Auto biografia artística virtual. Registros de eventos, resenhas, desenhos, crônicas, contos, poesia marginal e histórias vividas. Tudo autoral. Quando não, os créditos serão dados.

Qualquer semelhança com a realidade é verdade mesmo.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Papo Filosófico - Politicamente (in)Correto

                 Finalmente depois de muito tempo, colocamos online o primeiro episódio do podcast Papo Filosófico, este com o tema "Politicamente (in)Correto".  O link pra download direto é este:


                 Lembrando que o episódio piloto está disponível no blog A Via Filosófica 

http://www.aviafilosofica.com/


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Entrevista com Joaquim Marinho (parte 1 de 6)


               Entrevista que realizei com mestre Joaquim Marinho para o extinto programa de web radio Vertical Classic Rock. Vale a pena assistir porque o jornalista/radialista dá algumas declarações, no mínimo, curiosas.  Com o passar do tempo, postarei as outras partes da entrevista.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Dicas para Montar uma Web Radio


Recentemente um amigo me solicitou uma consultoria voluntária sobre web radio.  Como o check list inicial pode ajudar outras pessoas na empreitada dessa poderosa ferramenta de comunicação, resolvi tornar público o texto que segue abaixo.

SOFTWARES

- Zara Radio: Necessário para execução da rádio na web.  Download gratuito;
- Contador de Usuários Online: Útil para medir a audiência em tempo real.  Existem vários tipos pra download gratuito;
- Anti Vírus: Garante a segurança e proteção para evitar perdas e danos.  Recomenda-se atualização constante e preferencialmente o modelo Kaspersky (software tido como o melhor dentre todos os existentes no mercado.  Seu formato de curta duração pode ser encontrado pra download gratuito.  Basta reinstalá-lo a cada dois meses para garantir o seu uso);
- Navegador Mozilla Firefox e Google Chrome: Indispensável para operar a rádio.  Recomenda-se o uso do segundo, por ser mais leve e deixar o primeiro como garantia de um “plano B”, caso haja problemas com um;
- MSN e Skype: Boa parte da divulgação e da audiência vem desses contatos que são realizados em tempo real e cruciais para a interação com os ouvintes;
- Conexão Banda Larga: Recomenda-se a que tiver plano com maiores gigas de conexão para evitar problemas com sinal de transmissão.
Observações: Pra garantir bom desempenho e ter maior espaço de armazenamento, recomenda-se que se deixe na máquina somente os softwares necessários para o funcionamento da rádio, “limpando” o computador de pacotes como Office, Paint, Adobe, jogos etc.


EQUIPAMENTOS

- Computador: Indicado configuração personalizada de 4 gigas de memória RAM, ótima placa mãe, processador potente etc.  Indispensável manutenção permanente, bem como todas as atualizações.  Ideal que troque o computador a cada dois anos (média de vida útil de um computador usado constantemente, mesmo com boa manutenção);
- Mesa de som: Necessário para excelência na entrada de som diferenciada.  Isto é, mais de uma voz, mais de um instrumento musical etc.  E controle eficiente quanto a volume, equalização, grave, brilho etc.  No mínimo de 6 canais;
- Microfones: Para entrada de voz de locutores.  Ideal que seja um microfone pra cada locutor evitando assim microfonias, defasagens e outros problemas com sobrecarga de áudio.  Recomenda-se microfones profissionais, por não serem muito caros e garantirem qualidade no áudio.  Nunca adotar microfone sem fio, pois este tipo de produto funciona por frequência de rádio e isso pode interferir no sinal da transmissão, mesmo que seja transmissão via web.  No mínimo 3 unidades.  Observação: atenção em adquirir os microfones já com os cabos;
- Cabos Conectores: Defeitos em equipamentos sonoros, geralmente acontecem em cabos.  Vale ter cerca de um ou mais reserva pra cada conexão;
- Pedestal de Mesa: Necessário para sustento dos microfones, permitindo assim, liberdade aos locutores para operacionalização de computadores, de mesa de som, leitura de impressos, uso de instrumentos musicais etc.  Tem de haver um pra cada microfone.  Também recomenda-se, ao menos, um reserva;
- Hub: Essencial para mais de uma conexão USB.  Recomenda-se com cabos longos.


ESTRUTURA

- Estúdio: Local fechado pequeno (no mínimo 4x4m) e climatizado.  Crucial que tenha isolamento acústico para impedir interferência sonora;
- Bancada: Suporte para todo o equipamento, sendo necessário um espaço sobrando para notebooks, impressos usados para leitura ou qualquer outro material que procedência externa;
- Outros: Fora os itens acima, pensar no local como um ambiente confortável pra trabalho que possua banheiros, bebedouros, lixeiras, cadeiras a vontade, sala de espera com recepção etc.


