destiladas como licor, vinho, cerveja a bebidas alimentícias como leite (veja foto ilustrando o texto de leite de maconha), achocolatado, chá etc. Comidas doces e salgadas como torta, bolo, brigadeiro, sorvete, bombom, patê, manteiga, biscoito, óleo, pizza, pão, purê etc. Enfim, é possível se fazer um banquete completo somente com produtos tendo a maconha como ingrediente. O mais bacana é que, dependendo da receita de preparo, você pode optar por deixar ou não o princípio ativo da maconha no alimento. Isto é, você pode fazer um bolo de maconha, por exemplo, que dê o efeito entorpecente ou não. Por mais que você opte por deixar o princípio ativo, o alimento (seja ele qual for) não fará os males ao organismo que são feitos no ato de fumar. Sendo a cannabis (sativa ou indica) uma planta de cultivo relativamente fácil (mais ainda para o clima tropical) e com colheita de médio prazo, presume-se que em pouco tempo surgiriam centenas de produtores independentes no ramo alimentício, caso a planta fosse legalizada. Centenas de produtores independentes com uma variedade enorme de diversificação de produtos, tornam-se uma ameaça em potencial para os produtores industriais que pagam muitos impostos (não pagos pelos independentes) e demoram meses, as vezes anos, pra conseguirem lançar uma única variedade de um único produto. Imagine, se por acaso, o cultivo e venda da maconha fosse liberada no mundo. Uma multinacional como a Nestlé, por exemplo, teria uma queda significativa em suas vendas com o surgimento desses produtores independentes, de pequeno e médio porte, no mundo todo. Some em seu banco de dados imaginário o item “B”, representando toda a indústria multinacional alimentícia, incluindo também os grandes produtores de bebida alcoólica.
Diversos cosméticos com a Cannabis como insumo |
Não pense que é mito quando se diz que cigarro de tabaco prejudica mais do que cigarro de maconha. É a mais pura verdade. No cigarro de tabaco é possível se encontrar nicotina, alcatrão, enxofre, aromatizante, conservante e mais dezenas de outros produtos cancerígenos e maléficos para o organismo. Verifique a embalagem de qualquer maço de cigarros que você encontrará a relação. Outro grande problema do tabaco é que ele, diferente da maconha, causa dependência física, além da psicológica. Por isso que é tão difícil para o fumante parar de fumar. Na produção industrial de cigarros, também se tem a gigantesca carga tributária (mais de 50% do preço do cigarro tem incluso os impostos) que não é paga pelo produtor de maconha. Por mais que um dia a produção da erva seja legalizada, ela não terá toda a carga tributária que tem a produção tabagista. E se por acaso a venda da maconha fosse legalizada, muitos tabagistas iriam migrar para o uso da cannabis, derrubando consideravelmente a venda de cigarros comuns. Some o item “D” no seu banco de dados imaginários, representando a milionária indústria tabagista mundial.
Temos também a indústria têxtil. Não precisa de muito tempo de pesquisa na Internet pra se descobrir que a fibra de cânhamo, extraída da maconha, é uma das mais resistentes que a humanidade conhece. Sua grande resistência é válida não só para a característica de ligamento, como também para a durabilidade. Para a produção em escala industrial da fibra de cânhamo, a indústria têxtil teria de gastar milhões de dólares replantando a maconha, onde hoje impera hectares de algodão. E duraria mais de uma temporada de colheita, refazendo todo esse processo, tendo assim, uma paralisação de meses de lucro. Entram também aqui os pequenos e médios produtores que aproveitariam a legalização da maconha pra realizarem suas produções independentes, livres da carga tributária imposta para a produção industrial. Existem no mundo algumas marcas que teem a legalização de produção de alguns itens feitos de fibra de cânhamo. Então é possível se encontrar pra venda no mercado tênis, camisetas, calças, gorros, agasalhos, bonés e outros produtos feitos de cânhamo. Lógico que a fibra não possui o princípio ativo da planta. Contudo, ainda é mais rentável para os grandes produtores manter a sua gigantesca rede de algodão e sintéticos já estabelecidos a parar por alguns meses seus lucros e investir pesadamente em nova estrutura de produção. Agregue o item “E” no banco de dados imaginário representando a indústria têxtil mundial.
Foto de uma das Marchas da Maconha em algum canto do Brasil |
Agora junte as variáveis do banco de dados e verifique quantos milhões de dólares e euros do mundo todo estão agindo para que a maconha jamais venha a ser legalizada. Óbvio que agem através da legislação, da formação de opinião pela mídia, subsidiando pesquisas anti drogas, pagando publicações, controlando a educação e de muito mais que não podemos imaginar. Com tudo isso, conclui-se que ainda demorará algumas décadas até que a maconha seja descriminalizada. Enquanto milhares de pessoas morrem a toa por causa do tráfico e milhares de outras sofrem sem usufruir dos benefícios da legalização, algumas centenas continuam enriquecendo. A resposta pode ser um pouco complexa para alguns, mas ela está dada e infelizmente não será a divulgada nos meios de comunicação que estão ocupados em formatarem outras respostas voltadas a interesses desses conservadores hipócritas e milionários que também fumam seus baseados em suas mansões.
Parabéns, Mário!
ResponderExcluirMuito bem desenvolvido seu artigo, deixando mais claro que a legalização da mesma não é do interesse de muitas pessoas por motivos financeiros.
Excelente texto. O melhor que já li até agora neste blog! Parabéns ao autor.
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