Auto biografia artística virtual. Registros de eventos, resenhas, desenhos, crônicas, contos, poesia marginal e histórias vividas. Tudo autoral. Quando não, os créditos serão dados.

Qualquer semelhança com a realidade é verdade mesmo.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz 2011?

Nesta época do ano proliferam-se as mensagens de boas novas.  Sorrisos são estampados com determinada imposição.  Parece não existir problemas e todo mundo aparenta amor para com o próximo numa plasticidade digna de Tarcísio Meira em seus piores momentos.  Como diria um certo poeta do rock brasileiro: “...tudo tão legal de se admirar.  Tudo alto astral.  Acho que vou vomitar”.  Abaixo um paralelo entre a utopia padronizada e a realidade vigente.
A FALSIDADE:
1) Parentes, amigos e colegas de trabalho trocam apertos de mão, tapinhas nas costas e sorrisos com as frases: “Feliz Natal”; “Feliz ano novo”; “Boas festas” ou “Tudo de bom pra você”;
2) Presentes são comprados para as pessoas mais próximas sem a preocupação de custos;
3) Todos participam de amigo oculto, mesmo sem conhecer direito as pessoas envolvidas;
4) Enfeites natalinos se espalham por vários ambientes;
5) Sempre surge uma promessa de melhora para o próximo ano.  Parar de fumar, praticar exercícios físicos, fidelidade no relacionamento e se dedicar integralmente a trabalho e estudo são os mais corriqueiros;
6) Algum trabalho voluntário, grupo de apoio ou filantropia há de ser exaltado;
7) Roupas novas teem de ser compradas para tais datas e a aparência estética tem de sofrer alguma mudança;
8) Todos ficam mais cristãos.  Igrejas e missas entram na agenda;
9) Fartura em bebida e comida para celebrar as comemorações;
10) Tudo é enfatizado como novidade que trará uma grande mudança para melhora em todos os aspectos.

A REALIDADE:
1) Dentre parentes, amigos e colegas de trabalho, sempre teem aqueles que querem te derrubar e desejam o pior pra você.  Alguns tapinhas nas costas são facadas disfarçadas.  As frases de boas novas são idênticas para todas as pessoas e os sorrisos artificiais na obrigação de serem dados;
2) Quando acaba o 13° ou quando chega a conta do cartão de crédito, percebe-se que não valeu a pena comprar tudo aquilo no qual boa parte será esquecida num canto e sempre tem algo que é recebido com velho sorriso falso e o pensamento: “Pra que eu quero essa porcaria?” ou “Nunca vou usar essa merda”;
3) Os presentes trocados nunca são equivalentes.  Quase sempre você tira uma pessoa que não lhe quer bem e vice versa ou que guarda algum rancor.  Não tem coisa mais imbecil do que as tentativas idiotas de adivinhação: “O meu amigo oculto é assim e assado”;
4) Não interessa se o consumo de energia aumentará.  Até os eco xiitas ignoram seus fundamentalismos e usam lâmpadas aos milhares.  Todos os anos serão comprados novos enfeites.  Reaproveitar os do ano passado, nunca;
5) As promessas nunca são cumpridas e se repetem todo final de ano.  Quando são feitas, o subconsciente sabe que elas não serão cumpridas;
6) APAE, Greenpeace, WWF, Sea Shephered etc.  Seja qual for a entidade, tem seus voluntários que seguem cegamente ordens (como ovelhas de um rebanho) dadas por dirigentes intocáveis que só se preocupam com o status pessoal e suas rentabilidades.  Toda ONG ou entidade filantrópica grande é corrupta e tem coleguismo, teste de sofá, drogas e outras podridões equivalentes, contudo, manteem a fachada filosófica;
7) O consumismo é imperativo.  Reaproveitar do ano passado, jamais.  O que vale é mostrar-se novo com a falsa evidência de que tudo será renovado, preferencialmente despertando inveja e comentários alheios, sendo que na verdade é apenas mais do mesmo e que tudo voltará a se repetir;
8) Ninguém lembrará que aquele padre no púlpito é o mesmo envolvido no escândalo de pedofilia.  Todos falam de Jesus Cristo, mas negam que o fanático era tão humano e errante quanto o bêbado caído na esquina;
9) Alcoolismo, gula e obesidade predominam.  O esbanjar é tanto que sempre há estrago pelo excesso.  Enquanto isso, mingau azedo como refeição principal e miséria de norte a sul do Brasil e nos quatro cantos do mundo;
10) A falsidade é lei.  Se não compactuar, você é acusado de ser anti social.  Trata-se de uma letargia cultural ditadora que maquia a manutenção perpétua de guerras, que fomenta o consumismo capitalista, que manipula os meios de comunicação, que dirige a opinião pública, que se impõe como verdade absoluta e incontestável.  No final do ano seguinte tudo se repetirá como um deja vu.  Um ciclo vicioso cultuado por uma população mundial apática.
Frente a tudo isso, eu poderia entrar na dança, como um pião num tabuleiro de xadrez, e desejar um feliz 2011 para todos.  Mas prefiro ser mais realista e colocar uma interrogação no final dessa frase piegas.  Que venha o próximo ano com as desgraças inevitáveis da estupidez humana pra serem novamente perdoadas e esquecidas no 12° mês.

