No meio da significativa quantidade de
bandas que surgiram na virada do século, na cidade de Manaus
(Amazonas), várias chegaram a gravar seus discos. Dentre
estas, a grande maioria findou-se, poucas continuaram seus legados e
várias outras vieram posteriormente, obedecendo o ciclo natural das
coisas. Em toda esta fauna, a Sentapua foi uma que lançou seu
debut, terminou algum tempo depois, passou vários anos em
inatividade e retornou aos palcos com nova formação, cerca de uns 3
anos atrás, mantendo até hoje a rotina de apresentações. Seu
disco homônimo foi lançado no longínquo ano de 2004, mas demonstra
um playlist atemporal e empolgante.
Capa do debut da Sentapua lançado no ano de 2004 |
O CD já abre com “Punhal”,
considerada por muitos, como a melhor faixa do disco. Influência
direta do grunge, ótima letra e refrão marcante. A segunda é
“Veludo”. O dedilhado de abertura é só enganação pro
peso que vem em seguida, promovido pela mudança de tom no vocal
principal. Na terceira colocação está “Absinto” que
acelera um pouco o ritmo nos estrofes. Seu final que poderia ser
menos inesperado. Na quarta posição vem “Quinta Feira”
que expõe a boa qualidade dos músicos, principalmente de seu
baterista Lauro Henrique. Na sequência vem um blues
(?). Sim, “No Lado Escuro da Nossa Lua” é um
grande blues, que ganhou o carisma do público pelo seu refrão
pegajoso. Vale lembrar que esta música também foi gravada pela
banda “Tudo Pelos Ares”, em seu disco de estreia (nomeado
de “Senta a Pua”), por ser de composição do
ótimo guitarrista vocalista Eduardo Molotievski. Em sexto
lugar “Quinze para Meia Noite” devolve o peso, desta vez
explícito mais na letra da canção. A oitava é “O Frio”
que tem destaque para os guitarristas Deco Vequione e Luigi
Henrique, respectivamente base e solo (Luigi
também é creditado como o contrabaixista). Em seguida “Máscara”
dá uma apaziguada com uma introdução mais trabalhada, até a
entrada do primeiro estrofe. Curiosamente o peso entra apenas nas
partes cantadas. A próxima é “Fotossíntese” com uma
pegada um tanto punk rock, e um ótimo refrão que também é
bastante pegajoso. “Espelho” segue trazendo a mesma levada
e nada muito diferencial do restante do disco. Pra fechar a bolacha
“Paradoxo” tem sua cadência em guitarra acústica. A
distorção entra apenas nos refrões, mas nada que comprometa as
características indie, muito tonificadas pelos vocais de
Wilson Lobão.
A ausência de um encarte mais
elaborado, principalmente com as letras das músicas, é sentida.
Hoje a Sentapua encontra-se apenas com Wilson de sua
formação original, mas o trabalho produzido no primeiro CD é
primoroso e prova toda capacidade de concentração em boas músicas
com ótimas letras e o peso que gostamos de escutar numa banda de
rock.
Nenhum comentário:
Postar um comentário