Considerado justamente como um sobrevivente
de toda luxúria, que a carreira do rock
and roll pode oferecer, Keith
Richards não é apenas o guitarrista fundador dos Rolling Stones, mas também um mito, um ícone, uma lenda que caminha
a passos firmes, deixando o rastro de seu legado como músico inspirador de
gerações inteiras. Em sua autobiografia,
intitulada simplesmente de “Vida”,
expõe com muita honestidade, os vícios, as mulheres, as brigas, a infância, as
prisões, bastidores e muito mais num linguajar acessível e digno de quem
conhece o mundo da música, vive seu deleite e sabe muito bem o que está
falando.
Capa da envolvente auto biografia de Keith Richards |
Com o auxílio de um ghost writer, o jornalista James
Fox, Keith discorre toda sua
história que começa na infância pobre com as brigas de escola; contato pelo
rádio com os primeiros nomes do rock,
como Chuck Berry, Jerry Lee Lewis, Fats Domino, dentre outros; o começo da amizade com Mick Jagger, quando ambos conversavam
sobre os poucos discos que tinham acesso; os primeiros shows dos Stones, onde
ainda não ganhavam dinheiro e por muitas vezes não tinham nem o que comer; a
inspiração forçada por um amigo produtor para que a dupla começasse a compor
material próprio, em vez de ficar tocando apenas as covers de seus ídolos; making
of de praticamente todos os discos, incluindo o lendário processo do
magnífico álbum duplo de 1972, Exile on
Main Street; o conhecimento empírico das drogas; os relacionamentos,
inclusive com a polêmica Anita
Pallenberg, mãe de três de seus filhos; os acidentes que quase lhe tiraram
a vida; viagens ao redor do mundo; a carreira solo; o gigantesco show na praia de Copacabana no Rio de
Janeiro, para um milhão de pessoas; a participação no filme Piratas do Caribe, até o lançamento do último disco em estúdio
do grupo, A Bigger Bang do ano de
2005. Está tudo lá. E mais, muito mais, como os acessos de
estrelismo de Jagger, que quase
acabaram com a banda; a morte do problemático Brian Jones; fotos raras e o desmistificar de lendas que giram em
torno de seu nome, como por exemplo, a história de que ele já teria trocado de
sangue pra tentar limpar seu corpo do abuso de drogas. Tudo é dito com uma sinceridade que realmente
transparece uma personalidade forte e sapiente.
Prova disso, é o amor por sua mãe Dóris,
que chega a ser explícito, mesmo pelo motivador incentivo maternal à carreira
musical.
A ótima foto que consta na contra capa do livro |
Recomendado não só para fãs dos Rolling Stones, mas também pra quem
deseja saber um pouco mais sobre a lenda Keith
Richards, “Vida” é uma obra
apaixonada, cheia de sarcasmo bem humorado e com uma relação tênue com a
cultura pop contemporânea.
Editora: Globo;
tradução: Maria Sílvia Mourão, M. L. Fernandes e R. Rezende; lançamento: 2010; 640 páginas.