Auto
biografias em geral apresentam-se numa previsibilidade didática de
um paradigma mercadológico até. Quando se abrem as primeiras
páginas, já se sabe, mais ou menos, o que se encontrará em
“Mustaine – Memórias do Heavy Metal” que David Scott
Mustaine escreveu com o auxílio de Joe Layden. Uma
autobiografia séria, sem perder o humor em algumas passagens,
sincera e com uma leve sensação de ausência em algo.
Capa da motivadora autobiografia de Dave Mustaine |
O
leitor facilmente perceberá, não apenas a forte personalidade do
líder do Megadeth, mas também sua força física e mental. A
física foi se desenvolvendo naturalmente com o passar da idade,
devido a infância pobre que sofreu com um pai autoritário, abusador
e alcoólatra, e mais tarde, na prática de artes marciais, que
complementou muito a disciplina que ajudaria o músico como
guitarrista e mentor de uma das maiores bandas de heavy metal
do mundo. Evidentemente que seria impossível falar da vida deste
homem, sem falar de sua passagem pelo Metallica. Mesmo porque
ele foi um dos fundadores deste mito do rock e, sabe tanto
quanto os demais membros, como começou sua história. Vale ressaltar
que, devido a este episódio, é praticamente obrigatória a leitura
deste livro para os fãs do Metallica, visto se tratar da
versão de Mustaine para sua passagem pela banda e o porque de muita
mágoa envolvida em ambas as partes. Mágoa esta que foi bastante
amenizada com o sucesso do Megadeth, mas que, sem dúvida
nenhuma, deixou cicatrizes profundas. A maior delas, talvez seja as
circunstâncias traumáticas em que ele foi deixado por James
Hetfield na estação de trem, após ser demitido do Metallica,
que estava em ascensão e deve muito disso a Mustaine. Além deste,
outros tópicos atiçam a curiosidade, como por exemplo a constante
mudança de formação do Megadeth, o processo de composição
e gravação dos álbuns clássicos, a opção do biografado em
decidir ser o vocalista de sua banda (acredite: ele não queria, e se
isso acontecesse, talvez a história seria outra) e a recuperação
do alcoolismo, das drogas e principalmente da lesão num pulso,
sofrida num acidente, que quase lhe tirou a habilidade de tocar
guitarra. A força mental está na perseverança de Dave em continuar
com a banda e no apoio conseguido através de sua conversão ao
cristianismo. Curiosamente a ausência mais sentida no livro é o seu
envolvimento com o satanismo que, conforme o mesmo em algumas
entrevistas, foi profundo e causou-lhe sérios problemas.
Dentre as dezenas de fotos, há aquelas que são simplesmente históricas.
Dentre as dezenas de fotos, há aquelas que são simplesmente históricas.
Mágoas
e previsibilidade à parte, “Mustaine – Memórias do Heavy
Metal” é a narração de um belo exemplo de vida que demonstra
força para superação a problemas cruciais na vida de qualquer
pessoa comum.
Tradução
de Marcelo Barbão; editora Benvirá; brochura com lombada quadrada;
368 páginas.
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