Um dos princípios básicos da cidadania, e até
mesmo da humanidade, é a difusão do bom senso através do compartilhamento da
boa informação. Por muitas vezes nos
encontramos em situações indignas ou injustas e simplesmente não sabemos como
agir para contornar aquilo. Não é de
hoje que a situação política/econômica/social mundial é alarmante. Isso naturalmente gera revolta popular e cabe
a cada um de nós orientar a revolta a ser canalizada, bem instruída,
pacificadora e que alcance o seu intuito, que seja ele benevolente para a
maioria como um todo. Baseado nesse
instinto que discorro abaixo um passo a passo para a realização de ações diretas.
1º
Passo: O Objetivo.
Todo questionamento tem de ter um “porquê”.
Não se pode meramente detratar. A
crítica quando não é construtiva, limita-se a ser destrutiva. Uma das maiores qualidades da humanidade é o
raciocínio que implica diretamente na construção de uma ideia a ser aplicada
visando melhorias. Você sabendo
exatamente o que você quer, consegue alcançar o aspirado com mais
facilidade. A extinção de dúvidas
promoverá a segurança para o sucesso.
Ideal que todos os protagonistas fiquem a par dos objetivos.
2º
Passo: Brainstorm.
Uma vez com o objetivo traçado, junte algumas
pessoas com afinidades para o feito, que sejam de sua confiança, e realize um brainstorm. As perguntas básicas a serem levantadas são:
“O que podemos fazer, a respeito disso?”;
“Como podemos nos manifestar
pacificamente?” e “Qual o melhor e
mais eficaz modo de manifestação?”.
Toda ideia é bem vinda e deve ser anotada ou no mínimo especulada. No final da relação, deve-se selecionar as
melhores e finalmente escolher dentre elas a que será adotada para execução,
levando-se sempre em consideração: segurança, custos, viabilidade e efetividade
(quanto aos resultados).
3º
Passo: Planejamento.
Como esta é a uma etapa delicada,
subdivide-se em outras etapas: A) Estudo
do local (também conhecido como Scouting) – onde um ou mais deverão
levantar todos os dados a respeito do ambiente no qual ocorrerá a ação. Nisso, toda informação é útil. Geografia; natureza do local; se é um local
aberto ou fechado; se há funcionários ou frequentadores; quais os horários
desses personagens; qual melhor horário de acesso; vias de acesso; iluminação;
metragem etc. Dependendo da atividade,
outras coisas a serem consideradas: se há locais para estender banners; cordas ou faixas; se há muito
ruído etc. Outro detalhe é imaginar a
ação in loco. Visualizá-la em execução com seus
protagonistas em movimento com todo o material preciso para tal. Nesta sub etapa, algumas ferramentas podem
ajudar: filmadoras; máquinas fotográficas; fotos de satélite (tiradas da internet); spray marcador; mapa; trena; binóculos;
gravadores de áudio etc. Algumas coisas
podem ser inviáveis para o momento e podem ser substituídas ou
improvisadas. Por exemplo: caso não seja
possível uma trena, é possível se ter uma noção da metragem com passos no
local; se uma máquina fotográfica chamar muita atenção, um celular pode ser
usado discretamente, encenando uma ligação etc.
Na lógica de que o sigilo é um vetor crucial para o sucesso da
empreitada (falarei mais adiante),
quem for realizar este estudo de campo, pode-se passar por turista, um
profissional prestando um serviço qualquer na área, transeunte, casal namorando
ou estudante colhendo dados para trabalho acadêmico (estudante sempre funciona). B) Compartilhamento dos dados – toda
informação coletada deve ser compartilhada com alguns membros, não precisa ser
todos (se for um grupo muito grande),
mas isso certamente pode enriquecer o planejamento com ideias tidas por outros,
com dados esquecidos e algo mais que, por ventura, venha de quem não estava no
estudo de campo. C) Desenho da ação – leve para o sentido literal. Papel, caneta, pincéis de cores diferentes e
trace a ação, as vezes sobre o próprio mapa ou foto do local. Talvez uma projeção digital em foto ou
maquete ajude. O ajuste para um tamanho
ampliado (quadro em branco, retro
projetor ou data show), pode ser explorado para melhor ilustrar a atividade,
em se tratando de muitas pessoas envolvidas.
D) Divisão de times – seria a
escolha da função de cada componente da equipe.
O que cada um fará, com quem, como, onde, com o que e quando. Neste momento saiba explorar as qualidades de
cada pessoa. Se for preciso de alguém
habilitado pra dirigir moto; se precisa de alguém que saiba nadar; alguém que
saiba andar de skate; alguém com
determinada altura; falar determinado idioma; saiba escalar; pular de para
quedas; fotografar profissionalmente etc.