2 comentários:

  1. UM TEXTO PARA REFLETIR, E POR ISSO CONTINUO A SONHAR COM ALGO MELHOR, MESMO SABENDO SER TÃO DÍFICIL, POR ISSO CONTINUO A FAZER O QUE CONSIDERO VÁLIDO, MÚSICA, TEATRO, ARTES EM GERAL, POESIA, ESCULTURAS DE MATERIAL RECICLÁVEL, NATURISMO. AINDA BEM QUE ESTA REGRA SINALIZADA PELO ORESTES É QUEBRADA POR ALGUNS, TENHO A CERTEZA, POUCOS, MAS QUE VIOLAM ESTA FALSIDADE, CASO CONTRÁRIO, NÃO ESTARIA ESCREVENDO ESTA MENSAGEM NO BLOG DE MEU AMIGO, QUE GRAÇAS AOS DEUSES TAMBÉM JÁ ME DECEPCIONOU, MAS QUE CONTINUA SENDO MEU AMIGO, AFINAL, SÓ PELO FATO DE SER HUMANO SOMOS ESTES SERES IMPERFEITOS. MEU MEDO, ORESTES, É QUE ESTE BAIXO ASTRAL ACABE AFUGENTANDO AS PESSOAS DESTE TEU GENIAL BLOG (SEM FALSIDADE MESMO!) HEHEHE FELIZ 2011 DE TEU AMIGO JORGE BANDEIRA

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  2. Texto bem escrito, mas não precisava ser tão down assim.

    A vida em sociedade, de hoje e de tempos idos, é regida por algumas normas, códigos, protocolos - seja lá o que for - a fim de que os seres humanos se suportem minimamente, caso contrário, só restará a barbárie.

    Tomando como exemplo a quadra natalina, o evento, dado o seu significado, faz com que as pessoas em geral ponham suas emoções no "piloto automático", daí os 10 pontos da seção "A Falsidade". Elas não são culpadas por isso. Nem eu. Nem você. Nem o[s] meu[s] melhor[s] amigo[s]. Nem o[s] seu[s]. Por outro lado, é correto parar para pensar, e questionar toda esse estado de coisas, que vão se tornando desimportantes à medida em que ganhamos conhecimento, o que traz no pacote um senso crítico aguçado como o seu. O importante é como colocar-se no meio de tudo isso, e tentar manter uma certa integridade moral, filosófica, ideológica - sei lá -, sem no entanto deixar a bile controlar suas emoções.

    As festas natalinas são puro consumo. Aquele menino judeu no estábulo é deixado de lado, em nome da roupa nova, do panetone, do peru, da comilança, dos brinquedos e, é claro, do famigerado amigo oculto - gerador de ressentimentos que durarão até o ano seguinte.

    O sino pequenino de Belém já não me diz nada há muito tempo. Papai Noel é aquele velhinho que ganha uma renda extra aturando crianças choronas nos shoppings. As renas são aqueles veadinhos santitantes que flutuam no ceu, puxando um trenó carregado de traquitanas. A indústria, o comércio, os serviços e o governo faturam alto - tem muita gente trabalhando. É o dinheiro circulando, bicho! Gostemos ou não, fazemos parte desse sistema de engrenagens; queiramos ou não, colhemos algum benefício com isso. C'est la vie.

    A História recente é prodiga em mostrar o que aconteceu nas sociedades em que os eventos natalinos foram abolidos sob a força das armas. Papai Noel deu lugar à barbárie.

    Nota dez para isto:
    6) APAE, Greenpeace, WWF, Sea Shephered etc. Seja qual for a entidade, tem seus voluntários que seguem cegamente ordens (como ovelhas de um rebanho) dadas por dirigentes intocáveis que só se preocupam com o status pessoal e suas rentabilidades. Toda ONG ou entidade filantrópica grande é corrupta e tem coleguismo, teste de sofá, drogas e outras podridões equivalentes, contudo, manteem a fachada filosófica;


    No mais, um ótimo 2011 [sem falsidade] a você.

    Vida longa ao seu blog.

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