A
proliferação de bandas covers é um fato inegável na Indústria Cultural.
Contudo, dentre essas, várias seguem suas carreiras autorais partindo deste
princípio, que por muitas vezes se inicia numa simples bricadeira de homenagem
a ídolos. É natural que a grande maioria não nega suas influências e ainda
fazem questão de deixá-las evidente em suas trajetórias. Este é o exemplo dos
manauenses do Seaside em seu debut álbum intitulado “Anatta”, lançado em Agosto
de 2016.
A linda ilustração da capa do debut Anatta, do trio amazonense Seaside |
O CD abre
com “Pra Não me Queimar”, uma porrada insana que atinge com agressividade o
ouvinte. Em segundo lugar vem “Adeus” que dá uma aliviada na batida e nos
vocais. Em terceiro “Fetos de Barro” (ótimo título de música) matém a levada
cadenciada com vozes calmas, mas tem uma letra mais elaborada. Em seguida
“Infeliz pra Você” tem um início que engana com uma falsa tranquilidade. Esta
talvez seja a faixa que mais lembre as influências claras do Nirvana. Na
sequência “Eu Só Preciso Adormecer” traz aquela velha conhecida angústia
contemporânea onipresente. É quase um doom. Na sexta posição está “Verdade Bem
Guardada” (outro ótimo título de canção) que retorna a porrada, mas com
detalhes que demonstram as qualidades musicais dos componentes da banda. A
posterior “Fogo” reassume essas qualidades, com exceção da voz, que não tem
pretensão nenhuma no lirismo. Contudo, não esquecemos que há virtude na atitude.
“Insonia” vem em seguida soando muito como outra boa banda manauense, a Chá de
Flores. A seguinte “Sol” é a balada triste auto depressiva, praticamente
obrigatória para um disco completo no estilo proposto. Os efeitos da distorção
foram muito bem explorados aqui. A décima faixa “Alcalina” volta a acelerar. O
punk rock do álbum. Curto, grosso e pesado. Desacelerando “Deprimente” chega a
ter riff base de metal stoner. Candidata a single. “Viciado em Ilusões” puxa
roda de pogo. Como a pele de tarol sofre pela pegada do baterista Augusto
Nunes. A próxima é “Perdedor” que continua a levada stoner com letra
angustiante. Fechando a obra “Asas de Ferro” não deixa dúvida da precisão, do
bom gosto e do nível técnico do trio de garotos (já não tão garotos assim).
Em súmula
sincera, o disco do Seaside “Anatta” não apresenta criatividade inovadora, ao
contrário, é de uma formula simples e muito repetida. A produção tem um áudio
que mais parece CD demo, mas é inegável a significante importância deste
trabalho para o rock alternativo do norte do Brasil e toda a sua
representatividade no cenário nacional. Mais um lançamento do selo independente
local Mama Records.
Não tenha
dúvidas em adquirir!