Algumas características são específicas.
Tire vantagens disso. Importante
designar um Coordenador da ação, preferencialmente pessoa com habilidade em
gestão de projetos e gestão de pessoas.
Se todo o grupo for subdividido em times menores, cada time deve ter o
seu Coordenador. Crucial que todos
fiquem cientes de sua função, tire dúvidas a respeito e saiba exatamente quando
entrar em ação, como e com o que. O
sincronismo de relógios e troca de números de celular é imprescindível. Não se recomenda a participação de menores de
idade, pessoas que respondam processos judiciais ou sejam foragidos de justiça,
por pura questão legal que pode vir a prejudicar todo o plano. O porte de documento de identidade tem de ser
obrigatório. E) Brainstorm de falhas – faça (em
conjunto, óbvio) um levantamento de todo e qualquer motivo pra falha. Invente motivos de fracasso. Liste até os mais absurdos e depois disso,
passe a encontrar respostas para superar cada um. Uma vez com todas as resoluções encontradas,
o grupo saberá como sair de problemas causados por qualquer imprevisto. F)
Check list – tem de ser feito para ferramentas e procedimentos, sendo o
último organizado cronologicamente e por times.
É super importante que seja criado o check
list. Se um item for esquecido, pode
ocasionar no fracasso da ação. Muito bom
também ter sempre uma ferramenta reserva para cada item, caso a principal venha
a falhar, ser perdida na movimentação ou confiscada. G)
Análise de risco – a integridade física dos envolvidos é mais importante do
que qualquer outro fator. Cada tarefa da
ação deve ser analisada e mensurada quanto sua periculosidade. Se o grau for muito alto, deve-se abortar a
atividade ou pensar numa alternativa mais viável no sentido da segurança. H)
Análise legal – é comum ação direta comportar algum tipo de infração (invasão de propriedade privada, formação de
quadrilha, dano material etc.). Esta
tem de ser mensurada, preferencialmente consultando legislação vigente. Se for uma infração muito grave, tem de ser
repensada quanto sua execução. Não faz
sentido a manifestação pacífica se for criminosa ou incentivadora ao crime. Contudo, se tratar-se de um delito leve,
talvez valha a pena sua execução. Muito
cuidado nesta análise. Convidar um
advogado conhecido a ficar de plantão, durante a execução da ação, é a
recomendação mais sensata. Este
profissional, deverá saber antecipadamente tudo em questão, sobre a atividade,
sobre os objetivos, sobre os personagens etc.
I) Plano B – Deve existir pra
atividade como um todo e pra cada uma de suas etapas. Se possível até plano C, D, E, F etc. Quanto mais alternativas existirem, menores
serão as probabilidades de fracasso.
4º
Passo: Briefing.
Orestes passando um briefing para um grupo, antes de uma ação direta |
5º
Passo: Debriefing.
Reunião pós atividade. Também precisa da presença de todos os
envolvidos. Nela, tratar-se-á todo o
processo como um todo. Os erros, os
acertos, o porque das falhas, o que poderia ter sido melhor, o que não havia
sido pensado etc. Nesta etapa que se
firmará o aprendizado da ação. Desse
modo, com tudo apurado, fica válida a experiência para que em outra
oportunidade as falhas não se repitam, buscando assim a excelência na prática.
Recomendações:
1)
Sigilo: O fator surpresa
ainda é o melhor vetor de sucesso para um empreitada dessa natureza. No caso de detenção, todos devem ser
orientados a se firmarem como voluntários defendendo uma causa nobre, através
de um Direito Constitucional
etc. Nunca deve-se apontar um líder,
pois isso caracteriza, incontestavelmente, o crime de formação de quadrilha, artigo 288 do Código Penal Brasileiro;
2)
Contatos: Ainda no caso de
detenção, o advogado tem de ser acionado imediatamente. Portanto, todos devem conhecer o número
telefônico do profissional em questão.
Comunicação é a chave do sucesso.
O uso de rádios e celulares tem de ser explorado para a aplicação das táticas
no ato. As vezes, pode ser necessário o
uso de lanternas como sinaleiros, placas de mão etc. Qualquer boa ideia é bem vinda;
O registro é essencial para segurança dos voluntários |
Deixe a comemoração pra depois da atividade |
Legal a iniciativa de fazer um manual sobre o assunto , muitas pessoas desistem justamente por não saber o que fazer , ter alguém que as ensine é essencial para mudar o mundo .
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