Auto biografia artística virtual. Registros de eventos, resenhas, desenhos, crônicas, contos, poesia marginal e histórias vividas. Tudo autoral. Quando não, os créditos serão dados.

Qualquer semelhança com a realidade é verdade mesmo.

sábado, 13 de novembro de 2010

Justa Causa

Quando conheci a banda Homicide, rapidamente fiz amizade com seus integrantes.  Um power trio de um punk rock limpo com claras influências de Inocentes e Replicantes, três irmãos formavam o grupo.  Teco na guitarra e backing vocals, Sula no contrabaixo e Renison na bateria e voz principal.  A amizade foi fomentada pelo sedutor clima marginal onde os ensaios eram regados a muita cachaça e Mary Jane, não muito diferentes dos shows que sempre tinham as tietes que aumentavam ainda mais os ânimos para a presença constante.  Como eu conhecia boa parte das músicas, já tinha tido experiência com bandas, não faltava os ensaios e ainda mantinha a amizade, nos ensaios mesmo comecei a “cantar” algumas músicas.  Não demorou pra eu começar a fazer parte das apresentações de forma oficial.  Passamos a dividir o set list dos shows em duas partes.  Na primeira parte eles tocavam as músicas próprias tradicionalmente como power trio, no meio do show eu entrava em palco e cantava as covers que a banda tocava.  Além de Inocentes e Replicantes, eu executava com a banda, Ratos de Porão, Ramones, Cólera, Garotos Podres e algo mais que não me lembro agora.  Quando o amigo Adal (músico e compositor local de MPB) estava à frente da Ordem dos Músicos de Manaus, facilitou várias apresentações pela cidade.  Sem querer fizemos uma turnê local com shows em vários bairros da cidade e conquistando cada vez mais público.  Pelo fato de estarem sendo consumidos pelos excessos a ponto de arcarem com problemas destrutivos e insanos, acabei por sair da banda um pouco depois que o quarto irmão (o saudoso Raylen) entrou.  Minha saída foi amigável e até hoje, apesar de não beber e não fumar mais, ainda mantenho a amizade e gargalhadas ao lembrar dos tempos de diversão.
No ano de 1993, chegaram a gravar a demo tapeJusta Causa” que passo a resenhar agora.
A faixa que abre a demoMetamorfoses Humanas” tem um bom riff de guitarra que não é rápido nem apelativo na distorção, mas simples e tranqüilo.  A temática pós guerra é vista de modo catastrófico e dramático.  A seguir vem uma faixa que merece certa atenção.  A coverCachorro Louco” deu um determinado problema.  Como a “família Homicide” já teve moradia no Rio Grande do Sul,  mais precisamente na cidade de Araguaiana, chegou a conhecer os rapazes da banda gaúcha TNT.  Como se tornaram amigos, aqui em Manaus, a Homicide não hesitou em gravar essa cover.  Até aí tudo bem, visto que certamente o TNT aprovaria a gravação.  A questão é que, por pura ingenuidade, não houve créditos da autoria na parte gráfica da fita demo.  Surgiu a denúncia de plágio totalmente infundada por desconhecimento do histórico da tal amizade entre as bandas.  A versão em si é um pouco mais pesada e curta, mas tem fidelidade com a original.  “Moscou 2000” mostra a influência dos Ramones e também tem letra com referências à guerra, mas desta feita é pré guerra.  A seguinte “Amante Noturna” é sem dúvida a melhor da K7.  Com uma boa letra que expõe o mundo notívago das garotas de programa e com um bom jogo de refrão/estrofe com o alinhamento de cativantes backing vocals, chega a dar o gosto de pedir biz.  Pra fechar o trabalho, a faixa homônima da fita “Justa Causa”.  Um punk rock rapidíssimo, quase hard core, curto e grosso com letra totalmente anarco sindicalista.   A tape ainda é acompanhada, além da capinha, por um encarte com letras e ficha técnica.  Espero ter esse registro histórico do punk rock manauara digitalizado assim que encontrar um modo.  Se alguém viabilizar o meio, faço questão de disponibilizar para download.  Típica gravação que não pode ser perdida na memória.


11 comentários:

  1. Como faço para conseguir essas músicas

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    1. No texto eu digo "...se alguém viabilizar o meio...". Bem, se você estiver disposto a pagar pela digitalização, eu levo a fita até o local do serviço e depois te passo os arquivos com as músicas.

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    2. Demorou anos, mas finalmente consegui converter as músicas para o formato wave.
      Se me passares um e-mail, eu te envio elas.

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    3. Fala Mário meu irmão,aqui é o Enoque Rocha curto muito a banda HOMICIDE e esse trio faz até o diabo dançar...sula,teco,renison são do karalho, eu quero um material desses aí justa causa.

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    4. Enoque,

      Me passa o teu e-mail que eu te envio os arquivos com as músicas.
      Estou no aguardo.

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  2. Como posso conseguir o contato do Renison ou Teco? Conheci eles e a banda Homicide em 98 qd morei em Manaus.

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    1. Eis uma incógnita. Mesmo eu morando em Manaus, não tenho o contato deles. Por ventura (raríssima, diga-se de passagem) encontro-os em alguns eventos de rock.

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  3. Fala meu irmão e aí como estão as forças?
    Cara eu curto muito a banda HOMICIDE e esse trio faz até o diabo dançar...
    Envia pra mim esse trampo aí meu irmão...JUSTA CAUSA!!!
    Enoque Rocha Agradece...

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    1. Verdade, Enoque!
      Sempre reforço a lembraça de que fiz parte da banda por um ano.
      Ainda estão ativos até hoje.

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  4. Saudações Mário Orestes. Texto maravilhoso e uma viagem ao tempo. Sou o Flávio Bomfim e curti muito Homicide na juventude. Tinha essa demo, mas se perdeu nas constantes mudanças de endereços da vida. Agradeceria muito se me enviasse as músicas. flaic3@gmail.com

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    1. Feito, Flávio!
      Acabei de te enviar por e-mail.
      Obrigado por visitar!
      Estou à disposição.

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