Vindo de uma geração prolífera que não se continha no
uso de lugares undergrounds para a
realização de shows precários,
somente para a diversão pura, Clóvis
Rodrigues evoluiu como músico e como compositor. Sendo a prova viva de que
não precisa se ter diploma universitário para ser um intelectual questionador e
atualizado no que se passa no mundo e a seu redor, este caboclo amazonense
ainda tem muito sucesso a enfrentar pela vida. Seja como vocalista de uma das
bandas mais promissoras do Estado do Amazonas ou na figura carismática de um
artista popular humilde, Clóvis
evoluiu também como pessoa. Aqui presta gentilmente uma entrevista exclusiva
para o blog Orestes, onde destrincha um pouco seu legado musical.
Orestes: Sei que você já deve estar
cansado de falar a respeito, mas conte como foi a apresentação da banda Os
Tucumanus nos Estados Unidos e como foi a recepção do público norte americano em escutar uma
sonoridade jamais tocada por lá.
Clóvis Rodrigues: Tivemos três apresentações que estavam na programação,
a Lavagem Cultural da rua 46,
tipo um esquenta para o dia principal, que foi o Brazian Day, e a apresentação na casa noturna S.O.B'S. O público das duas primeiras apresentações era na maioria brazucas, fomos a única banda da
programação que tocou um repertório 100% autoral, conseguimos cativar e
envolver o público e a organização do evento na fusão de ritmos tipicamente
brasileiros com a proposta experimental dos Tucumanus, com direito a extrapolar um pouquinho o tempo estipulado
pra cada banda. rs. No S.O.B’S
uma casa de shows, conceituada por
ter no currículo passagens ilustres de artistas brasileiros como Caetano
Veloso, Gilberto Gil, o público praticamente de americanos, não foi
diferente. A música falou mais alto e todo mundo entrou na onda do "churrasco de gato" rs. Ainda teve o Central Park, os metrôs e a Time Square, e uma palinha na casa noturna Miss
Favela.
O.: O que você pensa ter faltado nesta
apresentação?
C.R.: Mais tempo! rs.
O.: Já foi divulgado que haverá uma
turnê européia do grupo. Quando acontecerá?
C.R.: Cara, não conseguimos patrocínio, mas não se descarta
a possibilidade de irmos num outro momento, e agora com o novo disco.
O.: Qual o maior problema que Os
Tucumanus estão enfrentando atualmente?
C.R.: Temos várias dificuldades. Tipo a rotina diária de
cada integrante, dificulta um pouco na agenda de ensaios, todos temos
atividades paralelas, e ainda não vivemos exclusivamente da música. O mercado
local ainda é muito escasso. A distância geográfica dos grandes centros culturais
continua sendo cruel. É claro que já foi bem mais, há uns anos atrás, mas
ninguém disse que seria fácil rs.
O.: Apesar do sucesso dos Tucumanus, de
vez em quando, você realiza alguma apresentação com sua primeira banda,
Platinados. Você pretende manter ambas paralelamente ou a mais antiga está com
os dias contados?
C.R.: A Platinados
foi o ponto de partida pra minha trajetória na musica, no rock 'n roll em especial. Mas naturalmente, ampliar os horizontes e
venho aprendendo muito. Me orgulho de ter feito o que fiz junto com meus
camaradas de banda na época, mas os tempos são outros. Manter um trabalho autoral
em Manaus é uma missão árdua. Imagina duas bandas. rs. Mas ainda componho
músicas pra Platinados, não descarto
a possibilidade de um registro inédito.
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Clóvis e sua junção expressiva de humor e deboche |
O.: Da banda Platinados há várias
canções que marcaram uma época no rock manauara.
Alguma intenção em reaver alguma para o repertório da Tucumanus?
C.R.: No primeiro CD
dos Tucumanus, o "Regional
Experimental" de 2007 tem duas canções que eram do
repertório da Platinados, "Carapuça"
e "O Jardim" e outra que não chegamos a gravar mas sempre
tocamos nas apresentações é "Tudo em Comprimidos", música
esta que a banda Alaíde Negão faz
uma versão porrada. Também pretendemos gravá-la.
O.: O que falta para o rock manauara ter o devido destaque na
mídia nacional?
C.R.: Primeiro tem que ter destaque aqui mesmo. rs. Ainda
vejo uma carência de público consumidor muito grande. Isso só dificulta que
algo relevante aconteça. Esse tão almejado destaque nacional, tem que ter um
alicerce, um porto seguro. Um outro caminho é você tentar essa projeção indo
pros grandes centros, mas aío destaque não é o do "rock manauara", e sim da Banda. Isso tem prazo de validade e o
cabôco tem que se manter. Eu só tô falando uma situação. Claro que existem
outras, mas estamos evoluindo. Temos bandas porradas aqui, com músicos super talentosos.
O.: O que você destacaria da atual cena
de Manaus?
C.R.: Tem muito trabalho bom nos vários seguimentos da música. O que de
mais novo ouvi foi Livre
Prisioneiro e Pacato Plutão.
Tudo brother! E fico feliz de ver
essa galera produzindo!
O.: Fale de seus projetos futuros.
Quais suas metas pessoais e com os Tucumanus?
C.R.: Estamos em processo de finalização do primeiro
material de qualidade, o EP "Rumo à Via Láctea" mixado, masterizado no Studio Vault em Nova York com a produção de Bruno Prestes (Several)
e participações de peso como Salomão
Rossi (Cordão do Marambáia)
e Celdo Braga (Imbaúba). Tudo muito bem pensado. Não
desmerecendo o Regional Experimental,
que abriu muitas portas pra nós, mas com quase sete anos de estrada, muita
coisa mudou. Integrantes, arranjos, melodias etc. O disco virá com
músicas do Regional Experimental
como "O Boto" e outras que
ainda não tinham sido gravadas como "Serpenteia",
"Chuveiro Natural", breve
saindo do forno. Paralelo, o Boemia
Nuclear tá rolando. Aí a parada é mais na atmosfera do samba, algumas
outras composições no bolso, e vamos nós!
O.: Deixe seus contatos e um recado
para os leitores deste blog.
C.R.: Obrigado à todos que nos acompanham, acreditam e
curtem no nosso trabalho. Pra quem ainda não conhece, dá uma sacada aê e compartilha com a
galera. Salve!
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