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Qualquer semelhança com a realidade é verdade mesmo.

domingo, 2 de julho de 2017

Zombie Side

Em meio à indiscutível crise, que abalou todos os ramos contemporâneos (e ainda abala muitos, diga-se de passagem), surge num lançamento manauara, um almanaque de quadrinhos autorais com acabamento de luxo e qualidade artística impressionante. O detalhe: totalmente independente, sem editora, pelo Studio House 137. “Zombie Side” é um álbum comic book de terror, com temática zumbi, coletânea que apresenta seis histórias em quadrinhos com autores de nomes, naturais da cidade de Manaus e outros externos convidados ilustres.
Capa do luxuoso almanaque comic book independente de Manaus
Após uma sucinta apresentação de Mike Deodato, o trabalho abre com “A Vila” de Paulo Yonami e Troy Brownfield. De ambientação medieval, a história traz um trio de bruxas lutando pra livrar um pequeno vilarejo da invasão de uma multidão zumbi. Na arte há uma direção de fotografia cinematográfica, elementos de mangá e uma riqueza de detalhes que convida os olhos a uma apreciação mais demorada pelos quadrinhos. Em segundo lugar vem “O Cerco” de Ronilson Freire e Fabian Iturri. Outra HQ medieval, sendo que nesta, um reinado é cercado e invadido por zumbis. A arte remete diretamente ao melhor de John Buscema na fase de ouro da Espada Selvagem de Conan. O clima de suspense é alcançado com o casamento da boa arte com textos bem colocados. Na terceira posição está “Zumbis nos Palmares” de Jucylande Jr. e Ananda Ramos. Esta é, sem cheiro de dúvidas, a história em quadrinhos mais original de todo o almanaque. No interior da caatinga nordestina, um grupo de cangaceiros tenta se desvencilhar de zumbis que aparentemente surgiram do nada e sem nenhum motivo. A arte final é magnífica com traços que definem muito bem a profundidade. A diagramação é simples, mas a riqueza das hachuras e os quadrinhos bem trabalhados, cativam pra leitura. Na sequência “Em Nome do Pai...” de Diego Medes e Jucylande Jr. mostra um padre, maduro e sagaz que não se poupa nas armas pra enfrentar zumbis. Provavelmente é uma referência ao filme hollywoodyanoPriest” de 2011. Os desenhos são muito simples com traço que mais parece um cartun alternativo. Em seguida “Impuros” de Vicente Moavero e Gláucio Silva joga os zumbis pra atacarem um legado viking. Fechando o álbum com chave de ouro “Protocolo Terra Devastada” de Emanuel Braga e Rodrigo Monteiro é o roteiro mais elaborado do livro. A ficção científica tem uma abordagem mais realista da temática zumbi. O enredo adulto tem a narrativa em seu diferencial. Os desenhos conseguiram expressar fielmente os ótimos argumentos que promovem um final surpreendente.
A produção tem todo o seu miolo em papel couchê. Todas as histórias são em preto e branco, mas estão antecedidas por “capas” coloridas. Como não há propagandas ou indicações de patrocínio, fica a torcida pra que seja mantido este alto padrão de impressão. Se a edição economizasse espaço em páginas desnecessárias como sketches, capas e créditos em tamanho grande com fotos, uma ou duas histórias poderiam ser acrescentadas. “Zombie Side” poderia ter uma edição mais econômica, variar sua temática e ampliar o número de histórias em quadrinhos, mas a coragem de um lançamento gráfico tão luxuoso e independente, já vale a pena cada centavo gasto na aquisição.
2017, 68 páginas.

2 comentários:

  1. Bom dia, Mário. Sou um dos escritores da Zombie[Side] e gostaria de agradecê-lo pelos elogios à nossa revista, ainda que tardios (só vi a resenha hoje). Um grande 2018 para você. :-)

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    1. Rodrigo, eu que agradeço tua visita e teu comentário aqui.
      Abraços!

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