Auto biografia artística virtual. Registros de eventos, resenhas, desenhos, crônicas, contos, poesia marginal e histórias vividas. Tudo autoral. Quando não, os créditos serão dados.

Qualquer semelhança com a realidade é verdade mesmo.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Ramones Day 2015

O universo dos Ramones é de um punch que pode ser comparado com um orgasmo. Praticamente impossível de se descrever sem ser poético. Precisa ser vivido e sentido pra se conseguir um mínimo de compreensão. Não é apenas uma banda de rock. É uma banda que criou um estilo de rock. Após a criação disto, por Joey, Jhonny, Dee Dee e Tommy, surgiu este universo. Várias bandas nascem a cada geração com este mesmo punch. Atina-se para o dilema onde, por um lado apresenta-se uma carga de adrenalina liberada por cerca de uma hora e alguns minutos ou apenas meia hora (dependendo da duração do show da banda tocando no evento). E num extremo totalmente oposto uma inócua espontaneidade de alegria benevolente. Este segundo é de experiência para qualquer ser que passa por uma fase adolescente em sua vida. Repare que não se trata apenas de humanos. Um evento nomeado de “Ramones Day” onde bandas autorais se juntam pra tocar somente Ramones em uma noite. The Mones abre a noite. Um fruto natural de tudo o que já foi dito até agora. Nova formação, mas mesmo feeling. A característica feel the fun nada mais é do que a evolução da expressão corporal criada nos anos cinquenta e com maior representatividade em Elvis Presley (the “Pelvis”). Soma-se o grito alto pela liberdade de expressão, pela exigência imediata de seus direitos, seus quereres na repetência do verbo em primeira pessoa “I wanna”. Os Playmobils entram em seguida. O clima é fraternal. A revolução está bem mais do que estética e sonora. É cultural. A transcendência é visível e a precisão inquestionável. A família se faz presente, não só nesta noite, neste lugar, mas no mundo todo, desde quando isto começou no longínquo ano de 1974. Let's Go sobe ao palco. Junção de amigos somente para a ocasião festiva. Fórmula que vem dando certo desde a primeira edição deste firmado em 2011. Os repertórios são extensos e recheados não só de sucessos, mas também de músicas esquecidas pelos players nos lados “B” dos discos. Pra fechar a celebração vem Antiga Roll. As canções praticamente coladas pelo curto espaço entre elas; a marcação no, agora super popular, “1, 2, 3, 4...”; o jeans rasgado e desbotado em consonância com um par de tênis surrado; consumo constante de alguma substância entorpecente (lícita ou não); o penteado desleixado; a tatuagem borrada; um chiclete sendo mascado e várias outras marcas que, quando nascidas, eram retratadas apenas por garotos, mas que agora já são adotadas por uma variação significativa entre faixas etárias. Num resumo direto: é chato crescer. Temos de curtir nossa vida. Apesar do clichê de que “a vida é curta”, nada mais verídico e urgente que isso. Na ocasião de catarse coletiva a impressão de violência passada pela cena, atenuada pela dança punk conhecida como “pogo”, nada mais é do que canalização benevolente dos sentimentos ruins, que precisam ser exorcizados para nos fornecer tranquilidade espiritual e, finalmente, melhor qualidade de vida. Com a influência explícita de Saramago, a intenção proposital de somente um parágrafo para transmitir exatamente o efeito relâmpago de um punch, ou de uma blitzkrieg sonora promovida por este universo conhecido como Ramones. Vários convidados; muita bebida e fumaça; garotas e garotos excitados; volume alto e muita, mas muita diversão mesmo que deixa a eterna sensação de que Ramones Day é dia de festa inesquecível.

The Mones com Mário Orestes

Antiga Roll com Mário Orestes e Bruno Castro

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