Orestes em web radio
RECURSOS HUMANOS

- Locutor: Não precisa necessariamente ter uma experiência profissional ou um curso superior, mas é importante que este tenha um mínimo de qualificações, por estar na responsabilidade de transmitir uma mensagem pública que poderá influenciar outras pessoas, além de difundir informação.  Portanto, ideal que a pessoa tenha um mínimo de conhecimento sobre o tema ou música tratada, boa dicção, vocabulário adequado, inglês básico, dentre outras qualidades.  Indica-se 2 locutores por programa, mas 1 é capaz de realizar uma boa transmissão.  Acima de 5 já fica mais difícil de manter o controle (principalmente do tempo).  Um tem de ser o “âncora” que dirigirá o programa.  Não precisa necessariamente ser este a operar o computador de transmissão, mas a sincronia tem de ser exata para manter a sintonia com efeitos, trilhas e outros;
- Diretor: Como dito acima, pode ser o próprio locutor, desde que o mesmo saiba exercer a função demandada.  No caso, é preciso austeridade em certas tarefas: criar uma programação em cronograma adequando disponibilidade de locutores com público alvo; seguir a risca os horários estipulados; elaborar com locutores as vinhetas necessárias; prestar todo tipo de apoio técnico e operacional solicitado (evidentemente delegando serviços a técnicos competentes).  Observação: cada programa deve ter sua direção à parte da direção da rádio;
- Promoter: Responsável por divulgar a web radio, captar patrocínios e anunciantes, bem como, negociar mídias para marketing e parcerias agregadoras;
- Técnico de Informática: Indispensável para manutenção corretiva e preventiva do equipamento e dos softwares.  Pode ser terceirizado, mas importante que mantenha plantão de atendimento à rádio.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Orestes Entrevista Rogélio Casado



Rogélio Casado é o exemplo perfeito do ativista social.  Inquieto constante, este cidadão (beirando os sessenta anos de idade) é Graduado em Medicina, com Residência Médica em Psiquiatria, especialização em saúde mental, militante de Direitos Humanos e da luta por uma sociedade sem manicômios. Fundador de Rede de Amizade & Solidariedade às Pessoas com HIV/AIDS e da Associação Chico Inácio, filiada à Rede Nacional Inter Núcleos da Luta Antimanicomial, entidade de apoio aos direitos civis e políticos dos usuários dos serviços públicos de saúde mental de Manaus. Foi Diretor Clínico do Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, Diretor Geral do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Manaus, Coordenador de Saúde Mental do Estado do Amazonas e Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Universidade do Estado do Amazonas.  Atualmente é Coordenador Técnico do Projeto Nós & Voz, de inclusão social de pessoas com transtorno mental.  Em suas horas vagas ainda consegue tempo pra tocar gaita.  Cedeu gentilmente esta entrevista para o blog Orestes.

Orestes: Como seria possível a extinção dos manicômios?
Rogélio Casado: A extinção dos manicômios é um processo civilizatório. Assim como eles nasceram com a Revolução Francesa e foram se firmando em todos os continentes, retirando de circulação das ruas os "loucos de todos os gêneros" (expressão consagrada pelo discurso médico jurídico), a partir da II Guerra Mundial, foi iniciado o processo "de volta para casa", expressão que ganharia maior visibilidade com a construção da reforma psiquiátrica iniciada na Itália no início dos anos 1960, consagrada na Lei 180, de 1978 - lei que extinguia os hospícios italianos, e ganharia dimensão de movimento social no Brasil, com a denominação de Luta Por Uma Sociedade Sem Manicômios, cujo êxito é marcado por dois eventos importantes: a Lei de Saúde Mental, de 6 de abril de 2011, que substitui o hospício por uma rede de serviços de atenção psicossocial, e o fechamento de 50 mil leitos psiquiátricos, dos 80 mil existentes, números existentes até quase o final dos anos 1980. O fechamento dos hospícios não se deu por uma canetada, mas pela reconversão dos recursos humanos que ali trabalhavam, de modo a operar com novos conceitos e novas prática, em que a liberdade ganhou estatuto terapêutico. Um dos maiores desafios atuais é relativo à formação de novos cuidadores em saúde mental (conceito que causa espécie nas categorias profissionais que não querem abrir mão do status e das relações de poder). A maior parte do aparelho formador ainda é muito conservador.
O carismático ativista social Rogélio Casado

O.: Quais as vantagens de uma sociedade sem manicômios?
R.C.: Nos lugares onde o discurso e a prática da liberdade como instrumento terapêutico foram adotados, a mudança cultural na relação entre a sociedade e a loucura pôs abaixo alguns pilares da psiquiatria conservadora, como o controle social a ela delegada desde que a loucura foi capturada pelo discurso médico; o começo do fim da apropriação da loucura como objeto exclusivo de um saber e de uma prática especializada; o deslocamento das imagens da loucuras veiculadas pelo senso comum, que era alimentado pela construção da suposta noção científica da "doença mental"; uma nova reflexão social sobre a loucura como um dado universal da condição e da experiência humana, sem a qual o humano é mutilado em sua subjetividade; uma profunda revisão das rejeições e assimilações das concepções elaboradas pelo saber médico hegemônico, a partir das idéias e vivências leigas expressas pela loucura. Não é pouca coisa para um processo que, no Brasil tem pouco menos de 25 anos de existência.

