Que Ozzy Osbourne é uma figura lendária, indispensável na história do rock mundial e um tanto carismática,
ninguém deve discordar. Contudo, o que poucos sabem é que o ícone, que se
popularizou como o vocalista mais simbólico da banda Black Sabbath, é que este disfuncional assumido tinha tudo pra
levar uma vida errante no mundo do crime e que, por um descuido do destino,
acabou se adentrando no universo da música e se tornou a pessoa que todos
conhecem hoje. Nesta sua auto biografia intitulada como “Eu Sou Ozzy”, escrita com ajuda do ghost writter Chris Ayres,
o mad man dá detalhes dessa sua
trajetória regada a muito álcool, drogas e excessivamente encharcada de bom
humor.
Capa da divertida auto biografia de Ozzy Osbourne |
As primeiras páginas já explicitam
este humor com poucas frases entre elas que falam “Diziam que eu nunca escreveria este livro. Bom, que se fodam – porque
aqui está ele. Tudo que preciso fazer é me lembrar de algo... Droga, não
consigo me lembrar de nada. Oh, só dessas coisas...” e começam de fato as
narrativas. Um dos narrados mais hilários, está no episódio onde um de seus
cães de estimação inala uma grande quantidade de cocaína, despejada no jardim
por Sharon, que ficou irada ao encontrar
a droga escondida na biblioteca. Claro que a maioria dos fãs desejam o
reconhecimento de Ozzy, não por este
lado patético, mas sim de suas músicas e sua obra como um todo. Porém, Osbourne sabe explorar e tirar proveito
dessa sua habilidade caricata e humorística nata. A infância e adolescência
dura mostram que realmente John
Michael Osbourne não tinha nenhum tipo de talento ou tendência a
algo. O próprio assume que se sentia como um Mr. Magoo drogado que
não sabia o que faria da vida e chegou a cometer alguns delitos e contravenções
em sua juventude, por pura falta de senso e direcionamento. Até mesmo Tony
Iommi quando estava recrutando músicos para formar uma banda e chegou até Ozzy,
por alguma indicação, duvidou da capacidade de John Michael em assumir
as responsabilidades como vocalista principal do grupo. Por muito pouco Tony
não desistiu de contratá-lo e, sem dúvidas que a história seria outra, caso o
guitarrista tivesse seguido seus instintos. As já esperadas dificuldades, que
toda banda enfrenta (imagine nos anos 60),
as fotos raras e memoráveis, o relacionamento com o saudoso Randy Rhoads,
encontro com celebridades diversas e esclarecimentos de fatos que até agora
ainda são motivos de especulações, como por exemplo, a famosa cabeça de morcego
comida em pleno palco. Tudo está ali. Sem rodeios e dito pelo protagonista
principal. Indispensável também, mesmo que não muito explorado, é um making of do reality show The Osbournes, apresentado pela MTV.
“Eu Sou Ozzy” não é apenas um livro divertido
que pode gerar boas gargalhadas em sua leitura, mas também o registro, em forma
de depoimento sincero, de um homem que se tornou uma lenda viva por seus
próprios méritos e vale a pena se ter em qualquer estante, não apenas para
deleite divertido, mas também para consulta de dados históricos da vida de Ozzy
Osbourne.
Editora Saraiva pelo selo Benvirá,
tradução de Marcelo Barbão, 384 páginas, USA 2009, São Paulo 2010.