Com sua formação datada na segunda metade dos
anos 90, a banda Chá de Flores
conseguiu permanecer em atividade, mesmo tendo constantes mudanças em sua
formação e sofrendo todos os tipos de dificuldades que um grupo de rockeiros manauaras enfrenta. Mantendo suas letras na língua portuguesa e
com claras influências do rock
nacional da década de 80 e do grunge
americano, a Chá de Flores vem
firmando seu legado na história do rock
local. Abaixo segue uma entrevista
exclusiva com o vocalista Bosco Leão,
cedida gentilmente para o blog Orestes.
Orestes: A Chá de Flores já teve várias formações. Até que ponto isso influenciou na identidade
musical do grupo?
Bosco
Leão:
Bem pouco, porque eu sempre fui o principal compositor, mas eu nunca impus
regras, muito pelo contrário, absorvi as qualidades de quem estava no momento
de fazer um trabalho novo. Quem tem pelo menos nossos últimos CDs percebe isso.
O.: A banda já tem dois CDs oficiais lançados, já participou de coletâneas,
já teve músicas executadas em rádio e já tocou fora do Estado do Amazonas. Como anda a popularidade das músicas
atualmente? Ainda há um retorno do
público?
B.L.: Como a gente teve
uma parada de dois anos, algumas pessoas não sabem que voltamos, mesmo porque
nós não divulgamos mais como antes e fazemos poucos shows. Mas agora depois desses últimos 2 anos, tem gente que ainda
me liga, inclusive fora de Manaus, pra saber do próximo CD que vamos lançar. É gratificante.
O.: Manaus
tem bandas com qualidade internacional que não deixam muito a desejar a grandes
nomes do rock. Na sua opinião, o que
falta pro rock local alcançar o
sucesso merecido?
Chá de Flores com Bosco Leão (segundo da direita pra esquerda) |
B.L.: Pois é. O mercado
fonográfico mudou muito pela inevitável velocidade da internet, por exemplo. Embora Manaus ainda não tenha uma cultura de
mercado fonográfico, porque querendo ou não, tudo é "dinheiro". É a
vida. Falta alguém de coragem daqui, para investir nessas bandas, o que é muito
difícil, porque condições tecnológicas e dinheiro tem. Mas a cultura da cidade
ainda é verde.
O.: Existe
um projeto “autovideográfico” da Chá
de Flores. Como anda esse projeto?
B.L.: Existe. Estou
montando um documentário pra contar esses 15 anos de banda.
O.: Um
dia você falou que a Chá de Flores ainda lançaria um disco em vinil.
Isso ainda acontecerá mesmo?
Quando e como será?
B.L.: Esse é um projeto
que vai acontecer. Não sei quando. Depois que fiz o filme "O Rock que o Brasil Não Viu...",
aprendi a saber esperar e acreditar mais nos meus projetos. Então, isso
vai acontecer. Pode esperar.
O.: O rock manauara teve um certo auge nos
anos 2000. Na sua opinião, porque nesta
nova década houve uma decaída no quantitativo de produções em festivais, discos
e shows?
B.L.: Olha, em termos de
Festivais tem melhorado muito. Eu tenho visto de perto. Mas, cada década tem
sua história e vejo algumas bandas novas mandando ver. Aquele auge de 2000 era
uma época que ainda tinha um mercado forte, mas próximo do fim, se o mercado
muda, acaba indiretamente influenciando um novo comportamento. Entendo
então como esta, toda banda tem seus compromissos e agem conforme a
musica.
O.: Você
tem uma grande proximidade com outras bandas como Espantalho, Zona Tribal,
Olhos Imaculados, Underflow etc. No que
isso fluiu mutuamente e no que mais fluirá?
B.L.: Pra mim sempre. Vi que
cada banda tem suas particularidades e agem conforme seu ego. Nunca vi
ninguém copiando ninguém, o que vi é que cada um faz questão de deixar sua
marca, o que é bom, porque cada banda, "egoisticamente" ou não isso fez a coisa crescer e mostrar a
personalidade. A música sai ganhando.
O.: O
que você destacaria do atual cenário musical local?
B.L.: Voltou com mais
garra. Talvez seja meio perigoso eu falar isso, mas senti que devido o grande
sucesso que "O Rock que o
Brasil Não Viu..." fez, deu uma certa energia pras bandas
antigas que ainda estão tocando e pras bandas novas que reconhecem nossa garra.
Eu destacaria esses Festivais de bandas novas com musicas próprias.
O.: Quais
as próximas metas da Chá de Flores?
B.L.: Por enquanto, ganhar
o "Breackout" da Sony (Eh! Eh! Eh!) e lançar o novo CD
que estamos fazendo.
O.: Deixe
os contatos da banda e um recado para os leitores deste blog.
B.L.: chadeflores@hotmail.com, 9125-5273, Sucessos
a todos que fazem seus trabalhos com dedicação, não só musical, mas qualquer
trabalho honesto. Thanks for all!
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