Devido
a seus comentários polêmicos, abordando política, filosofia,
cultura ou sociedade, Lobão tem aparecido mais sob os
holofotes, do que sua própria música. Isso tem colocado sua arte em
segundo plano, trazendo críticas a sua pessoa e esquecendo um tanto
a importância deste ícone que, indiscutivelmente, já faz parte da
história do rock nacional, sem nos referirmos exlcusivamente
aos anos oitenta. Talvez seja por isso que o Lobo quase não fala em
política na auto biografia “50 Anos a Mil”, escrito com a
parceria de Claudio Tognolli. Afinal, seu legado, já é um
registro histórico musical.
Capa da ótima autobiografia de Lobão |
O
considerável calhamaço já abre com a letra de uma de suas músicas,
dedicadas a Ezequiel Neves, Cazuza e Júlio Barroso,
e a URL de sua disposição pra download gratuito
(infelizmente não mais disponível), emendando com uma
hilária ocorrência, na qual o protagonista principal, junto com
Júlio Barroso, puxam algumas carreirinhas, em cima do caixão
de Cazuza, em seu velório. A infância bem vivida, parece ter
continuidade na adolescência que, é regada pelos excessos de uma
época marcada por isso. Excessos estes que perduram por muitos
capítulos no livro, acompanhando a vida adulta, sem censurar-se em
nenhum momento no tema. O estigma explora as prisões, que lhe deram
respeito com a marginália, consagrando o hino “Vida Bandida”,
bem como, a intimidade criada com favelas e com a velha guarda da
Estação Primeira de Mangueira. O acaso explica o seu desfile
como percurssionista da Escola no carnaval, e a retribuição, com a
participação de da bateria de sambistas completa, em gravação de
disco e mesmo no show, em pleno “Rock in Rio”.
Relembrar o lendário Vímana e sua passagem pela Blitz,
é praticamente obrigatório. Também não poderiam faltar as
inspirações e o processo de composição de seus maiores hits,
bem como da criação e lançamento de seus discos. Não esquecendo
inclusive do sucesso independente da revista “Outra Coisa”.
A atuação na MTV Brasil como apresentador, comentarista e
entrevistador, também é enfatizada, assim como atuação em alguns
filmes e a parceria com dezenas de outros músicos consagrados. A
sessão de fotos, no meio do livro, traz imagens raras, saudosistas e
eternizadas. Pra encerrar, outra letra descrita também com a URL pra
download gratuito da canção (infelizmente não mais
disponível).
Depois
de ler o relato memorável de inúmeros casos musicais, facilmente
constatáveis, com a confirmação de ilustres testemunhas e do
registro de discos de sucesso, esquece-se tratar-se de uma figura
muito mais lembrada atualmente por suas polêmicas declarações, do
que por sua arte musical. De qualquer forma, Lobão acertou
com a publicação de sua ótima autobiografia “50 Anos a Mil”,
que já tem continuação lançada no ano de 2015.
Editora
Nova Fronteira; 2010; 593 páginas.
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