Eis um livro de leitura deliciosa, repleto de
dados, informações raras e depoimentos diversos de pessoas ligadas direta ou
indiretamente à banda. Hey Ho Let`s Go – A História dos Ramones,
é detalhista em sua abordagem ao relatar desde (a óbvia infância dos membros) os primórdios do grupo, bastidores de
gravações, abrangendo cada single
lançado, cada álbum, faixa a faixa, passando por vídeo clipes, filmes, os inevitáveis conflitos internos, as
frustrações em nunca conseguir o devido sucesso, as personalidades dos músicos
e muito mais que moldou a trajetória de uma das mais influentes bandas de rock de todos os tempos.
Capa do livro lançado apenas em 2011 no Brasil |
Traduzido por Neuza Paranhos, escrito pelo jornalista norte americano Everett True, essa brochura de 480
páginas, foi curiosamente lançado em 2011 pela Editora Madras. Curioso,
devido a esta editora ser especializada em títulos com a temática exotérica ou
sensacionalista. Salvo exceção de
biografias de Elvis Presley e Johnny Cash. Corajosa empreitada, esta. Vale informar o atraso de 9 anos deste
importante escrito, ao ser lançado no Brasil, visto que sua primeira edição
saiu no ano de 2002.
Ensaio que originou a foto do primeiro álbum da banda |
Mesmo os fãs ferrenhos podem encontrar
surpresas nessa biografia. Uma delas é o
desvendamento do raciocínio de Dee Dee
Ramone em deixar a banda, no auge de seu tardio reconhecimento. Outra, mais significante ainda, é a de entender
a postura paramilitar de Johnny Ramone. Aliás, diga-se de passagem, postura esta que
lhe arrematou um grande estigma de ditador dos “bro”, mas foi crucial para a manutenção do sucesso e principalmente
da identidade dos Ramones, que
manteve-se idônea por todos os 22 anos de carreira. A propósito, este posto de “ditador”, antes era ocupado pelo baterista
Tommy Ramone. A prova disto, além dos depoimentos, está na
direção das fotos. Basta perceber que Tommy sempre aparecia no meio dos membros,
em praticamente todas as fotos posadas do início de carreira, quando este ainda
integrava a banda. A relevância que teve
C.J. Ramone, ao fazer parte da
família. A participação do esquecido Richie Ramone, e do mais esquecido
ainda Clem Burke (baterista do Blondie substituindo Richie),
que adotou o pseudônimo de Elvis Ramone
e chegou a realizar dois péssimos shows
com os “irmãos”. Clem,
simplesmente não se adaptou ao andamento rápido do chimbal, pois estava acostumado ao ritmo suave do Blondie. Isto reforçou o retorno de Marky à banda. O capítulo sobre a morte de Joey é emocionante. Narra todo o sentimentalismo vivido por seus amigos,
parentes e todos os profissionais envolvidos com esse grande ser humano que
sempre deixará saudades. Até Johnny, o eterno inimigo de Joey, expôs remorso e depressão com a
perda irreparável. Nota-se também, mesmo
que superficialmente, as produções solos dos músicos; mais especificamente de Joey Ramone. A falha do livro está na primeira pessoa
explorada pelo autor, em impor sua desprezível opinião pessoal sobre
determinadas obras dos Ramones. Chega ao absurdo de considerar o gostoso “Pleasant Dreams” como um péssimo álbum. Dentre outras bobagens ditas. Contudo, isto não tira a delícia da leitura,
pois acompanhar a história dos Ramones,
é sempre um deleite para qualquer um que goste de música. Várias fotos raras também estão dispostas,
apesar da qualidade de impressão questionável.
Hey Ho
Let’s Go – A História dos Ramones não é a obra prima biográfica desta lenda
musical, mas consegue ser muito mais agradável do que a própria biografia “Ramones: An American Band”, lançado nos
anos 90 por Jim Bessmann, em
parceria com a banda, ainda inédita no Brasil (conforme quem leu ambas as obras).
Enfim, vale a pena adquirir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário