Após o
lançamento de seu debut “Amanhã Vai Ser o Melhor Dia da Sua Vida”
no ano de 2012 (ver resenha aqui:
http://whiplash.net/materias/cds/219138-lunetamagica.html), a banda
manauara Luneta Mágica, fecha o ano
de 2015 com o parto de seu inesperado segundo álbum “No Meu Peito”. A boa produção segue a linha independente, como no
disco anterior, sendo que este mais recém, possui uma elevação astronômica no
quesito de amadurecimento musical, em comparação a seu antecessor. Quem vê a
imagem da banda, de caboclos amazônicos
que acabaram de entrar na fase adulta, não imagina a qualidade de suas
composições expostas neste surpreendente trabalho.
Capá do surpreendente segundo CD da banda Luneta Mágica |
O CD abre com a faixa título, homônima ao
disco, de uma balada acústica curta com letra drummoniana. Uma tranquilidade típica de amanhecer que logo é
quebrada pela cadência explosiva de uma música que já começa com banda e vocal
juntos. “Lulu”, que é muito bem
aceita nos shows, depois de lançamento e divulgação de seu clip. Solo e refrões bem cativantes, mesmo na letra curta. Destaque
para as viradas de baixo. Em seguida vem “Acima
das Nuvens” que tem uma melodia e letra bem simples, mas também é de refrão
convidativo. A quarta é a segunda mulher do play.
“Mônica” já cai no clichê do romance
adolescente de protagonista de “Malhação”
da Rede Globo. A quebrada em seu
meado, salva a canção, como se o adolescente tivesse um lapso de experiência
adulta através de algum psicoativo. Na sequência, “Só Depois” remete ao primeiro álbum com alguns elementos
psicodélicos nos arranjos, a lembrar um pouco o mestre Arnaldo Baptista. Destaque nesta, vai pra aparição de uma batida
curta, mas totalmente John Boham, no
meio da canção. A próxima é “Preciso”.
Referência direta a Fernando Pessoa
em outra balada apaziguadora com características de psicotrópicos. Aqui a
lembrança já cai sobre Violeta de Outono.
Na sétima posição está “Mantra”.
Apesar da viagem, se trata de uma das faixas mais pesadas da bolacha. Ótimos
arranjos. Em oitavo vem “Sem Perceber”.
Vocal com efeito e traços eletrônicos dão a impressão que esses garotos vivem
chapados, mas até se isso for verdade, eles sabem tirar proveito com a mesma
inspiração criativa que os beatniks
tiravam em suas composições escritas. A faixa emenda com “Tua Presença”, outra melosa romântica, que poderia estar em novela
global de final de tarde, mas não chega a depreciar o conjunto da obra.
Novamente emendando entra “Lembra?”, assim
mesmo na interrogativa. Não é muito diferente da anterior. Sendo que esta já
cresce em seu final, tornando-a, quase épica.
Pra fechar, a terceira com nome próprio feminino “Rita”. É outra com dotes adolescentes, mas com instrumental bem
interessante. O contrabaixo parece estar solando a música inteira que junto com
os acompanhamentos de backing vocals
conseguem dar uma grande levada. A arte gráfica expressa muito bem o conteúdo
do trabalho. Ilustrações primárias com cores suaves e uma ficha técnica que
poderia ser melhor detalhada, mas a simplicidade casa perfeitamente com a
delicadeza do produto final.
A Luneta Mágica pode ser formada por
garotos recém saídos da puberdade, mas no resultado da mistura de Los Hermanos com Syd Barrett, o CD “No Meu Peito” apresenta a banda com uma
sonoridade que já começa a definir sua própria musicalidade. E isto é a maturidade
chegando.
Não deixe
de conferir!