O.: Quanto iríamos economizar sem manicômios e quais os investimentos que necessitaríamos para isso?
R.C.: O pesado modelo manicomial, que convive com a nova rede de atenção psicossocial no país (em Manaus, neste ano de 2012 inicia-se o processo de fechamento do hospício estadual), com seus 30 mil leitos, envolve uma bagatela de meio bilhão de reais. Com o fechamento do manicômio e a instalação de uma rede de serviços diários de atenção psicossocial, além da redução dos custos economizaríamos em sofrimento, estancaríamos o processo de destruição da cidadania dos loucos, e poríamos fim ao abandono do Estado sobre o futuro dos loucos em nossas cidades, mediante novas políticas de saúde mental.

O.: Dê exemplos de sucesso nesse tipo de programa.
R.C.: Dois municípios brasileiros se distinguem no novo modelo de atenção à saúde mental que privilegia ações no território onde os loucos circulam, tendo com referência a liberdade terapêutica: Belo Horizonte e Porto Alegre. Ambas criaram uma rede de serviços de atenção psicossocial para problemas mentais graves e persistentes, tanto para adultos como para crianças, incluindo aí as autistas; rede de serviços para abusadores de álcool e outras drogas; serviços residenciais para egressos dos manicômios; leitos psiquiátricos em hospitais gerais para internação de curto prazo, centros de convivência em que se oferecem programas de geração de renda, lazer e arte. As legislações em saúde mental dos seus respectivos estados são exemplos inspiradores para todo o país. Ressalte-se que essa rede ainda padece de uma questão ainda não superada no país: a falta de recursos e investimentos que atravessa todo o setor de saúde do país. Nesse sentido, os investimentos dos Estados e dos municípios só conseguem ser mais generosos, quando administrados por partidos "vermelhos", comprometidos com as causa populares.

O.: O que nossa sociedade precisa pra alcançar esse nível? 
R.C.: Entendo que a relação entre sociedade e loucura depende da cultura da época. No caso brasileiro, vale lembrar que as mudanças de mentalidade tiveram como pano de fundo o enfrentamento com a ditadura militar. Vários segmentos organizados estavam em luta pela redemocratização do país. Mesmo que a explosão de ideias tenha sido avassaladora, e mesmo diante das tentativas de contê-la pelos segmentos conservadores que dominaram parte das nossas instituições, ainda assim, o fluxo inexorável da vida e da cultura dos novos tempos dão conta de que estamos no final de um processo civilizatório. A nova civilização vem dando sinais por aí. Nenhuma sociedade que se preza pode esconder seus loucos. Não há espaço para retrocesso.

O.: Porque este assunto ainda é tratado com tanto descaso pelo poder público?
R.C.: Mesmo na aparente polaridade entre os que defendem o manicômio e os que abraçaram a causa antimanicomial, em suas franjas é que estão sendo construídas as novas relações entre a sociedade e a loucura. Os agentes mais conservadores, incrustados no poder, têem de enfrentar a onda dos novos protagonistas que criaram novas redes e fluxos para a loucura na sociedade dos dias de hoje. Nesse antagonismo, convivemos com o arcaico que não quer mudanças na cultura, e o novo que já se faz presente produzindo novas culturas.

O.: Existe vontade pública ou privada para efetivar uma sociedade sem manicômios?
R.C.: Do privado queremos distância. No público temos gestores comprometidos com os novos paradigmas em saúde mental, por um inequívoco compromisso com as demandas da sociedade civil organizada.

O.: Pra onde iriam os enfermos que não têem mais famílias?
R.C.: Está em funcionamento no país, fruto da nova política de saúde mental, o programa De Volta Para Casa. Trata-se de um programa com investimentos para aparelhar uma casa, bem como a contratação de "cuidadores em saúde mental" para ajudar na construção da rotina dos moradores.

O.: Que outras frentes sociais Rogélio Casado toma parte?
R.C.: Além dos Direitos Humanos, onde está contida a luta Por Uma Sociedade Sem Manicômios, atuo no Movimento Socioambiental.

O.: Deixe seus contatos e um recado para este blog.
R.C.: Um grande forte abraço. Endereço para contato: http://rogeliocasado.blogspot.com.br/; http://www.facebook.com/rogeliocasado;
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