No ano de 1984 os Ratos de Porão lançavam este primeiro disco solo, que chegou a ter uma edição com o fundo da capa em vermelho. Antes disso, já tinham registrado trabalho num ao vivo split com a banda
Cólera e nas coletâneas “Sub” e “Ataque Sonoro”. A tecnologia de estúdio usada na época nem se compara com a high tecnology de hoje. As condições eram totalmente precárias e o amadorismo dos envolvidos evidente. Contudo, a vibe era boa, honesta e jovial.
Cólera e nas coletâneas “Sub” e “Ataque Sonoro”. A tecnologia de estúdio usada na época nem se compara com a high tecnology de hoje. As condições eram totalmente precárias e o amadorismo dos envolvidos evidente. Contudo, a vibe era boa, honesta e jovial.
A bolacha abre com “Morrer” que demonstra logo de início a potencia da voz de Gordo. A segunda “Caos” é um murro de apenas alguns segundos e deixa o ouvinte atordoado sem saber o que aconteceu. Se aquilo era uma música ou foi algum defeito de gravação que deixou um pedaço de alguma faixa solta. “Guerra Desumana” continua com a sessão de sons que tendem mais para o hard core do que para o punk rock. “Agressão / Repressão” é um grito contra o sistema corrupto e violento da polícia. Interessante é ver que nenhuma dessas letras soam datadas. Ao contrário, o texto delas está sempre muito atual e condizente com a realidade vigente. “Obrigando a Obedecer” é quase um haikai que esbofeteia o pseudo nacionalismo por trás da prestação de serviço militar obrigatório. “Asas da Vingança” reforça a temática anti guerra. “Que Vergonha” é uma cover do ótimo Olho Seco. “Poluição Atômica” fecha o lado A (para o formato LP) com a força que só punks conseguem expor em músicas. “Pobreza” abre o segundo lado continuando o mesmo pique que se prolongará por todo o álbum. “F.M.I.” pode até parecer obsoleta em sua letra, mas se refletirmos bem, chegaremos a conclusão de que tão cedo o Brasil não deixará de ser independente economicamente. “Só Pensa Em Matar” são apenas duas frases psicóticas que deixam uma interrogação sinistra em quem escutá-las. “Sistema de Protesto” é a única que não tem sua letra no encarte. Particularmente eu gosto muito dela e adoraria entender sua letra. “Não Me Importo” é da mesma filosofia de “I Don’t Care” dos Ramones. “Periferia” reflete a realidade onde os membros da banda passaram suas infâncias e cresceram suas adolescências. A faixa homônima ao disco “Crucificados Pelo Sistema” é a melhor dentre todas e até hoje consta obrigatoriamente no set list de qualquer show da banda. Também com apenas duas frases em sua letra seguidas do título da música. “Corrupção” fecha o disco que parece uma “rapidinha” num beco escuro de tão intenso e urgente que é este álbum.
“Clássico” seria o termo adequado para resumir este registro histórico que é disputado a tapa no comércio de colecionadores de vinis. No exterior, já vale alguns bons Euros. Audição recomendada.
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