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Capa da primeira edição de Manticore |
Obra prima
das histórias em quadrinhos brasileiras, “Manticore”
é uma graphic novel independente,
lançada em setembro de 1992, pela Editora
Monalisa, com qualidade de impressão acima da média, originalidade em seu
roteiro e proposta de tornar-se uma publicação periódica. A empreitada com um
extenso crew de produção, acabou por
angariar alguns prêmios significativos, e o produto muito influenciado pelo
seriado norte americano “Arquivo X”,
dentre outros nomes de ficção científica e terror, acabou por tornar-se cult, mesmo por uma série de motivos (infelizmente), não conseguir vingar.
Enquanto a
indústria do entretenimento era infestada por mini séries, desenhos animados,
games e filmes sobre extra terrestres, o mercado das histórias em quadrinhos
sofria a ausência de uma boa revista de terror e/ou ficção científica, outrora
marcantes nas bancas de revistas do Brasil. Exatamente nesta época, vem à tona
o famoso episódio “verídico” do “ET de Varginha”. O fato noticiado
nacionalmente na mídia, foi a inspiração para o roteiro que aproveita este
personagem urbano do interior de Minas Gerais como vetor de uma intervenção
alienígena, na humanidade, devido a auto destrutiva ação antrópica. Tudo
protagonizado por membros de uma sociedade secreta motivada a veicular a
intervenção e censores de intuito inverso.
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Capa da segunda edição, que termina a graphic novel iniciada no primeiro número |
Além da
ótima impressão em papel couchê colorido,
formato Veja (a número 1. Já a número 2 sai em 25,5 por 21cm e a número 3 em formato
americano) e o roteiro original, a arte gráfica é de desenho e pintura que
teem traço variável do cartun ao realismo, com a colaboração de artistas
convidados em algumas páginas. Enfim, uma apresentação impecável e sublime.
A
excelente história com o “chupa cabras”
de Varginha completa-se na segunda revista com um final confortante e
megalomaníaco.
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Capa da terceira edição de Manticore, que tem a proposta de se firmar como coletânea |
A terceira
revista, lançada somente em dezembro de 2004, já é uma produção à parte. Além
de seu formato diferenciado, a impressão já não tem a mesma qualidade. Seu
miolo não é em papel couchê e somente
as capas são coloridas. Além disso, o conteúdo é uma coletânea com várias
histórias de vários autores diferentes. Sem nenhuma ligação entre as histórias
ou com aquela que brilhou nos dois números anteriores, o vigente é a temática
de ficção científica/terror. Evidente que dentre as HQs, várias são muito boas, sendo algumas destaques incontestáveis,
mas nada que se compare à perfeição da que deu origem ao impresso.
Por
motivos que fogem a compreensão do mero leitor, a revista não conseguiu
estabelecer-se como publicação periódica. O que é uma grande pena. Mesmo não
tendo a qualidade da história que deu início a revista, “Manticore” deveria continuar sendo publicada. Não apenas por
preencher uma lacuna, presente até hoje nas bancas do Brasil, mas também por
ter sido um marco nas histórias em quadrinhos independentes no país.
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