Auto biografia artística virtual. Registros de eventos, resenhas, desenhos, crônicas, contos, poesia marginal e histórias vividas. Tudo autoral. Quando não, os créditos serão dados.

Qualquer semelhança com a realidade é verdade mesmo.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Phodas-C 0,5

“Phodas-C” foi sem dúvida um dos fanzines mais polêmicos já manufaturados na cidade.  O nome foi em homenagem ao primeiro disco de Léo Jaime lançado em 1984.  Era produzido por mim e por Adelino Lobato.  Eu tratava das duas capas, do editorial na primeira página e da última página.  Adelino era responsável por todo o miolo.
O objetivo do fanzine era fazer dele nossa válvula de escape e ali colocar todos nossos medos, preconceitos, ódios, incoerências e tudo mais que não presta de sentimentos e qualidades que habitam o interior do ser.  A idéia era fazer sempre cada número pior que o antecessor e assim expurgar nossas ruindades que teem de ser jogadas fora.  O fanzine alcançou seu objetivo.  Gerou raiva do artista multi mídia, Mayr Mendes que chegou a me dizer que não podíamos fazer aquilo e que se tratava de uma grosseria de mau gosto disfarçada de arte.  Gerou raiva da professora da UFAM Conceição Derzi, que numa reunião dos Quadrinheiros, discorreu uma retórica contra o produto, alegando que a Universidade jamais apoiaria aquele tipo de impresso.  Imediatamente pedi dela o discurso por escrito para publicar no fanzine, mas infelizmente não fui atendido.
O fanzine era totalmente anárquico.  Não tinha periodicidade nem numeração coerente e chegou a influenciar a criação do “V.T.N.C.” do desenhista e quadrinhista Arthur Araújo (vulgo Farrapo).
Não lembro de nenhum outro fanzine em Manaus que tenha vindo com brinde.  Pois o “Phodas-C” teve brindes em quatro exemplares dos seis lançados.  Falarei dos brindes quando postar os fazines que eles acompanhavam, por merecer uma história à parte.
Chegou um certo ponto onde tivemos que acabar com o fanzine, porque haviam pessoas que estavam se incomodando muito e a coisa estava começando a ficar perigosa.
As contra capas eram colagens aleatórias com alguma frase chocante de celebridades ou anônimos.  Nas histórias em quadrinhos do miolo eu sempre dizia para o Adelino não caprichar muito e relaxar quanto à arte final.  Podia deixar tosco mesmo para manter a “filosofia”.
O “número último” (é assim mesmo a numeração deste), que marcou o “assassinato” do zine por seus próprios autores, é tão peculiar que terei de fazer uma resenha apresentando ele (vocês entenderão o porque), mas enquanto isso não acontece, fiquem aqui com a capa e contra capa do número 0,5.


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