Auto biografia artística virtual. Registros de eventos, resenhas, desenhos, crônicas, contos, poesia marginal e histórias vividas. Tudo autoral. Quando não, os créditos serão dados.

Qualquer semelhança com a realidade é verdade mesmo.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Soda Billy

Escutar um disco da Soda Billy é uma dádiva.  Lembro, logo que conheci a banda, que eu ficava imaginando no quão bom seria se esse grupo que só tocava covers e uma música instrumental própria, gravasse um álbum.  Eis que o pedido foi realizado e, sem dúvida, satisfazendo todas as expectativas.
A bolachinha abre com “Go To The Boogie”, um puta rockabilly cantado em inglês e que tem um alto astral convidativo à dança.  Os arranjos com os metais fazem grande marcação e a voz do guitarrista vocalista Matheus Gondim tem um tom um tanto sarcástico, como um blues man ressaqueado, que dá um clima notívago ao som.  A instrumental “Festa Swing” é a segunda e tem o mesmo pique da abertura.  Boa pra fundo musical de festa mesmo, fazendo jus ao seu título.  A próxima “Vou Pegar Aline” mantém o clima de sexta-feira a noite.  A letra nos remete a um filme de Marlon Brando com gangues de motos e jaquetas de couro.  Em seguida vem a ótima instrumental “Long, Long Road”.  Um surf music indicado pra fundo musical de lual com garotas de biquíni, bebidas, fogueira em beira de praia e consequências prazerosas.  A sequência mostra uma maravilha inimaginável para o rock manauara.  “Bye Bye Baby” é cantado em inglês pela belíssima Kamila Guedes, que não é bela só em sua aparência.  Sua voz deliciosa é embriagante e prende a atenção de qualquer homem que tem seu libido despertado pela voz feminina.  Um impressionante rythm blues.  Outra grande surpresa vem em seguida.  “A Ponte” é uma música acústica, mas tem um pique cativante que remete ao blues roots bucólico e nômade.  O destaque vai para a gaita de Mario Valle que sola incansavelmente durante toda a canção.  No mínimo se bate o pé no ritmo.  Outra instrumental vem em sequência.  “Kid Mostarda” retorna ao rockabilly dançante com uma pegada forte na guitarra.  Mais parecendo trilha de Quentin Tarantino.  “Escaravelho Do Amor” é um blusão digno de barzinhos com mesas de bilhar, fumaça de cigarro no ar e mulheres com vestidos decotados.  Lembram da única música própria e instrumental que citei no começo do texto?  Ela é a próxima.  “Surfando No Igarapé Do 40” talvez seja a instrumental do rock manauara mais conhecida.  Uma grande música que não podia ficar de fora do disco.  A próxima “Have A Good Time” é outro rythm blues que vale um pouco de atenção.  Em seguida vem outra instrumental.  “Dizzy’s Surf” é uma mistura de surf music com jazz.  Mostra as influências jazzísticas da banda e como o grupo é bom pra marcar dança de casal.  Outra com a mesma fórmula engata na sequência.  “Latina” é uma instrumental que tem uma pitada caribenha.  Feita pra terraço ao luar de transatlântico.  “Amor Insano” volta com vocais, mas os acompanhamentos dos sopros e os arranjos são típicos de musicistas.  Pra fechar o CD, mais uma instrumental.  “Bistrô Blues” talvez seja a mais jazz do trabalho.  O gostinho de “quero mais” fica no término da audição, junto com a dúvida de se tratar de uma banda de Manaus ou algum grupo retrô de Las Vegas.
A ausência das letras e dos créditos individuais das músicas passam batidos na arte gráfica de Deco Salgado que preencheu o curto encarte com fotos e um visual bem Coca-Cola.  Ou seria visual Soda Billy?  De qualquer forma o álbum é um grande trabalho indispensável pra quem curte rockabilly, blues, jazz, surf music, boogie woogie, be bop e qualquer outro rótulo vinculado à boa música.  Vintage é um termo que se faz pouco para o álbum.  Não há dúvidas que se trata de um registro eterno que garante na história da música manauara o reconhecimento do bom rock que existe por aqui.
Compre sem vacilo.

3 comentários:

  1. Soda Billy é uma banda de responsa, sem dúvida!
    Matheus é seus acólitos são algo que destoa do atual mesmismo da música feita por aqui. Pureza é um mito, dizia Torquato e Matheus revigora isso, colocando seu igarapé jazzísticobilly em plena erupção criativa. Por sinal Orestes, onde podemos encontrar este CD?

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