“Phodas-C” foi sem dúvida um dos fanzines mais polêmicos já manufaturados na cidade. O nome foi em homenagem ao primeiro disco de Léo Jaime lançado em 1984. Era produzido por mim e por Adelino Lobato. Eu tratava das duas capas, do editorial na primeira página e da última página. Adelino era responsável por todo o miolo.
O objetivo do fanzine era fazer dele nossa válvula de escape e ali colocar todos nossos medos, preconceitos, ódios, incoerências e tudo mais que não presta de sentimentos e qualidades que habitam o interior do ser. A idéia era fazer sempre cada número pior que o antecessor e assim expurgar nossas ruindades que teem de ser jogadas fora. O fanzine alcançou seu objetivo. Gerou raiva do artista multi mídia, Mayr Mendes que chegou a me dizer que não podíamos fazer aquilo e que se tratava de uma grosseria de mau gosto disfarçada de arte. Gerou raiva da professora da UFAM Conceição Derzi, que numa reunião dos Quadrinheiros, discorreu uma retórica contra o produto, alegando que a Universidade jamais apoiaria aquele tipo de impresso. Imediatamente pedi dela o discurso por escrito para publicar no fanzine, mas infelizmente não fui atendido.
O fanzine era totalmente anárquico. Não tinha periodicidade nem numeração coerente e chegou a influenciar a criação do “V.T.N.C.” do desenhista e quadrinhista Arthur Araújo (vulgo Farrapo).
Não lembro de nenhum outro fanzine em Manaus que tenha vindo com brinde. Pois o “Phodas-C” teve brindes em quatro exemplares dos seis lançados. Falarei dos brindes quando postar os fazines que eles acompanhavam, por merecer uma história à parte.
Chegou um certo ponto onde tivemos que acabar com o fanzine, porque haviam pessoas que estavam se incomodando muito e a coisa estava começando a ficar perigosa.
As contra capas eram colagens aleatórias com alguma frase chocante de celebridades ou anônimos. Nas histórias em quadrinhos do miolo eu sempre dizia para o Adelino não caprichar muito e relaxar quanto à arte final. Podia deixar tosco mesmo para manter a “filosofia”.
O “número último” (é assim mesmo a numeração deste), que marcou o “assassinato” do zine por seus próprios autores, é tão peculiar que terei de fazer uma resenha apresentando ele (vocês entenderão o porque), mas enquanto isso não acontece, fiquem aqui com a capa e contra capa do número 0,5.
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